Gravidez inesperada revela câncer, e jovem parnanguara comemora cura após seis meses de tratamento


Por Luiza Rampelotti Publicado 11/06/2023 às 21h35 Atualizado 18/02/2024 às 13h55

Os filhos podem ser o melhor remédio para as dores de uma mãe. É por eles que elas enfrentam as maiores batalhas, sem perder as esperanças. Thaize Martins Alves Floriano, uma parnanguara de 29 anos, é a prova viva disso.

Casada há seis anos com Marcelo André Floriano, já há dois ela estava fazendo um tratamento para engravidar, mas sem sucesso. A frustração tomou conta e a jovem decidiu encerrar o procedimento. O que ela não sabia era que, pouco tempo depois, receberia seu tão esperado presente, e que ele viria na hora exata para salvar sua vida.

Os meses se passaram até que, após alguns enjoos, ela decidiu fazer um teste de gravidez, sem muita esperança. O resultado positivo foi muito celebrado pelo casal, que deu início ao pré-natal. Na primeira consulta, mais uma surpresa: a gestação já estava no quinto mês, o bebê era um grande e saudável menino.

Thaize e Marcel eram só alegria, o sonho de aumentar a família estava prestes a se realizar. Contudo, a dificuldade para conseguir engravidar foi só o primeiro desafio da jovem. Durante a gestação, surgiu uma protuberância em seu pescoço, além disso, ela enfrentou problemas de pressão alta e infecção.

A saliência no pescoço estava preocupante e Thaize foi em busca de amparo médico para descobrir do que se tratava. O resultado ninguém esperava: Linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer que afeta o sistema imunológico.


Batalha contra o câncer


Devido à gravidez, ela não pôde realizar muitas intervenções no momento. Mas aos sete meses de gestação, a jovem precisou passar por uma cesárea de emergência; foi quando o pequeno Matheus, hoje com oito meses de vida, nasceu.

Depois do nascimento, a jovem começou a investigar o linfoma através de uma biópsia, que revelou se tratar de um câncer maligno; as tomografias subsequentes apontaram metástases em outras partes do corpo. A partir daí, deu-se início à corajosa batalha de Thayse contra a doença.

No dia 29 de dezembro de 2022 ela iniciava o tratamento com quimioterapia na Unidade Avançada do Hospital Erasto Gaertner, em Paranaguá. “No começo foi muito difícil aceitar, precisei passar pela psicóloga para conseguir ter um pouco mais de forças. Mas, na verdade, a parte mais difícil foi a reação das quimioterapias, que machucavam meu braço e me impediam de segurar meu bebê no colo. Isso foi o que mais doeu”, conta a jovem ao JB Litoral.

A jovem de 29 anos foi diagnosticada com Linfoma de Hodgkin, em setembro do ano passado. Em dezembro ela deu início ao tratamento. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral


Meu filho me salvou


Thaize revela, emocionada, que foi seu filho que a salvou. “O Matheus salvou minha vida, porque o câncer só se manifestou por conta da gravidez. Eu não sentia nada, nenhuma dor, do dia para a noite saiu a bola no meu pescoço”, revela.

Devido à descoberta precoce do linfoma, o tratamento teve muito sucesso. Na última quinta-feira (8), dia de Corpus Christi, Thaize e a família inteira estavam no Erasto Gaertner encerrando o ciclo de quimioterapia. Eles comemoravam que todas as metástases sumiram e que a jovem está, enfim, curada do câncer.

O marido, Marcelo, estava ao lado, junto com o bebê Matheus. Ele relembra a surpresa do diagnóstico. “Quando descobrimos foi muito difícil, porque é complicado enxergarmos uma cura no começo. Mas ela foi guerreira e lutou”, diz.

Ele ainda conta que, nessa situação difícil, ele encontrou a oportunidade de retribuir todo apoio que recebeu da esposa ao longo dos últimos seis anos. “Ela já fez muito por mim. Eu era dependente químico e ela me tirou das drogas, do fundo do poço, me ergueu e não desistiu de mim”, se emociona.

A tia de Thaize, Jocinéia Ribeiro Martins, também estava com a sobrinha na última quimio. Muito comovida, ela destaca que toda a família sempre fez questão de deixar claro que a jovem não estava sozinha. “Sempre deixamos claro que a luta não era só dela, era nossa. Como foi o primeiro caso de câncer na família, isso nos impactou bastante, mas também nos uniu ainda mais. Sempre tivemos muita fé e, por isso, hoje ela está curada”, considera.

Marcelo, Thaize e o bebê Matheus, e a mãe da jovem, Claudineia Martins. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral


O câncer não é uma sentença de morte


Agora, com o fim do tratamento, Thaize revela quais são seus principais desejos. Ela conta que a primeira coisa que irá fazer é comer o que ficou impedida pelo tratamento. “Eu não pude comer algumas frutas como morango, uva e outras comidas mais gordurosas, tipo lanches. Então, essa é a primeira coisa que eu vou fazer”, se diverte.

Ela ainda deixa uma mensagem para todos que estão passando pelo difícil diagnóstico e tratamento contra o câncer. “O câncer não é uma sentença de morte. Não desistam, sejam fortes e tenham muita fé. No meu caso, foi a minha fé e a de toda a minha família que me manteve firme”, conclui.

Com o sucesso do tratamento, Thaize continuará em acompanhamento médico pelos próximos cinco anos. Inicialmente, as consultas serão feitas a cada mês até que o período entre elas aumente, chegando a uma vez por ano. Felizmente, ela e outros pacientes oncológicos do Litoral têm a oportunidade de realizar o acompanhamento e tratamento em Paranaguá.


Erasto Gaertner em Paranaguá


Há três anos, a Unidade Avançada do Erasto Gaertner tem sido um alívio para os pacientes com câncer que, antes, precisavam ir até Curitiba realizar o tratamento. A enfermeira da unidade, Karina Mariana Lindolfo, que também auxiliou Thaize nos últimos seis meses, conversou com o JB Litoral sobre a instituição.

O Erasto Gaertner, em Paranaguá, tem três anos. É um braço que veio ao Litoral para ajudar esses pacientes que fazem o tratamento contra o câncer. Antes, eles tinham que se deslocar sempre daqui para Curitiba, e passavam por todo o transtorno do trânsito, além do mal estar da quimioterapia”, comenta.

A enfermeira informa que a unidade conta com uma equipe multidisciplinar. “O paciente chega e tem acompanhamento com psicólogo, nutricionista, médico oncologista, cirurgião oncologista, equipe de enfermagem e farmacêutico. É um atendimento completo que auxilia muito a população que faz tratamento oncológico”, diz.

Karina também fala sobre a alegria de dar alta para um paciente. “Para nós, enfermeiros, que estamos com os pacientes em todas as quimios, sempre há a criação de vínculos. Tem dias que eles estão mais fortes, outros, em que estão mais sensibilizados, e nós acompanhamos tudo. Então, quando eles têm sucesso no tratamento e recebem alta, ficamos muito felizes e emocionados”, conclui.