Com a proximidade do Dia de Finados, Prefeitura de Paranaguá alerta para prazo de manutenção dos túmulos


Por Flávia Barros Publicado 23/10/2022 às 14h23 Atualizado 17/02/2024 às 19h53
tumulo gilberto

Um milênio ou um século, há divergências sobre quando o dia 2 de novembro passou a ser uma data em que se concentram as homenagens aos entes queridos que já morreram. Embora já marcado como Dia de Finados há décadas, no Brasil, essa data só foi oficializada como feriado nacional há 20 anos, em 2002, com a Lei 10.607 de 19 de dezembro daquele ano. E é justamente nesse dia que se intensificam as visitas aos túmulos em todo o país, aquecendo um mercado que apenas quem faz parte dele conhece a dimensão, que vai desde a formalidade, com os produtores de flores, à informalidade, como aqueles que revendem artigos para a data, até os prestadores de serviços autônomos; aquelas pessoas que cuidam da limpeza e conservação dos túmulos.  

PRAZOS


Em Paranaguá, a Prefeitura reforça que as limpezas dos túmulos para o Dia de Finados podem ser feitas até a próxima segunda-feira (31), todos os dias da semana, das 7h às 18h.

A secretaria municipal de Meio Ambiente (Semma) administra os cinco cemitérios municipais: Nossa Senhora do Carmo; São Benedito; Ilha dos Valadares; Cemitério de Alexandra e no Rio das Pedras. Todos eles irão funcionar das 7h às 18h, sem fechar para o almoço, no Dia de Finados. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (41) 3420-2923, que funciona tanto como número fixo como WhatsApp.

“Aprendemos com a nossa mãe e virou uma missão da família”


E quem já foi a algum cemitério pôde perceber que sempre tem alguém limpando e organizando o espaço de cada túmulo, cuja responsabilidade fica por conta da família daquela pessoa que faleceu e tem ali a última morada. É uma prestação de serviço que possibilita a manutenção dos túmulos sempre limpos e também a geração de renda para muitas famílias parnanguaras, uma delas é a do Jefferson Cruz, de 38 anos. Ele conta que tudo começou com a mãe, Dona Maria, há mais de 20 anos, quando era funcionária do ex-vereador Alceu Maron, falecido em 2017, e ela foi limpar um túmulo da família dele, a pedido do patrão. 

tumulo gilberto
Foto: divulgação

“Ela fez a limpeza do jeito dela, e quem estava passando por lá gostou do que ela estava fazendo, então as pessoas começaram a pedir para que ela também fizesse a limpeza em outros túmulos. Com o tempo, ela começou a levar a mim e minhas duas irmãs para que, pelo menos, fizéssemos companhia para ela. Depois de um tempo também comecei a aprender e a fazer a limpeza dos túmulos, minhas irmãs também. Quando minha mãe faleceu há quatro anos eu falei com os clientes dela e eles aceitaram que eu continuasse no seu lugar, então assumi os dela e continuei com os meus”, contou ao JB Litoral.

Jefferson tem um emprego fixo como auxiliar de produção e a esposa dele, de 28 anos, como vendedora externa, mas ambos chegam a tirar quase a mesma renda que têm no emprego com o serviço de limpeza nos túmulos. “Nós somos casados há 10 anos, temos dois filhos lindos e eu já trabalho direto com a limpeza dos túmulos há quase 15 anos. Nós dois vamos toda sexta-feira e sábado no Nossa Senhora do Carmo. Na sexta chegamos por volta das 16h, quando saímos dos nossos trabalhos. Aí ficamos lá até fechar e voltamos no sábado. Somos em cerca de 15 pessoas fazendo esse trabalho lá no cemitério, tem gente que está há mais tempo do que eu. Continuamos o legado da minha mãe, que fazia com muito zelo e ficava feliz em ver tudo limpo e organizado”, relatou o auxiliar de produção.

MOVIMENTO X PREÇOS


O parnanguara que passou mais da metade da vida indo ao cemitério e cuidando com carinho dos entes queridos de outras pessoas ainda contou que tem os clientes fixos, que fazem os pagamentos por mês, mas também aqueles que os procuram apenas em datas especiais.

O Dia de Finados é o mês que mais aumenta serviço pra gente. Depois tem as outras datas comemorativas, como Dia das mães, Dia dos pais, ou em aniversário de vida ou de morte, aí os parentes procuram a gente para fazer a limpeza. Eu faço só aqui na Nossa Senhora do Carmo, mas quando vêm aqui e pedem para irmos fazer a limpeza em túmulos de outros cemitérios, nós vamos também. Os valores dependem do tipo de túmulo, do tamanho, se tem placa ou não, então varia até R$ 50. Tem uns que são bem maiores, que também pagam até um pouco a mais, porque a gente também tem um custo, nós que compramos todos os produtos e itens necessários para fazer a limpeza e conservação. E teve algo bem legal que não precisei conversar com os meus clientes, eles mesmos tiveram a consciência de que tudo ficou mais caro e já aumentaram o valor, fiquei bem feliz, é um reconhecimento ao nosso trabalho”, disse Jefferson.

TABELA INFORMAL


Como é um trabalho informal, sem qualquer tipo de cadastro dos trabalhadores ou tabela de preços, eles mesmos estipularam uma espécie de código de conduta e valores.

“Cada um é livre para se organizar e ter os seus clientes, mas se chegar alguém querendo cobrar um valor muito diferente gera briga, porque já vieram pessoas cobrando um valor bem baixo, o que gera reclamação, então tem uma média de valor que a gente costuma cobrar, apesar de cada um trabalhar do seu jeito”, explicou ao JB Litoral.

Questionado sobre ainda ter vaga na agenda, Jefferson garantiu que sim. “Claro! Quem tiver interesse em limpeza, pode nos procurar, perguntar pelo filho da Dona Maria, que todo mundo já conhece, vai ser muito bem atendido e ter o túmulo bem limpinho”, finalizou com a alegria de quem encara a atividade para além de uma renda complementar, o zelo pelos lugares onde estão pessoas que já foram tudo na vida de outras.

Quem precisar dos serviços do Jefferson, pode entrar em contato com ele pelo telefone (41) 99908-9356.