Hospital Regional do Litoral registra tentativas de golpe contra familiares de pacientes


Por Luiza Rampelotti Publicado 30/08/2022 às 17h34 Atualizado 17/02/2024 às 16h13
HOSPITAL REGIONAL

Tentativas de golpe em nome do Hospital Regional do Litoral (HRL), em Paranaguá, não são novidade. Desde 2017 há registros de pacientes denunciando que golpistas teriam entrado em contato por telefone, exigindo transferência ou depósitos de quantias em dinheiro para atendimentos e/ou exames na unidade hospitalar.

Recentemente, a situação se repetiu, porém, só foi divulgada nesta terça-feira (30) através de uma reportagem do G1. De acordo com a notícia, um número de WhatsApp com a identidade visual do hospital contatou familiares de pacientes para cancelar visitas e, logo após, solicitou exames pagos.

Em nota ao JB Litoral, a Secretaria de Estado da Saúde (SESA) informou que as tentativas de golpe aconteceram no dia 11 de agosto, e que a equipe do HRL registrou um Boletim de Ocorrência (B.O.).

Uma mulher que teve um familiar internado no hospital conversou com o G1 e contou que foi abordada pelos golpistas. Ela pediu para não ser identificada.   

Segundo ela, começou com uma mensagem de áudio de um homem se passando por médico do hospital. No contato, ele informou que a visita dela ao paciente internado estava sendo cancelada porque ele teria que passar por procedimentos.

A mulher contou ao G1 que ficou desconfiada, porque no momento do contato, ela estava no hospital. Ela comentou a situação com a recepcionista, que alertou sobre a tentativa de golpe.

A recepcionista falou que era golpe e daqui a pouco ele pediria dinheiro. Foi o que aconteceu”, disse.

Detalhes sobre os pacientes

Pouco após a primeira abordagem informando o suposto cancelamento, o falso médico voltou a entrar em contato dando detalhes sobre o quadro clínico do paciente que ela visitaria, e alegando que ele precisaria passar por exames.

A argumentação para o convencimento da vítima envolve o uso de termos técnicos e detalhamentos sobre falsas condições clínicas envolvendo o paciente. Logo depois veio o pedido de dinheiro para a realização de exames. O suposto custo seria de R$ 5.500.

A mulher contou ao G1 que, quando estava na recepção do hospital, outro familiar do paciente também recebeu o mesmo contato.

Pegam as pessoas em um momento mega frágil para tirar dinheiro. Por mais esclarecido que a gente seja, é um momento em que estamos fragilizados. Em que ficamos esperando notícia por telefone mesmo. Vem uma notícia dessa, a gente não para pra raciocinar. Pra mim só foi favorável porque eu já estava lá e consegui resolver na hora”.

Ouça o áudio do falso médico. Crédito: Reprodução/G1

Vazamento de dados

Para ela, o caso indica que os dados pessoais dos familiares, registrados na ficha do paciente, foram vazados, uma vez que o golpista sabia, inclusive, o dia de visita da família, além do nome completo.

É uma insegurança não saber como essas informações estão vazando, como que se tornou cotidiano esse tipo de golpe acontecer? Quem está ali vazando esses dados? Ou é uma pessoa de fora invadindo? O que também não melhora em nada a situação […] A gente não pode normalizar esse tipo de golpe e só pensar em como se defender dele. A gente tem que questionar como isso funciona desde o começo, desde o vazamento. Esse acesso deveria ser seguro”.

A mulher disse que a família não chegou a fazer nenhuma transferência para o golpista, mas relatou que quando estava na recepção do hospital, familiares de outros pacientes contaram ter recebido o mesmo contato.

Segundo a SESA, a equipe do hospital registrou um Boletim de Ocorrência e também fez um alerta para que os familiares não realizem nenhum tipo de transferência e pagamento solicitado por meio de ligações e mensagens para custear qualquer tipo de procedimento hospitalar.

Questionada sobre como ocorre o armazenamento de dados do hospital, a Secretaria de Saúde informou que informações sensíveis são protegidas pela plataforma G-SUS, do Ministério da Saúde. Entretanto, o Ministério da Saúde não respondeu aos questionamentos do G1.

O JB Litoral também enviou questionamentos ao Ministério da Saúde, porém, até o momento, não houve retorno.

HRL é 100% público

Já a SESA destacou que o Hospital Regional do Litoral é uma instituição 100% pública e toda e qualquer assistência é prestada gratuitamente por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), desta forma, não cobra por nenhum tipo de procedimento ou exame.  

Alertamos para que os familiares não realizem nenhum tipo de transferência e pagamento solicitado por meio de ligações e mensagens para custear qualquer tipo de procedimento hospitalar. Se algum familiar recebeu ou vier a receber pedido de dinheiro, deve procurar uma delegacia de polícia para registrar B.O.”, informa.

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil, que orienta que os familiares dos pacientes compareçam à delegacia para que sejam ouvidas e ofereçam representação para que seja dado continuidade nas diligências.

*Com informações de Caio Budel/G1 Paraná