Grupo Escoteiro Comandante Santa Rita comemora 50 anos de história em Paranaguá


Por Amanda Batista Publicado 01/08/2023 às 17h56 Atualizado 18/02/2024 às 18h50
escoteiros santa rita -27- 07-2023

Prometo pela minha honra fazer o melhor possível para cumprir os meus deveres para com Deus e minha pátria, ajudar o próximo, em toda e qualquer ocasião, e obedecer às leis do escoteiro”. Foi com essa promessa que 14 crianças, lideradas pelo dentista Tadami Sato, formaram a primeira turma do Grupo Escoteiro Comandante Santa Rita em Paranaguá, no dia 27 de julho de 1973. Desde então, mais de 3 mil membros tiveram a vida transformada pelos valores e ensinamentos do movimento.

Quem trouxe o grupo para Paranaguá foi o Lions Clubs International, uma organização internacional sediada nos Estados Unidos, que tinha por objetivo oferecer um caminho de obediência e virtude para os jovens que viviam na época posterior ao Festival de Woodstock, em 1969, e que teve como consequência o aumento do consumo de bebidas e drogas entre adolescentes e jovens adultos nas Américas.

Naquela época, o Lions decidiu investir na educação e no escotismo como uma forma de transformar a vida dos jovens em Paranaguá. O ex-escoteiro Reilly Algodoal foi uma das 14 crianças que se uniram ao grupo pioneiro. Ele conta que, no início, enfrentaram preconceitos, piadas e a descrença da população. Aos olhos deles, os escoteiros eram considerados caretas que se vestiam de forma antiquada e não aproveitavam o “lado bom da vida”.

Recordo como se fosse ontem do comentário de um comediante. Ele disse que os escoteiros eram um bando de crianças vestidas de idiotas, comandadas por um idiota vestido de criança”, lembra Reilly.

Apesar dos insultos, o grupo não se deixou abater e, ao longo dos últimos 50 anos, formou pessoas íntegras, profissionais responsáveis e pais comprometidos, destaca o ex-escoteiro. “Durante todos esses anos nós vimos os jovens evoluírem e se tornarem cidadãos exemplares. A força do movimento é tamanha que existem mais de 50 milhões de escoteiros no mundo, e isso se deve ao nosso compromisso com Deus, com a pátria e com as leis dos escoteiros”, afirma.

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Reilly continua fazendo parte do movimento como adulto voluntário. Foto: Rafael Pinheiro/ JB Litoral.


Incentivo à independência


O escotismo vai além dos valores e das ações conhecidas como ajudar animais a atravessar a rua ou aprender a fazer diversos tipos de nós. Com cerca de 120 pessoas vinculadas ao grupo, em Paranaguá, incluindo 40 voluntários e 80 crianças, o Movimento Escoteiro se destaca por suas atividades voltadas para o desenvolvimento de aspectos físicos, sociais, emocionais e espirituais dos membros.

A abordagem tem o propósito de incentivar as crianças a “aprenderem fazendo e brincando”, o que permite que elas adquiram habilidades práticas, como fazer fogueiras, cozinhar e arrumar camas. Em Paranaguá, o grupo é dividido nas categorias Lobinho, Escoteiro e Pioneiro, que, além das atividades lúdicas, praticam esportes na natureza como rapel, escalada e tirolesa.

A voluntária e diretora de Métodos Educativos, Denise de Oliveira Folha, vinculada ao movimento há 35 anos, fala sobre os benefícios do escotismo para a comunidade e para o desenvolvimento de habilidades sociais. “Os escoteiros estão sempre disponíveis para ajudar em campanhas de arrecadação, projetos de construção e outras necessidades da cidade. Além disso, ao mesmo tempo em que ajudamos, nós oferecemos um ambiente saudável para as crianças, afastamos elas do excesso de tecnologia, estimulamos a liderança e a responsabilidade”, explica.

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Nas horas vagas, Denise trabalha como voluntária na secretaria da sede e participa dos acampamentos. Foto: Rafael Pinheiro/ JB Litoral.


De mãe para filha


Denise entrou no movimento por influência da sua mãe, Mary Louise Alves de Oliveira, de 77 anos, que se tornou parte do grupo em 1983 como mãe de apoio. Na época, Mary ajudava na cozinha e cuidava das crianças durante o acampamento. Quando o escotismo foi aberto para meninas, em 1979, Dona Mary não perdeu tempo e colocou todos os cinco filhos no Grupo Comandante Santa Rita.

Com o tempo, ela se tornou uma das chefs responsáveis pelos Lobinhos e passou por diferentes cargos até entrar na administração do local. “Eu sempre tive apoio do meu marido, viajava com o grupo, ajudava na cozinha. Agora faço parte da secretaria, porque, com a idade, a gente perde o ritmo. Mas aprendi muito com as crianças nesses anos. Aprendi e ensinei também”, lembra a voluntária.

Grupo Escoteiro Comandante Santa Rita comemora 50 anos de história em Paranaguá
Dona Mary contribui com o escotismo há 40 anos, e é considerada uma das pioneiras do Flor de Lis, um grupo de mães que ajudam nas atividades. Foto: Rafael Pinheiro/ JB Litoral.

O prazer pelo escotismo chegou na terceira geração. A filha de Denise e neta de Dona Mary, Beatriz de Oliveira Folha, de 12 anos, integra o movimento desde os seis. Foi acompanhando a mãe e a avó que ela conseguiu fazer amigos, perder a timidez e tomar gosto por esportes. Hoje, a parnanguara é uma das integrantes da equipe do Novo Esporte Litoral Paranaense (Nelp Univôlei).

As atividades sempre me empolgaram. Foi participando delas que fiz meus melhores amigos, que tive momentos felizes e tristes também, mas tudo em família. Então, participar desse aniversário de 50 anos é muito especial para mim”, afirma Beatriz.

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Beatriz, de 12 anos, segue os passos da mãe na organização. Foto: Rafael Pinheiro/ JB Litoral.


Cerimônia de aniversário


Para comemorar os 50 anos de escotismo em Paranaguá, o grupo realizou a tradicional cerimônia do Fogo do Conselho, um momento realizado após o encerramento dos acampamentos, quando as crianças acendem uma fogueira e têm a oportunidade de apresentar teatros, canções e brincadeiras. Durante o Fogo de Conselho, os escoteiros compartilham experiências e histórias que aconteceram durante todo o acampamento, tornando o momento ainda mais divertido e envolvente.

Na noite da quinta-feira (27), os adultos tomaram a frente das atividades, com apresentações de esquetes de humor e de cunho moral, além da entrega de reconhecimento aos chefes e voluntários pelos serviços prestados.

Julian Gomes, o Juca, já foi um dos chefes dos escoteiros. Foto: Rafael Pinheiro/ JB Litoral.

Um dos ex-integrantes, Julian Gomes Waldeigues, comemora a chegada dos 50 anos do grupo e fala sobre a importância do trabalho voluntário dos jovens e adultos envolvidos no escotismo. “Comemorar 50 anos no grupo escoteiro não é uma tarefa fácil, porque ele é feito de trabalho voluntário, das famílias e dos jovens, essa é a força primordial que nos mantém funcionando. Então, participar dessa comemoração nos dá uma alegria imensa, porque vemos cada vez mais a comunidade de Paranaguá interagindo com o grupo e juntos estamos construindo uma cidade melhor”, concluiu o voluntário.

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