Especialistas exigem que ciclovias sejam inclusas em novos contratos de pedágio
Por Marinna Protasiewytch, com informações da ALEP
A Frente Parlamentar sobre o Pedágio da Assembleia Legislativa do Paraná, realizou remotamente na última quinta-feira (22) uma audiência pública para discutir soluções para o novo modelo de pedágio no estado, incluindo a nova concessão da rodovia BR 277, que corta o estado e termina no litoral paranaense, em Paranaguá. Na ocasião, especialistas em mobilidade urbana e ciclomobilidade levantaram questões pertinentes junto às rodovias.
Na audiência foram apresentados dados do modelo atual de pedágio, que projetam um desconto limitado em 17% do valor, o que pode representar no futuro uma tarifa com o valor que pode chegar a 80% dos preços praticados atualmente. A apresentação mostrou ainda que o modelo inclui o chamado degrau tarifário, que representa o aumento da tarifa compulsoriamente em até 40% após a realização das obras e duplicações.
“Essa foi uma semana preocupante porque o Ministro da Infraestrutura, depois de fazer um leilão de uma rodovia entre Tocantins e Goiás, voltou a falar do modelo híbrido e a taxa de outorga. Temos no estado duas concessionárias que confessaram crimes, não realizaram obras e fizeram acordos de leniência. E foram essas concessionárias que participaram desse leilão no Tocantins e em Goiás. Então precisamos continuar na luta para termos no Paraná um modelo mais barato e com obras de infraestrutura”, comentou o deputado Luiz Carlos Romanelli (PSB), primeiro secretário da Assembleia.
Ciclomobilidade
O novo modelo de concessão proposta pelo Governo Federal prevê apenas 73 quilômetros de ciclovias, sendo essa a extensão nos dois sentidos das rodovias. Ou seja, a extensão real das ciclovias será apenas a metade do apresentado. Ainda de acordo com o novo contrato, essas ciclovias serão apenas construídas em sete cidades, sendo que dois, dos seis lotes de licitação, não contarão com novas estrutura cicloviárias.
O deputado Goura (PDT) apresentou números de atropelamentos em rodovias paranaenses no ano passado. Segundo números apresentados, em 2020 o estado registrou 1.337 mortes em decorrência de acidentes de trânsito, sendo 17,57% pedestres e 4,41% de ciclistas.
“Fizemos uma representação junto à ANTT apresentando demandas para a ciclomobilidade. Queremos que as concessionárias apresentem dados em tempo real sobre acidentes, dados sobre circulação de ciclistas e iluminação pública, principalmente nas entradas e entroncamentos. Queremos também pontos de apoio aos ciclistas. Solicitamos corredores ecológicos, para salvar os animais silvestres nas travessias de rodovias, e ainda levantamento de dados sobre a fauna de cada região onde tiver uma praça de pedágio”, explicou o parlamentar.
As discussões sobre o tema devem continuar sendo realizadas pela Frente Parlamentar, até a decisão definitiva do modelo de concessão para as novas outorgas de direto de exploração das rodovias paranaenses.