Após exposição do King Esfiha, proprietário culpa aux. de cozinha e diz que fotos foram forjadas


Por Luiza Rampelotti Publicado 23/03/2023 às 12h40 Atualizado 18/02/2024 às 07h34

No início da semana (19), fotos e publicações feitas no Facebook, através de um perfil recém-criado, agitaram os parnanguaras. Os conteúdos, que ainda estão disponíveis, são exclusivamente sobre um estabelecimento gastronômico de Paranaguá, o King Esfiha, e mostram imagens de supostas negligências cometidas pelos proprietários.

Nas fotos, é possível visualizar ratos, além do que o dono do perfil sem identificação descreve como fezes de rato, equipamentos e utensílios de cozinha sujos, fiação exposta etc. Após as postagens, que logo viralizaram na rede social, com centenas de comentários e compartilhamentos, a Vigilância Sanitária foi fiscalizar a esfiharia.

De acordo com a superintendente de Vigilância em Saúde, Marianne Gomes, foi encaminhada uma equipe ao local que realizou a vistoria e tomou as medidas cabíveis. O King Esfiha não foi lacrado, isto é, continua podendo atender normalmente, no entanto, precisa providenciar uma tela para entrada de ar e mantê-la fechada, pintar a escada, substituir uma cerâmica danificada e manter o controle de pragas no estabelecimento.

O JB Litoral procurou Abner Elias Gomes, proprietário do estabelecimento, para esclarecer se as fotos publicadas são verdadeiras ou não. Segundo ele, as imagens foram feitas no local, mas as condições mostradas não são as normais de trabalho.

Há normas e vigências para operar no município e dentro do próprio Estação Mall, os quais são dezenas de requisitos sanitários e estruturais que temos que seguir. Temos a licença sanitária atual aprovada até junho deste ano, após visita do Departamento de Vigilância em Saúde, em junho de 2022. Além disso, foi realizada a dedetização do Estação Mall no dia 13 de março, serviço este que é feito periodicamente a cada 15 dias pelo próprio shopping”, começa.

Proprietário diz que ratos podem ter sido plantados

Após apresentar as provas de que a licença sanitária está vigente, bem como de que a dedetização (contra ratos e baratas) foi feita, Abner conversou com a equipe de reportagem a respeito das fotos publicadas pelo perfil fake. Ele afirmou que há suspeitas de que os ratos tenham sido plantados e de que os responsáveis pela limpeza do local, auxiliares de cozinha, tenham, propositalmente, deixado o estabelecimento chegar ao ponto visualizado.

O proprietário disse, ainda, que nos últimos meses não estava presente presencialmente na loja, pois teve problemas pessoais, bem como ficou fora do Paraná por conta de um outro empreendimento. Para o período ausente, ele contou que contratou pessoas encarregadas pela limpeza e manutenção dos materiais utilizados durante o dia.

Houve negligência por parte de algumas dessas pessoas”, cravou. No entanto, ele avalia que, como proprietário do estabelecimento, caso não realize a supervisão da operação, os funcionários têm “tendência a falhar”.   

A pessoa que parou o tempo dela para bater aquela foto, temos quase certeza de que é um ex-funcionário, mostra um momento no qual, por ela mesmo, não teve o cuidado de fazer a limpeza ou informar que precisava de algo. As imagens não são da operação da forma que é, pois se a própria pessoa mantém limpo seu ambiente de trabalho, nunca chegaria naquele estado. Então a culpa daquele momento é da própria pessoa que bateu a foto, que deixou por livre e espontânea vontade chegar naquele ponto por conta da falta de vistoria da minha parte. Mas, por exemplo, não existe como ter um rato dentro da batedeira, se tem uma tampa. Isso é algo forjado”, disse.

Planejamento de reforma

Para Abner, as fotos revelam um período de tempo no qual ele não esteve presente na loja e essa limpeza não foi feita, formando o acúmulo de sujeira. Ele explicou, também, sobre como funciona a operação dentro do Estação Mall.

Existe uma vistoria periódica por parte da supervisão do shopping, bem como por parte da Vigilância Sanitária, Bombeiros e demais órgãos responsáveis. Há uma vistoria constante, além de todo aparato por parte do Estação Mall, contra pragas. Pagamos uma taxa de condomínio para ter sempre a segurança da limpeza, dedetização etc”, disse.

O King Esfiha do Estação Mall foi aberto em 2020, aproximadamente. O proprietário conta que, na época, os equipamentos foram instalados em estado de novo, e que as equipes que passaram pelo estabelecimento eram as responsáveis pela limpeza e manutenção de sua área de trabalho. No entanto, com o passar dos anos, ocorreram alguns danos.

Por isso, Abner revelou que fez um planejamento de reforma da loja para ser executado neste primeiro semestre de 2023, com forno novo e mesa suspensa. Ele também confessou que há fiações expostas no local, mas se defendeu dizendo que a culpa disso é dos próprios funcionários.

