Família que perdeu tudo em incêndio tem a oportunidade de recomeçar com apoio do Aluguel Social


Por Luiza Rampelotti Publicado 12/09/2023 às 17h02 Atualizado 18/02/2024 às 23h10

Há momentos na vida em que a trajetória de uma pessoa se vê marcada por desafios que parecem insuperáveis. A história da auxiliar de cozinha Viviane Gonçalves da Rocha, moradora da Ilha dos Valadares, em Paranaguá, é uma dessas marcadas pelas adversidades.

No início de 2023, um incêndio transformou sua vida. Era dia 2 de janeiro quando Viviane estava celebrando o ano novo com o filho caçula, Pedro, de 16 anos. Em um instante, sua casa se transformou em cinzas e destroços, deixando mãe e filho apenas com as roupas que vestiam.

Foram momentos difíceis que passei. Não é fácil construir algo e, do dia para a noite, em questão de segundos, perder tudo aquilo que levou praticamente uma vida toda para construir“, relembra Viviane.

Assim que retornavam para casa, após dias felizes e de celebração, foram avisados por vizinhos que o imóvel da família estava pegando fogo. No início, ela achou que fosse uma brincadeira, mas quando chegou em frente à residência, entrou em estado de choque.

Eu nem lembro muito bem do dia, só que quando vi minha casa naquele estado, pegando fogo, corri muito e pedi ajuda”, diz.

A casa na qual Viviane morou com a família por 23 anos pegou fogo em 2 de janeiro. Foto: Arquivo pessoal

Ela viu o lar em que viveu por 23 anos, constituiu família e criou três filhos, se transformar em um escombro que não poderia mais ser habitado. Além disso, o incêndio trouxe consigo um mistério não resolvido, já que todos os seus pertences foram roubados antes das chamas se alastrarem.

Roubaram roupas, tênis, roubaram toda a comida que estava no armário, panelas. Fiz um Boletim de Ocorrência sobre a situação, porque tinha uma desconfiança de que foi um incêndio criminoso, mas até hoje não aconteceu nada”, lamenta Viviane.

Apesar da tristeza, a determinação e a solidariedade lhe trouxeram esperança. Familiares se uniram para oferecer apoio, amigos se mobilizaram para contribuir com recursos e uma rifa, organizada por uma prima, arrecadou fundos para ajudar com o aluguel durante três meses.

Aluguel Social


Ao longo dos oito longos meses em que ela ficou vivendo de casa em casa, contando, também, com o favor de pessoas, Viviane encontrou um raio de esperança nos programas sociais oferecidos pela Prefeitura de Paranaguá. Ela descobriu que o Poder Municipal poderia contribuir com o Aluguel Social, através da Lei Municipal nº 3.150/2011, que regulamenta a concessão de benefícios eventuais no âmbito do município.

A secretária municipal de Assistência Social, Ana Paula Falanga, explica que “o Aluguel Social foi criado com a finalidade de garantir condições mínimas, em razão de uma situação de alta vulnerabilidade ou catástrofe, para tutelar o direito fundamental à moradia, na medida em que visa conceder auxílio financeiro a pessoas que não possuam nenhum imóvel, e tenham como única renda o Bolsa-Família”.

A lei determina que o valor do benefício é de um salário-mínimo nacional. Além disso, em 2022, a legislação foi alterada para incluir como público-alvo, também, mulheres vítimas de violência doméstica. Para solicitar o auxílio, a família requerente precisa passar pela avaliação técnica do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), que fará a análise dos casos e verificará a necessidade de cada situação de acordo com os critérios estabelecidos na lei.

O Aluguel Social é o benefício que a família recebe diante do momento de necessidade extrema. Para isso, o grupo familiar é acompanhado pelo CRAS e inserido nos grupos prioritários de acompanhamento”, esclarece Ana Paula Falanga.

Os recursos para financiamento do auxílio são aportes da Prefeitura de Paranaguá, através de fonte livre.

Vida nova


Em 16 de agosto, a administração municipal publicou o Contrato nº 133/2023, o qual garante o suporte financeira por 12 meses, com a possibilidade de extensão por mais 12 meses, para ajudar Viviane a recuperar sua independência e reconstruir sua vida. Ela se mudou para o Bel Mal 3, no Parque São João, na sexta-feira (8).

A auxiliar de cozinha está determinada a, durante o período de auxílio, juntar recursos para gradualmente restaurar sua casa e poder voltar ao lar que batalhou uma vida toda para conquistar e onde acumulou lembranças. “É muito bom poder contar com o Aluguel Social, porque mesmo que você fique na casa de parentes, não é a mesma coisa que ter o seu cantinho. A nossa vida não era maravilhosa, mas ao menos tínhamos uma, e quando aconteceu tudo isso, precisamos aceitar a viver na casa dos outros e passar por humilhações”, conta Viviane.

Contudo, ela também precisa de apoio para mobiliar o novo lar temporário, já que o benefício financeiro contempla apenas o aluguel do imóvel. Atualmente, ela está em busca de doações para adquirir móveis para o local.

Nós somos humildes, não precisamos de nada extravagante. Aceitamos doações de móveis, eletrodomésticos, roupas, calçados, tudo o que para algumas pessoas já não faz mais sentido, mas que para nós pode ser muito útil para recomeçarmos”, reivindica.

Para ajudar, basta falar com Viviane pelo número (41) 98533-7178, que é também seu WhatsApp.

Hoje eu posso falar que, psicologicamente, estou melhor, consigo falar sobre o que vivi. Isso porque confio muito em Deus e sei que ele vai suprir tudo aquilo que eu perdi” conclui Viviane, com esperança no olhar.