Audiência pública para discutir uso do Canabidiol será realizada em Paranaguá


Por Marinna Prota Publicado 24/08/2021 às 10h10 Atualizado 16/02/2024 às 11h02

O uso medicinal de algumas propriedades da Cannabis, nome científico para a planta que da origem a maconha, tem sido estudado no mundo todo. Algumas doenças tem mostrado, através de estudos realizados principalmente pela Universidade de São Paulo (USP), uma reação positiva a um ativo chamado Canabidiol (CBD). Por conta disso, um vereador de Paranaguá tem buscado discutir o assunto na cidade e quer viabilizar a permissão para tratamentos pelo SUS.

A sociedade e especialistas devem participar da audiência pública, proposta pelo vereador de Paranaguá, Thiago Kutz, do PP, no dia 1 de setembro, às 19h30 de maneira online, pelas redes sociais do próprio vereador, onde serão debatidos os prós e contras da liberação do Canabidiol em Paranaguá e em quais condições isso seria permitido. “Infelizmente por conta da pandemia, a audiência pública será feita de forma virtual, através das redes sociais. Mas após a fala de pessoas que nós selecionamos, vamos abrir para a participação de quem estiver assistindo. A gente vai tentar responder todas as perguntas, mas posteriormente se alguma dúvida ficar sem ser esclarecida vamos buscar com os especialistas para responder. A gente vai deixar isso disponível para todo mundo”, disse Thiago Kutz.

A audiência vai contar com a presença de especialistas, como médicos que já prescrevem medicamentos com base no CBD, pessoas que utilizam os medicamentos, advogados especialistas na área, entre outros.

“A audiência surgiu através de uma conversa que nós tivemos com uma pessoa que já fez o uso de medicamento a base de Canabidiol O relato dela foi da dificuldade que era de acessar esse medicamento. A partir disso nós fizemos uma consulta nas redes sociais, e para nossa surpresa, várias pessoas entraram em contato falando sobre essa dificuldade e dizendo que fazem o uso desses medicamentos”.

Para o deputado Goura Nataraj, do PDT, “é preciso sair do obscurantismo e preconceito, que só alimentam a violência e a exclusão. A proibição leva famílias a recorrerem ao tráfico, expondo-as a riscos e a produtos sem controle de qualidade. Os medicamentos importados, por sua vez, têm um custo alto e não há garantias de sua efetividade”.

“A gente acredita que existe muito preconceito ainda, pelas pessoas não entenderem que a finalidade é trazer qualidade de vida para as pessoas e não o que, muito se compara, com o uso recreativo. São coisas distintas e esse processo da audiência, discutir esse tema com a sociedade é importante para tirar essa visão da sociedade quando se fala em Canabidiol”, afirmou Kutz.

A liberação do uso medicinal da Cannabis é uma das bandeiras do político, que têm realizado diversas intervenções na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) buscando a regulamentação dos medicamentos. “Com a regulamentação, teremos mais associações e pacientes que poderão produzir o óleo, aumentando a diversidade, o controle de qualidade e o acesso a quem precisa. Acolher as pessoas e respeitar o direito de acesso ao tratamento é uma questão de saúde pública, segurança, economia e bom senso”, defendeu Goura.

CBD produzido no Brasil

Desde dezembro de 2019, a Anvisa autoriza empresas a solicitarem a autorização para produzirem e comercializarem o derivado da maconha no Brasil. No entanto, somente duas farmacêuticas possuem a liberação e o frasco com 6.000 mg de Canabidiol isolado custa cerca de R$ 2.300. A importação do produto torna o valor um pouco mais baixo, mas ainda muito além do potencial financeiro de muitas famílias. Por isso, a proposta é inserir a permissão no SUS, para poder atender às famílias que hoje, dependem de doação, ou não conseguem adquirir o medicamento. Atualmente, mais de 2 mil pessoas tem autorização da Anvisa para comprar, importar e usar o CBD no Brasil.