AMCORESPP garante resultados sociais e ambientais em Pontal do Paraná


Por Luiza Rampelotti Publicado 07/10/2022 às 18h26 Atualizado 17/02/2024 às 18h54
AMCORESPP garante resultados sociais e ambientais em Pontal do Paraná, associação de reciclável, lixo

Mesmo sem políticas públicas efetivas orientadas para a coleta seletiva, com incentivo aos projetos de reciclagem, os catadores são os grandes responsáveis pelos índices de reciclagem no Brasil. Em seu trabalho, eles realizam um serviço de utilidade pública, já que com a coleta do lixo e sua venda para a reutilização, diminuem a quantidade de materiais que, caso fossem descartados, ocupariam espaço em aterros e lixões, aumentando o volume de resíduos e impactando o meio ambiente.

São os catadores que coletam, separam, transportam, acondicionam e, às vezes, beneficiam os resíduos sólidos, transformando o que antes era visto como lixo, inútil e pronto para ser descartado, em mercadoria, com valor e uso de troca. Reunidos em cooperativas e associações, eles têm oportunidade de geração de renda para si e suas famílias.

No Litoral do Paraná, a Associação Municipal dos Coletores de Resíduos Sólidos de Pontal do Paraná (AMCORESPP) tem realizado um trabalho que tem mudado a cara da cidade. No município há 20 anos, apenas recentemente a entidade tem tido visibilidade e o necessário apoio do poder municipal, conforme a presidente da associação, Alyne Cunha.

“A gente tem um trabalho há 18 anos sendo desenvolvido em parceria com a Prefeitura, mas o apoio mesmo de gestão tem vindo apenas agora”, diz.

AMCORESPP garante resultados sociais e ambientais em Pontal do Paraná, presidente
Alyne Cunha é a presidente da associação e tem buscado parcerias para manter a AMCORESPP. Foto: Eduarda Soriani/JB Litoral


Ela conta que há pouco tempo a AMCORESPP assinou um convênio, no valor de R$ 25 mil, com a Prefeitura, para a limpeza da orla da praia. Além disso, eles já realizam a coleta seletiva e a coleta de galhos, através do pica-galho (equipamento que junta os galhos de árvores de até 30 centímetros de diâmetro, em via pública, e transforma em cepilho para ser usado na compostagem e hortas nas escolas).

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Oportunidade de renda


Atualmente, a associação possui cerca de 56 catadores cadastrados – todos recebendo um salário mínimo por mês – e ainda há oportunidade para mais pessoas interessadas em uma fonte de renda. Todos os meses, cerca de 30 toneladas de resíduos são retiradas das ruas e destinadas de forma correta.

Dentro do barracão temos 20 pessoas (fazendo a separação dos resíduos), além de outros seis contratados que fazem a coleta e mais 30 catadores nas ruas. É um trabalho bem amplo, puxado e difícil, mas é muito bacana porque a questão da educação ambiental é muito importante”, diz Alyne.

Ela comenta que o tempo todo a AMCORESPP está com vagas abertas, uma vez que a consciência ambiental vai sendo implantada e praticada diariamente pelos moradores da cidade, aumentando, assim, a quantidade de resíduos separados. Para isso, o poder municipal tem investido na educação ambiental.

Esse investimento em educação ambiental é recente, temos seis meses de trabalho efetivo, de divulgação. Portanto, a realização da separação do lixo pelas pessoas ainda é pequena, mas, aos poucos, temos visto que está acontecendo. Pontal do Sul, por exemplo, é um dos balneários que mais separa os resíduos; em Atami também há uma boa adesão”, comenta a presidente.

Chance para mudar de vida


Um dos profissionais contratados pela AMCORESPP é o motorista do caminhão pica-galho, Ronaldo Bento. Ele está há quatro meses trabalhando para a associação e confessa que “a oportunidade chegou numa boa hora”.

O coletor de resíduos Edenilson de Barros também está aproveitando a chance de trabalhar. “Essa oportunidade tem sido maravilhosa e, além disso, esse trabalho que fazemos é lindo, pois podemos ver nosso município cada dia mais limpo para que todos possam habitar com mais tranquilidade”, diz.

Ele faz parte da equipe do pica-galho, composta por seis pessoas, que também realizam a limpeza na orla. São eles que limpam as passarelas, a praia e beira-mar. “Além dos galhos, limpamos a praia. Há muitos cacos, perigos para as famílias, idosos, crianças etc. Nosso pedido é para que a população e os turistas cuidem e mantenham cada dia mais limpo o nosso espaço”, comenta.

Gabriel Gilson da Silva também trabalha na AMCORESPP, dentro do barracão. Ele está há oito anos na associação. “Faço um pouco de tudo – trabalho na coleta, na mesa, o que precisar estou fazendo”, diz.

AMCORESPP garante resultados sociais e ambientais em Pontal do Paraná, associação de reciclável, lixo
Bruna Salino está na AMCORESPP há cinco anos e conta que sua vida mudou desde que recebeu a oportunidade. Foto: Eduarda Soriani/JB Litoral

Um dos profissionais mais antigos na entidade, ele já tem muita experiência e agilidade e, com isso, se tornou o “treinador oficial” dos novos trabalhadores. Gilson sabe manusear, com facilidade, fardos de 300 kg de resíduos.

Já mudou muitas coisas dentro desses oito anos. Mudou caminhão, coleta, funcionário, o salário… e tomara que melhore mais”, comenta.

Outra funcionária “da casa” é Bruna Salino, que já está há cinco anos na associação. Ela relembra o início do trabalho na AMCORESPP e fala sobre o quanto mudou como pessoa durante os últimos anos.

Quando comecei, na verdade, eu não dava muito valor. Era bem louca, para falar a verdade. Mas depois, com o tempo, fui percebendo a importância desse trabalho. Vou para o caminhão, faço a coleta na rua, faço a triagem, ensino os meninos novos”, conta.


Meios de subsistência


Para manter a associação, a presidente revela que são necessárias parcerias com outras instituições. Segundo ela, a verba destinada pela Prefeitura, de R$ 25 mil, é utilizada para o pagamento do serviço de coleta e dos seis coletores contratados e motoristas, não suprindo todas as necessidades da entidade.

Além disso, o barracão utilizado pela AMCORESPP é cedido pelo poder municipal, bem como os caminhões de coleta. Já os equipamentos foram dados pelo Governo do Estado.

Todo o trabalho com os catadores e com as 20 pessoas no barracão é subsidiado com a venda dos recicláveis. Por isso trabalhamos muito para conseguir chegar ao mínimo de um salário por pessoa, que seria uma renda mais justa para todos”, afirma.

Esse trabalho árduo, com o objetivo de garantir renda para todos os trabalhadores, também é realizado por meio de parcerias. A AMCORESPP é uma das cinco associações escolhidas no Brasil para participar de um projeto com a Tetra Pak, com isso, a entidade recebe uma verba para a compra de caixas de leite direto do catador. Desta forma, a associação consegue pagar um preço melhor para o catador e, ainda, ter lucro.

Além disso, há uma parceria com a Eco Local – Organização Não Governamental de Santa Catarina –, que realiza a coleta seletiva nas praias do Litoral. Todo o resíduo coletado pela ONG é repassado para a AMCORESPP, que faz a separação do que é reciclável.

Com informações de ACAMAR

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