Com mais de mil hectares, Guaraqueçaba é principal produtor de palmito pupunha do estado


Por Marinna Prota Publicado 20/09/2021 às 11h58 Atualizado 16/02/2024 às 13h48

Na busca pela preservação da espécie de palmito Juçara, as autoridades do meio ambiente fizeram a implantação de uma nova cultura no litoral paranaense nas últimas décadas. Com isso, Guaraqueçaba se tornou a principal produtora da pupunha, detendo cerca de 80% das plantações do estado do Paraná. Agricultores da região contam como tem sido o trabalho e o equilíbrio com a preservação do meio ambiente.

A plantação da pupunha é a principal fonte de renda da família de Toninho Rosa, que mantém em conjunto uma plantação de banana em consórcio com o palmito. “Eu tiro cerca de R$ 2 mil com o palmito e mais R$ 500 com a banana, uma renda garantida todo o mês. Também produzo outras coisas em menor escala, mais para o consumo, como açafrão, batata, mandioca, inhame e verduras”, conta.

Na propriedade de Francelino Cogrossi, na região de Potinga, toda a produção é orgânica, certificada pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). Da propriedade de cerca de 10 hectares, 2 são reservados para a pupunha, e o restante se divide com o plantio de diferentes variedades de banana, cará, aipim, inhame e batata-doce – além da mata nativa, é claro.

Parte dessa produção é vendida em uma cantina que ele mantém na beira da PR-405, o acesso terrestre para Guaraqueçaba. O palmito, porém, tem destino certo para uma das nove fábricas instaladas no Litoral, que transformam o miolo da pupunha em conserva, para ser comercializado no Paraná e em São Paulo.

A área que Francelino vive e produz sempre pertenceu à família, que buscou prezar pela agricultura orgânica. “Antes de a estrada ser aberta, nos anos 1960, a gente nem conhecia veneno ou adubo químico”, lembra o agricultor, que diz que o manejo da pupunha também entrou nesse processo. “Depois de plantar, a manutenção dela é igual à da banana. Eu não uso agrotóxico nenhum, tenho certificado orgânico, faço só a roçada, limpo as touceiras. Cada vez que roça, o mato que apodrece ali vira adubo para a terra”, explica o agricultor.

“Desde o início, fomos orientados pela Emater para o sistema de cultivo, mantendo o espaçamento entre as árvores. Se ficar muito junto, no refilho ela folheia muito e fica fininha, uma planta disputa com a outra. Se for muito espaçado, o trabalho para a roçada é maior”, ressalta. “Tenho 2,5 mil pés e não pretendo aumentar, já dão um rendimento bom”.

Produção de pupunha em números

Na região, a média de área cultivada é de três hectares por família. Só no ano passado, 11,2 mil toneladas de pupunha foram produzidas, com um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 33,6 milhões. Há cerca de 10,1 milhões de pés de pupunha plantados na região. Maior produtor do Estado, Guaraqueçaba responde, na comparação com outros municípios do Litoral, por mais de um terço dessa cultura. A área plantada foi de 1.157 hectares, com mais de 4 mil toneladas produzidas no ano passado e o VBP de R$ 12,15 milhões. São quase 500 famílias envolvidas no cultivo.

“Levando em conta que cada propriedade tem em média três pessoas, 1.500 moradores de Guaraqueçaba trabalham com a pupunha, 20% da população do município. Temos pupunha produzindo há 25 anos no Litoral, desde quando iniciamos a pesquisa. A colheita pode ser feita em qualquer época do ano, apesar de no inverno o rendimento ser um pouco menor. A planta é também muito precoce, o primeiro corte pode ser feito em 18 meses, enquanto que a juçara leva seis anos para produzir palmito, e uma única vez”, conta o engenheiro agrônomo Sebastião Bellettini, do Núcleo Regional de Paranaguá do IDR-Paraná, responsável pelo estudo que introduziu a cultura da pupunha na região.

Com informações da AEN