Forças de segurança do Litoral se unem para reforçar atenção às escolas; PM e GCMs estão fixas nas unidades de ensino


Por Luiza Rampelotti Publicado 17/04/2023 às 08h54 Atualizado 18/02/2024 às 09h23

No dia 5 de abril, o Brasil recebeu a notícia da tragédia no Centro de Educação Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), onde quatro crianças foram mortas por um homem que invadiu o local. De lá para cá, mais um ataque à instituição de ensino aconteceu, em Goiás, no qual três alunos ficaram feridos. Além disso, boatos de novas invasões dispararam pelo WhatsApp, criando pânico entre pais e alunos de todo o país.

No Litoral não foi diferente. Na semana passada, publicações nas redes sociais falavam sobre possíveis ataques às escolas da região. Em Pontal do Paraná, um perfil fake divulgou ameaças ao Colégio Estadual Professor Paulo Freire. Com o trabalho de investigação da Polícia Civil, um adolescente de 15 anos, responsável pelas mensagens, foi apreendido na sexta-feira (14). Em seu celular, os policiais encontraram as imagens utilizadas para espalhar o pânico, que foram retiradas da internet. O jovem e seu responsável legal foram encaminhados ao Ministério Público.

Em Guaratuba, a diretora do Colégio Estadual Léa Germana Monteiro, Sofia Rodrigues Coelho Silva acionou a Polícia Militar (PM) após ter recebido um vídeo contendo um alerta geral para possíveis ataques a instituições de ensino na semana do dia 20 de abril.

Casos em Paranaguá

Em Paranaguá, o diretor do Colégio Estadual Porto Seguro, Renan Liporini Rodrigues Garcia, também acionou a PM e relatou que dois indivíduos encapuzados teriam pulado para dentro da escola e ficaram nos fundos da unidade, deixando os alunos apavorados. Contudo, instantes após o comunicado, uma equipe policial adentrou o local, realizou a averiguação e ninguém foi encontrado, mas algumas testemunhas disseram que viram quando os dois rapazes, vestindo roupas pretas, pularam para fora do muro, tomando rumo ignorado.

Em Paranaguá, a operação ‘Escola Segura’ acontece até o final do ano letivo. Foto: Prefeitura de Paranaguá

Ainda em Paranaguá, na sexta-feira (14), policiais militares fizeram a apreensão de um canivete e uma réplica de pistola, que foram encontrados com um garoto de 13 anos, em uma Rede Municipal de Ensino. A ação ocorreu após informações da equipe pedagógica do estabelecimento, a qual acionou os militares após denúncias de outros alunos.

Ao ser ouvido pelos policiais, na presença de sua mãe, o garoto relatou que achou o simulacro no mato e que o canivete era de seu irmão, de 15 anos. Ele ainda disse que levou tais objetos para defender os colegas de supostos ataques. O adolescente, juntamente com sua mãe, foi conduzido à Delegacia Cidadã de Paranaguá para elaboração de Boletim de Ocorrência Circunstanciado, que será encaminhado à Vara da Infância e Juventude.

PM nas escolas

Diante do pânico geral causado pelas situações citadas, as prefeituras do Litoral as quais possuem Guarda Civil Municipal (GCM), como Paranaguá, Matinhos e Pontal do Paraná, determinaram que os guardas fizessem a segurança dos estabelecimentos de ensino da Rede Municipal de Educação de maneira fixa, além de redobrarem os patrulhamentos nas áreas escolares. Em Antonina, o único Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) da cidade também recebeu reforço, com a contratação de dois seguranças privados.

Em Pontal do Paraná, Matinhos e Guaratuba, as prefeituras ainda anunciaram a implantação do Botão do Pânico nas escolas, ferramenta que dá acesso direto às forças de segurança. Mas, além das Guardas Civis Municipais, que têm realizado o trabalho nas unidades e, também, auxiliado no patrulhamento em áreas de instituições particulares e estaduais, a Polícia Militar deu início, na quinta-feira (13), à operação que visa tranquilizar toda a comunidade nas unidades de ensino da Rede Estadual de Educação de Paranaguá, maior cidade da região.

Aproximadamente 60 alunos soldados do 9º Batalhão de Polícia Militar foram dispostos, de maneira fixa, nas redes estaduais e em algumas particulares. Ainda não há previsão de duração da ação.

