103 anos do Santuário do Rocio: uma história de fé com raízes profundas em Paranaguá


Por Assessoria de Imprensa Publicado 30/05/2023 às 09h22 Atualizado 18/02/2024 às 12h36
Edifício foi inaugurado no dia 30 de maio de 1920. Foto: Assessoria de imprensa Santuário Rocio.

O Santuário Estadual de Nossa Senhora do Rocio, que abriga a imagem oficial da Padroeira do Estado do Paraná, completa 103 anos de história. A atual edificação foi inaugurada em 30 de maio de 1920, com o estilo arquitetônico Neobarroco, desenvolvido pelo arquiteto e pintor Alfredo Andersen, considerado o “pai da pintura paranaense”.

O historiador Alessandro Staniscia, do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá, explicou que desde o achado milagroso da imagem de Nossa Senhora do Rocio, em 1648, na baía de Paranaguá, foram erigidas capelas e pequenas igrejas em devoção à Mãe do Divino Orvalho, no bairro Rocio. Com o passar dos anos e crescimento da devoção, foi necessário realizar intervenções e reformas que foram ampliando o espaço até chegar no estágio que estamos hoje.

Das intervenções mais significativas foi a de meados do século passado, em 1920, quando foi instalada a torre da igreja. E tem um detalhe que é pouco conhecido, mas a história nos retrata, que o pai da pintura paranaense, Alfredo Andersen, fez o projeto arquitetônico dessa última grande reforma que celebra 103 anos. Esse é o único projeto do arquiteto que se tem notícias, conferindo importância na dimensão histórica e artística do Brasil e do mundo“, disse.

Recentemente a estrutura da igreja passou por reformas e se modernizou. Uma das principais intervenções foi realizada em 2020, quando o presbitério (altar) recebeu uma nova pintura, com desenhos sacros e litúrgicos, que evidenciam Jesus Cristo como centro da fé católica e Nossa Senhora como intercessora em seu coração.

Outro aspecto importante do Santuário do Rocio é a localização geográfica voltada para a frente da Baía de Paranaguá. Segundo Staniscia, diversos fatores apontam para essa construção. “Nossa Senhora do Rocio, ao longo da sua devoção, é uma protetora não só dos parnanguaras, não só dos paranaenses, não só dos brasileiros, mas é uma protetora de todos aqueles estrangeiros que aportavam em Paranaguá. Veja que o santuário está de frente para o trapiche, do antigo atracadouro. Era muito comum ter estrangeiros em horário de missas aqui ou fazendo orações, eles que se sentiam acolhidos e protegidos pela Mãe do Rocio“.

A história retrata ainda que a igreja está voltada para o local onde a imagem de Nossa Senhora do Rocio foi encontrada pelo pescador Pai Berê, no século XVI. “Essa questã, da localização, se comunica em várias dimensões; primeiro, sem dúvidas, na dimensão da fé; depois na dimensão territorial. Tem todo sentido essa localização de frente para a baía, por isso que Ela é reconhecida não só por brasileiros, mas, também, por estrangeiros que se sentiam protegidos por Ela“, concluiu o historiador.

Além de fazer parte da história e da cultura do Paraná, o Santuário do Rocio está diretamente ligado ao sentimento de devoção de milhares de pessoas, especialmente dos romeiros que escolhem vir à igreja em novembro durante a festa e procissão solene dedicada a Nossa Senhora do Rocio. “Essa devoção se confunde com o sentimento da cidade, não só de fé, mas de viver a cidade“, destacou.

Foto: Santuário do Rocio

A imagem de Nossa Senhora do Rocio permanece em seu local de encontro, no bairro Rocio, após diversas tentativas de moradores da área central de Paranaguá de levá-la para a Catedral Diocesana.

Nossa Senhora do Rocio passou a ser muito venerada e ficava numa cabana para barcos, no Róssio (grafia utilizada na época). Os moradores do centro se deslocaram até o Róssio, pegaram a imagem da Santa e realizaram uma procissão de ida e vinda. Colocaram a imagem da Santa na atual catedral e, milagrosamente, no amanhecer Ela havia sumido. Desta forma, os devotos voltaram ao Róssio, pegaram a imagem, voltaram em procissão, colocaram a imagem de Nossa Senhora no altar e decidiram ficar acordados. Em um determinado momento, os fieis ouviram um grande estrondo e uma claridade enorme, neste momento, eles foram até o altar e a imagem não estava mais lá. Voltaram ao Róssio e encontraram a Santa na casinha de barcos, chegando a conclusão de que era uma vontade de Nossa Senhora do Rocio permanecer no local que foi encontrada. Sendo, para lembrar tal milagre, todos os anos se faz a procissão trazendo e levando a Padroeira do Paraná“, explicou o professor e historiador Wistuba.

Há mais de 70 anos, toda a estrutura pertencente à igreja é administrada pela Congregação do Santíssimo Redentor (Missionários Redentoristas) e faz parte do Regional Sul II da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Nos dias atuais, o complexo do Santuário do Rocio é composto por instalações ao redor da igreja, sendo as principais: a gruta de Nossa Senhora do Rocio, salão social, Praça da Fé, prédio administrativo, loja oficial e o Complexo Turístico Mega Rocio.