“De volta para a minha terra”, serviço do SEMAS trabalha ressocialização de moradores de rua


Por Marinna Prota Publicado 10/09/2021 às 14h07 Atualizado 16/02/2024 às 12h54
Centro Pop Paranaguá

Em mais uma reportagem da série especial do JB Litoral, retratamos um dos serviços da Secretaria Municipal de Assistência Social de Paranaguá. Nesta edição, a reportaram apresenta os benefícios tanto para o morador de rua quanto para a sociedade como um todo, pois retira das ruas da cidade e reintegra o cidadão para o convívio familiar e social.

Segundo a secretária de Assistência Social, Gisele Cristina Silva, hoje, existem três serviços, diretamente ligados às pessoas em situação de rua. “Atendimento, acolhimento e abordagem. Os dois primeiros estão concentrados em um ambiente lá na Costeira. O serviço de abordagem, especificamente, é realizado por uma equipe que circula na cidade, eles conversam com as pessoas em situação de rua para tentar aproximá-las dos serviços disponíveis, tanto os ofertados pela Assistência como de outras Políticas Públicas Setoriais”, explicou Gisele.

Dentro dessas três frentes, existe o recurso “de volta para a minha terra”, um trabalho voltado à ressocialização dos moradores de rua e, mais do que isso, direciona a pessoa para a sua cidade de origem. “Importante destacar que as técnicas fazem esse trabalho, de entrar em contato com a família. Muitos a gente conseguiu encaminhar novamente para casa e reconstruir esse vínculo que já havia sido perdido. Porque entram no vício e depois se sentem envergonhados de voltar ao lar, por mais que queiram. Eles pensam que a família não vai mais aceitar e acabam ficando na rua mesmo”, destacou Cinthia Moretti, assistente social do Departamento de Vigilância Socioassistencial da SEMAS.

“Por isso é importante este trabalho, de resgatar esse vínculo e mostrar que a família também é responsável por ele sim”, pontuou a assistente social. O programa já atendeu dezenas de pessoas e é utilizado somente com aquelas que possuem núcleo familiar e propósito para o retorno ao antigo círculo social.

No entanto, o perfil dos moradores de rua de Paranaguá é extremamente complicado, já que, segundo números da própria SEMAS, são cerca de 150 pessoas em situação de vulnerabilidade, que estão cadastradas na secretaria, e a maior parte delas possui vícios que envolvem o consumo de drogas ilícitas ou álcool.

Para que o serviço de direcionamento, da pessoa em situação de rua para a sua terra natal, seja feito, o trabalho começa com “o contato com a família, com alguém que ofereça vaga de emprego. É um trabalho feito com propósito, de outra maneira seria algo até criminoso, como uma higienização social, isso a gente não faz. Até porque, se eles vão sem propósito a chance de eles voltarem é enorme. Então tentamos trabalhar do início ao fim”, pontua Gisele Cristina Silva.

“Durante esta pandemia, tivemos relatos incríveis, de gente que estava há 8 anos na rua e que voltou para casa. Que conseguiu superar essa fase. Tem gente trabalhando, alguns casaram e passaram a ser acompanhados”, disse a secretária.

Parnanguaras são solícitos, mas perfil do morador de rua é outro

Casos de sucesso promovem ressocialização e retorno de indivíduos para suas cidades e convívio familiar. Foto: Diogo Monteiro/JB Litoral

Segundo as representantes da SEMAS, o perfil de pessoas que perdem o emprego não é o que permanece em situação de rua, por conta da solidariedade do parnanguara. Sendo assim, a ajuda vem de diversas formas, seja com o oferecimento de oportunidades de emprego, moradia solidária ou até doações de roupas, calçados e comidas.

“Essa visão romântica dessa pessoa que perdeu emprego, isso é difícil acontecer. Porque o parnanguara, ele é extremamente solidário. A gente vê nas redes sociais, que se a pessoa está na rua, porque foi despejada, já gera um ciclo de ajuda, com cesta básica, lugar para ficar. Por isso, a maior causa de situação de rua em Paranaguá é o vício e os conflitos familiares dele decorrentes”, exemplifica a secretária da pasta.

“A maioria são pessoas sozinhas. Às vezes a família já não quer mais ou até a pessoa não quer a cobrança, se desvincula totalmente do ciclo familiar e vai viver na rua. Esse sim, é nosso público de 98%”, concluiu Gisele Cristina Silva.

O serviço de contato e promoção do retorno das pessoas para suas respectivas cidades é feito pela SEMAS, por intermédio de uma pesquisa, atendimento e triagem, tudo realizado pelas técnicas, que identificam os perfis que podem ser atendidos. O número de pessoas enviadas para outros municípios não foi divulgado.