Astrazeneca ou Coronavac? Entenda as diferenças das doses que estão sendo aplicadas no litoral


Por Redação Publicado 16/04/2021 às 13h15 Atualizado 15/02/2024 às 23h13

Por Marinna Protasiewytch

As dúvidas sobre as vacinas contra o novo coronavírus são muitas. Inclusive, os próprios cientistas ainda não têm todas as respostas. Porém, o que sabemos é que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial da Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan e a Astrazeneca, feita pela Oxford e a Fio Cruz.

A pedido do JB Litoral, o infectologista, doutor Jaime Reis, explicou as diferenças das duas opções ofertadas no litoral paranaense. “No momento temos apenas dois tipos de vacina no Brasil, a Coronavac com o vírus inativado e a Astrazeneca, conhecida como da Oxford ou Fio Cruz, que trabalha com um vetor viral, quer dizer um vírus levando a proteína do coronavírus”, diferenciou.

Segundo o médico, o motivo para que exista mais do que uma opção de imunizante é simples, não há como uma só empresa atender toda a demanda mundial e, por isso, a corrida contra o tempo das farmacêuticas para conseguir resultados eficazes. “O motivo para termos vários tipos de vacina é de que não há nenhuma que consiga atender todas as necessidades de mercado e porque, no futuro, a gente vai enxergar a diferença de indicação de uma e de outra. Isso não é exclusivo de Covid, temos mais de um tipo de vacina para pneumonia, meningococo, para a influenza, isso sempre aconteceu até para poder atender todo o mercado”, exemplificou.

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Somente as vacinas da AstraZeneca e da CoronaVac estão autorizadas para distribuição e aplicação no litoral

Gianfrank Julian Tambosetti, coordenador da Sala de Situação da Secretaria Municipal de Saúde de Paranaguá, conta que “o intuito é vacinar o maior número de pessoas contra a Covid-19. Todos os imunizantes aprovados pela Anvisa, que sejam disponibilizados, serão oferecidos à população por meio do Ministério da Saúde”.

Diferença de intervalo de aplicação

Para os especialistas, a diferença entre a aplicação da primeira dose e da segunda é simples. Cada farmacêutica utiliza um método para criar o imunizante, sendo assim, o organismo humano tem um tempo para se recuperar da primeira carga viral para a segunda.

“A Coronavac trabalha normalmente com o período de três semanas, variando entre 14 a 28 dias. Já a Astrazeneca trabalha com um período maior de intervalo, em torno de dois a três meses.  Porque são esquemas vacinais diferentes e como há um vetor viral, há a necessidade de criar uma imunidade em um tempo maior para que a segunda dose faça seu efeito”, detalhou Jaime Reis.

A prefeitura de Paranaguá, por exemplo, adotou o espaçamento de pelo menos 25 dias, para que, além do período considerado ideal pelos cientistas, a questão de logística também seja atendida. “Vamos adotar a orientação Estadual, desta forma, ressaltamos à população que se mantenha atenta ao indicado em sua carteira de vacinação. A pessoa pode buscar a segunda dose pela data apresentada no documento ou 25 dias após ter recebido a primeira dose”, informa a secretária municipal de Saúde, Lígia Regina de Campos Cordeiro.

Período de imunização

Assim como o vírus da gripe, o Sars Cov 2, nome científico da Covid-19, também possui o poder de mutação. Como sabemos, existem variantes circulando por todo o litoral, o que inclusive tem causado o aumento dos casos de infecção pelo novo coronavírus. Sendo assim, a expectativa é de que a vacina para a Covid-19 deve ser aplicada com certa frequência.

“O período de imunização está sendo avaliado ainda, porque nós não temos tempo de acompanhamento. O que nós sabemos é que pelo menos 6 meses é a durabilidade dessa imunização após as duas doses. Provavelmente, a vacina vai durar pelo menos um ano, se ela vai durar mais, isso nós não tivemos tempo de acompanhamento para poder responder essa pergunta. A impressão é que serão necessárias novas vacinas ou reforços nos próximos anos, porém a frequência disso ainda é uma pergunta em aberto”, contou o infectologista.

Apesar da duração não ser eterna, a vacinação é considerada um método eficiente, já que mesmo aqueles que contraírem o vírus, após serem imunizados pela vacina, devem sofrer apenas sintomas leves, evitando os internamentos.

Eficácia x Eficiência

Para entender como o imunizante é visto pelas autoridades sanitárias, é necessário também saber que há uma diferença entre a eficiência e a eficácia. A eficiência da Coronavac, por exemplo, é de 100% contra casos graves, o que significa que aqueles que tomarem a vacina não devem desenvolver quadros que levem à morte. Já a sua eficácia global, divulgada pelo Instituto Butantan é de 50,38%, ou seja, quem recebe o imunizante tem metade da probabilidade de pegar o vírus caso entre em contato com ele.

Segundo a Fio Cruz, a Astrazeneca possui uma eficácia global de 82,4%, e uma eficiência de 100% contra casos graves da Covid-19. No entanto, é importante salientar que a população e nem mesmo os órgãos de saúde podem escolher qual vacina será aplicada. A distribuição e aplicação ocorre de maneira randômica e conforme a confecção e distribuição das doses.

“Mesmo que fosse uma proteção bem curta, com o tanto de pessoas que estão sendo internadas e morrendo, essa é uma ferramenta muito preciosa. Se você imaginar que pessoas estão morrendo todo dia, é um baita de um reforço mesmo que ele não seja por um período total”, finalizou o médico Jaime Reis.