Segundo proprietário, as fotos publicadas foram feitas, possivelmente, por um ex-funcionário que era responsável pela limpeza da cozinha. Foto: Reprodução/Facebook

Estamos com algum equipamento com a fiação exposta. Mas é que tem a canaleta, aí não há cuidado, a canaleta cai, a empresa paga novamente, mas o funcionário derruba mais uma vez. A tampa da fiação elétrica estava instalada, por muito mau uso por parte da equipe, foi quebrada, compramos outra e foi quebrada novamente”, justificou.

A nossa maior falha foi contratar [gente] sem experiência

Ainda responsabilizando os funcionários pela conservação de sua empresa, o proprietário avaliou que sua maior falha como empresário, na atual situação exposta na internet, foi ter contratado aprendizes. “A nossa maior falha foi, nos últimos tempos, contratar e dar espaço para pessoas aprendizes, primeiro emprego, sem experiência. A gente dava o treinamento, porém, realmente, vimos que não funcionava como colaborador. Cometemos o pecado de contratar pessoas sem indicação, sem experiência no ramo, e que sob supervisão estava tudo ok, mas quando virávamos as costas, não estava nada ok”, declarou.

Atualmente, a King Esfiha do Estação Mall segue com condições normais de operação, porém, Abner decidiu não abrir a loja nesta semana. Ele contou que a decisão foi tomada devido às condições psicológicas que está enfrentando com a exposição. Além disso, afirmou que está tomando as medidas cabíveis contra os autores do perfil falso.

Vamos resolver a parte criminal desta situação, pois a exposição foi prejudicial à marca. Acionei a Justiça e a Polícia Civil para tomar as providências necessárias a respeito da difamação da minha marca e dessa empresa no Estação Mall. Fiz Boletim de Ocorrência”, disse.


O aprendizado

Sobre o aprendizado deixado pela situação, o empresário deixou claro, mais uma vez, que atribui aos funcionários à responsabilidade pela exposição da marca nesta condição. “O aprendizado que levo pra mim é que os recursos humanos é a principal ferramenta para que uma empresa não passe por situações como essa. Isto é, a boa escolha de um funcionário, indicação, tudo o que for possível para pegar um funcionário capacitado. Aprendi que não podemos, muitas vezes, sermos levados pelo coração ou situação fácil, temos que escolher pessoas capacitadas e compromissadas em seguir aquilo que sempre está escrito no curriculum: crescer com a empresa. Estamos nos preparando para dar a volta por cima, porque somos pioneiros na cidade neste ramo, e não é essa mentira que nos atacou que vai nos prejudicar”, destacou.

A loja fica localizada no Estação Mall, em Paranaguá. Foto: Divulgação

Abner está no ramo da gastronomia, com o conceito de esfiha rápida, desde 2011, quando fundou sua primeira loja. Após se separar do antigo sócio e vender sua parte deste primeiro estabelecimento, fundou, em 2014, o King Esfiha.

Segundo ele, o mais difícil no setor sempre foi encontrar mão de obra especializada, por isso, chegou a criar uma cartilha de treinamento para seus colaboradores. “Desde então, a gente vem galgando nessa função. Nosso produto sempre é de primeira qualidade. Contudo, todo mundo está sujeito a casos isolados neste ramo, mas nosso caráter empresarial sempre foi prezar pela qualidade e rapidez”, concluiu.


Saiba o que fazer se presenciar situações irregulares em estabelecimentos gastronômicos

Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde, Marianne Gomes, quem presenciar ou vivenciar situações irregulares em estabelecimentos que oferecem e lidam com o manuseio, produção e venda de alimentos e bebidas, deve se dirigir à sede administrativa da Secretaria Municipal de Saúde, na Ouvidoria, para fazer uma denúncia anônima ou não. Além disso, também é possível denunciar por e-mail, através do visa@paranagua.pr.gov.br ou, ainda, ouvidoria.saude@paranagua.pr.gov.br.

A Vigilância Sanitária fiscaliza os padrões de higiene e segurança alimentar de todo estabelecimento que oferece e lida com o manuseio, produção e venda de alimentos e bebidas. Esse controle sanitário é indispensável para que a saúde da população seja mantida ao frequentar bares, restaurantes, lanchonetes, supermercados, entre outros comércios do ramo alimentício. As informações vindas da população são de grande importância para que irregularidades sejam pontuadas e identificadas. O órgão realiza fiscalizações mesmo sem denúncias, contudo, quando uma informação chega, a equipe parte para o local indicado para tomar as medidas necessárias”, informou ao JB Litoral.

Marianne ainda deu dicas para quem decide abrir um comércio, especialmente do ramo alimentício. De acordo com ela, é necessário se preocupar com questões que estão além de oferecer um bom cardápio.

Mais que um mobiliário adequado e uma equipe de sucesso, é preciso conhecer e seguir a legislação sanitária. Atuar em conformidade com as regras é essencial para alcançar o sucesso, além de manter a saúde dos seus clientes por meio de uma alimentação adequada para consumo. A atuação da Vigilância Sanitária não é importante somente para cidadãos que consomem os produtos, mas também para os empresários que os preparam”, finalizou.