Estudantes do Instituto de Educação Dr. Caetano Munhoz reivindicam restauração do prédio histórico


Por Amanda Batista Publicado 13/07/2023 às 11h22 Atualizado 18/02/2024 às 16h52
Instituto escola

O edifício do Instituto Estadual de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha, em Paranaguá, é considerado um dos marcos da educação no Paraná, seja por seu estilo neoclássico ou pela preservação do modelo original após 96 anos desde sua construção. De lá para cá, o prédio passou por inúmeros problemas estruturais até chegar ao estado atual: em obra, mas longe da restauração almejada pela comunidade escolar.

O início dos anos 2000 marcou a última vez em que o local passou por uma restauração completa, desde o assoalho às obras de arte e afrescos originais. Nesse período, o edifício teve que ficar “oco” para realização da obra que custou R$ 598 mil aos cofres públicos. Na inauguração, em 5 de março de 2001, o então governador Jaime Lerner (em memória) destacou a importância do prédio histórico não só para Paranaguá, mas para todo o estado.

Restaurar um colégio como o Caetano Munhoz da Rocha é resguardar a história do Paraná. É um ato de respeito pela educação. Nós avançamos à medida em que evoluímos em autoestima e em respeito pelos nossos valores históricos“, afirmou o ex-governador, que faleceu em maio de 2021.

Passados 22 anos, a comunidade escolar clama por uma nova restauração. A ausência de manutenção periódica é o principal motivo para a deterioração das esculturas em gesso, do apodrecimento e buracos no forro e na escada, é o que afirma a aluna Maria Clara Lee Viana, do 4º ano do Magistério.

“Mesmo com a reforma do telhado, ainda há goteiras em todas as salas; a escada fica molhada e escorregadia quando chove; as portas não fecham corretamente; não há ventiladores para o calor e passamos meses no frio com a retirada das janelas. Se fizessem os reparos quando os problemas surgissem, não precisaríamos passar por isso”, ressalta a aluna.

Para a monitora Beatriz Pereira, do 4º ano do Magistério, o fato do prédio ser tombado pela Coordenação do Patrimônio Cultural do Paraná (CPC) é utilizado como desculpa para que cada manutenção leve anos para ser aprovada e meses para ser concluída. A aluna argumenta que, se não fosse o uso do prédio pela comunidade escolar, ele poderia estar abandonado como outros edifícios da cidade.

Nós sentimos um descaso muito grande do Governo com nossa escola. Parece que ela não é prioridade, que a reforma do prédio não vale o investimento, e sempre usam o fato de ser tombado para demorar a fazer reparos. Enquanto isso, nosso prédio continua se perdendo com o desgaste do tempo”, ressalta a aluna.


Reivindicação surtiu efeito, mas não solucionou todos os problemas


Em dezembro de 2022, a comunidade escolar conquistou a reforma do telhado e restauração de algumas das portas e janelas do edifício, de acordo com o Pregão eletrônico 204/2022, no valor de R$ 269,3 mil.

O telhado, que apresentava problemas há 16 anos, já foi completamente reparado. As melhorias, iniciadas em março deste ano, têm previsão de conclusão em outubro. Segundo a diretora Rosemary Liberatto, a reforma foi essencial para manter a escola em funcionamento.

Apesar da melhoria, o professor Althair Candido de Castro Júnior, que atua no Instituto de Educação há 25 anos, conta que a obra deixou a desejar porque a estrutura de escoamento da água não foi trocada.

Temos um encanamento muito estreito e antigo que passa por dentro das paredes. Muitas vezes, ele fica entupido com sujeira, ninho de pássaros e até aves que morrem e caem dentro. Então, fizeram um telhado maravilhoso, mas sem o escoamento eficiente, e a água transborda para dentro do forro. É o que ainda está acontecendo”, explica o professor.

Para Althair, enquanto o prédio funcionar como Instituto de Educação, há esperança de uma nova restauração. “Nós defendemos este prédio porque ele nasceu como um colégio, já abrigou figuras marcantes na história do Paraná e hoje segue como um instituto formador de educação e caráter para nossa sociedade”, salienta.

Restauração custaria milhões


Conforme o chefe da Coordenação do Patrimônio Cultural do Paraná (CPC), Vinício Bruni, projetos de restauro têm um custo elevado, com valores estimados entre R$ 5 e R$ 6 milhões. No caso de uma recuperação total, o valor ultrapassa os R$ 16 milhões.

É possível afirmar que, se houvesse recursos financeiros disponíveis, as intervenções já teriam sido realizadas. No entanto, nossa responsabilidade é fiscalizar e solicitar que sejam tomadas as devidas providências. Se os alunos constataram esses problemas, eles podem denunciar na ouvidoria da Coordenação“, destaca o gestor.

Resposta do Estado


Em nota, o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar) informou que realizou uma visita ao Instituto de Educação em maio de 2023 e determinou a implementação de obras para a correção de problemas estruturais no edifício da escola. Elas abrangem todos os pontos identificados como passíveis de reforma – janelas, vidraçaria, telhado (cobertura de goteiras) e pavimentos das varandas. As melhorias devem ser concluídas até o mês de agosto.