“De volta para a minha terra”, serviço do SEMAS trabalha ressocialização de moradores de rua
Em mais uma reportagem da série especial do JB Litoral, retratamos um dos serviços da Secretaria Municipal de Assistência Social de Paranaguá. Nesta edição, a reportaram apresenta os benefícios tanto para o morador de rua quanto para a sociedade como um todo, pois retira das ruas da cidade e reintegra o cidadão para o convívio familiar e social.
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Segundo a secretária de Assistência Social, Gisele Cristina Silva, hoje, existem três serviços, diretamente ligados às pessoas em situação de rua. “Atendimento, acolhimento e abordagem. Os dois primeiros estão concentrados em um ambiente lá na Costeira. O serviço de abordagem, especificamente, é realizado por uma equipe que circula na cidade, eles conversam com as pessoas em situação de rua para tentar aproximá-las dos serviços disponíveis, tanto os ofertados pela Assistência como de outras Políticas Públicas Setoriais”, explicou Gisele.
Dentro dessas três frentes, existe o recurso “de volta para a minha terra”, um trabalho voltado à ressocialização dos moradores de rua e, mais do que isso, direciona a pessoa para a sua cidade de origem. “Importante destacar que as técnicas fazem esse trabalho, de entrar em contato com a família. Muitos a gente conseguiu encaminhar novamente para casa e reconstruir esse vínculo que já havia sido perdido. Porque entram no vício e depois se sentem envergonhados de voltar ao lar, por mais que queiram. Eles pensam que a família não vai mais aceitar e acabam ficando na rua mesmo”, destacou Cinthia Moretti, assistente social do Departamento de Vigilância Socioassistencial da SEMAS.
“Por isso é importante este trabalho, de resgatar esse vínculo e mostrar que a família também é responsável por ele sim”, pontuou a assistente social. O programa já atendeu dezenas de pessoas e é utilizado somente com aquelas que possuem núcleo familiar e propósito para o retorno ao antigo círculo social.
No entanto, o perfil dos moradores de rua de Paranaguá é extremamente complicado, já que, segundo números da própria SEMAS, são cerca de 150 pessoas em situação de vulnerabilidade, que estão cadastradas na secretaria, e a maior parte delas possui vícios que envolvem o consumo de drogas ilícitas ou álcool.
Para que o serviço de direcionamento, da pessoa em situação de rua para a sua terra natal, seja feito, o trabalho começa com “o contato com a família, com alguém que ofereça vaga de emprego. É um trabalho feito com propósito, de outra maneira seria algo até criminoso, como uma higienização social, isso a gente não faz. Até porque, se eles vão sem propósito a chance de eles voltarem é enorme. Então tentamos trabalhar do início ao fim”, pontua Gisele Cristina Silva.
“Durante esta pandemia, tivemos relatos incríveis, de gente que estava há 8 anos na rua e que voltou para casa. Que conseguiu superar essa fase. Tem gente trabalhando, alguns casaram e passaram a ser acompanhados”, disse a secretária.
Parnanguaras são solícitos, mas perfil do morador de rua é outro
Segundo as representantes da SEMAS, o perfil de pessoas que perdem o emprego não é o que permanece em situação de rua, por conta da solidariedade do parnanguara. Sendo assim, a ajuda vem de diversas formas, seja com o oferecimento de oportunidades de emprego, moradia solidária ou até doações de roupas, calçados e comidas.
“Essa visão romântica dessa pessoa que perdeu emprego, isso é difícil acontecer. Porque o parnanguara, ele é extremamente solidário. A gente vê nas redes sociais, que se a pessoa está na rua, porque foi despejada, já gera um ciclo de ajuda, com cesta básica, lugar para ficar. Por isso, a maior causa de situação de rua em Paranaguá é o vício e os conflitos familiares dele decorrentes”, exemplifica a secretária da pasta.
“A maioria são pessoas sozinhas. Às vezes a família já não quer mais ou até a pessoa não quer a cobrança, se desvincula totalmente do ciclo familiar e vai viver na rua. Esse sim, é nosso público de 98%”, concluiu Gisele Cristina Silva.
O serviço de contato e promoção do retorno das pessoas para suas respectivas cidades é feito pela SEMAS, por intermédio de uma pesquisa, atendimento e triagem, tudo realizado pelas técnicas, que identificam os perfis que podem ser atendidos. O número de pessoas enviadas para outros municípios não foi divulgado.