Patrulha Escolar

Para compreender melhor a atuação da PM nas questões de segurança relacionadas a esse tema, o JB Litoral foi conversar com o comandante do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (BPEC), tenente Alexandre Henrique Silva de Lima. O BPEC atende a todas as cidades do Litoral.

O tenente explica que os policiais que atuam na Patrulha Escolar têm especialização para conseguir lidar com as questões pertinentes envolvendo alunos, professores, direção, pais e responsáveis. “Mapeamos todas as escolas estaduais do Litoral, exceto nas ilhas e Guaraqueçaba, e atendemos conforme aparecem as demandas. Realizamos visitas, patrulhamento, mediações com os alunos, palestras e também o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência – Proerd”, explica.

O tenente Lima é o comandante do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (BPEC) no Litoral. Foto: Luiza Rameplotti/JB Litoral

Sobre o momento atípico vivido no Brasil e, também, na região, o tenente Lima destaca que a PM via a necessidade de oferecer atenção redobrada às escolas. Desta forma, além dos alunos soldados que já estão fazendo a segurança nas unidades de ensino, o BPEC também deu início, na quinta-feira (13), ao ciclo de palestras sobre Segurança Escolar, com o intuito de esclarecer aos alunos e funcionários como reagir em casos de ataques.

Não há informações sobre ataques em Paranaguá

Queremos levar mais informações não só para os alunos, mas também para os professores, pois sabemos que, neste momento, eles também são vítimas, porque além de serem responsáveis por diversos alunos da turma, também precisam fazer a sua própria segurança. Então, estamos conversando pouco a pouco, ministrando instruções, para ensinar de maneira mais clara como agir”, diz o comandante.

Sobre os alunos soldados fixos nos colégios, ele afirma que atuarão nas entradas e saídas dos turnos, conversando com estudantes e professores, garantindo a sensação de segurança desejada por todos neste momento. Todavia, apesar da presença policial nos ambientes, o tenente ressalta que, até agora, não há nenhuma informação acerca do planejamento de atentados em colégios locais.

Os policiais estarem sendo aplicados nas escolas não significa que a PM tem alguma informação de que vai acontecer um ataque em Paranaguá. Não temos nenhuma informação sobre atentado específico no município. O objetivo é o de trazer sensação de segurança em um momento em que todo mundo está sem saber o que fazer”, diz.

Policiais especializados

Um dos policiais militares atuantes no Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária é o soldado Antônio Nunes Júnior, que está há mais de seis anos no BPEC. Ele conta que, rotineiramente, o batalhão realiza palestras e orientações a fim de prevenir ocorrências de violência, drogas e bullying no ambiente escolar.

Na quinta-feira (13), ele esteve no Colégio Diocesano Leão XII, em Paranaguá, para falar, especificamente, sobre os últimos acontecimentos no Brasil, levando informações sobre o que fazer em situações de atentados. “Vejo que, de certo modo, os adultos e os adolescentes pensam diferente sobre o mesmo assunto. Além da sensação de insegurança pelo fato de acreditarem que pode acontecer algo a qualquer momento, os alunos têm a tendência de quererem ser os ‘salvadores’, por isso, têm a intenção de levar algo para a escola, como faca, spray de pimenta, para poder se defender. Mas não é essa a orientação que repassamos, pois esses objetos podem gerar outros tipos de ocorrências entre eles mesmos”, comenta.

Atuando no BPEC há 6 anos, o soldado Nunes fala sobre a especialização que os militares recebem para atenderem às situações da comunidade escolar. Foto: Luiza Rampelotti/JB Litoral

O soldado Nunes destaca que, anualmente, os militares que atuam no BPEC recebem especialização por meio de palestras e cursos. Além disso, todos os anos, são realizadas duas atividades para nivelamento desses profissionais.

No início do ano, nos reunimos com a Secretaria Estadual de Educação, bem como com o Núcleo Regional de Educação, para recebermos as demandas sobre o que será aplicado ao longo do ano; essas informações recebidas são os nossos norteadores para o ano letivo. Depois, em julho, também somos nivelados, onde temos palestras, interações, cursos, todos relacionados à comunidade escolar, por isso somos especializados para atuar com a equipe pedagógica e com os alunos”, conclui.