Ilha da Cotinga será o ponto de partida dos Caminhos do Peabiru, projeto do Estado para turismo de aventura


Por Luiza Rampelotti Publicado 07/12/2022 às 13h16 Atualizado 17/02/2024 às 23h22
A trilha dos Caminhos do Peabiru

Os caminhos e trilhas sempre fizeram parte do cotidiano das pessoas, desde o início da civilização. Isso ocorre para auxiliar nas atividades básicas do dia a dia, como caça, coleta de alimentos e migração.

Desde muito antes da chegada dos portugueses ao Brasil, os povos originários que viviam no País já utilizavam os ‘Peabiru’ – antigos caminhos pelos quais os indígenas sul-americanos acessavam do litoral ao interior do continente. A trilha passava por quatro países da América Latina e possuía cerca de 4 mil quilômetros, sendo conhecida como Caminhos do Peabiru.

Apesar de a maior parte do caminho ter sido perdido devido às construções de estradas e o crescimento das cidades, ainda é possível visita-lo em alguns trechos. Por isso, a trilha é um grande destino turístico para quem quer conhecer mais a fundo a história do Brasil e ter um contato mais íntimo com a natureza.

A novidade é que o Paraná vai resgatar o trecho de aproximadamente 1,5 mil quilômetros dos Caminhos do Peabiru que passa pelo Estado, percorrendo 86 municípios. Paranaguá fará parte desse projeto, que foi lançado na quarta-feira (30), durante o Festival das Cataratas, em Foz do Iguaçu.

A Ilha da Cotinga será o portal de início da trilha no Paraná, já que a área é tradicionalmente habitada pelos indígenas até os dias atuais, além de ser referenciada como importante para eles. “A Ilha da Cotinga será o portal de início no Paraná, da maior trilha de longo curso das Américas, que se soma em mais um produto turístico que impulsiona a nossa cidade. O projeto vai resgatar, proteger e fomentar o turismo e a cultura das cidades que circundam a trilha”, diz a secretária municipal de Cultura e Turismo, Maria Plahtyn.

À esquerda, a secretária municipal de Cultura e Turismo, Maria Plahtyn, durante o Festival das Cataratas, onde o projeto foi anunciado. Foto: Prefeitura de Paranaguá

Sobre os caminhos


Os Caminhos do Peabiru fazem parte da milenar rota transcontinental que ligava o Oceano Atlântico ao Pacífico, atravessando o Brasil, passando por Paraná, São Paulo e Santa Catarina, Paraguai, Bolívia e Peru. A região conta com vestígios arqueológicos que ultrapassam 4 mil quilômetros, carregados de histórias, lendas e aventuras. Pouco mais de metade do trecho está dentro do Paraná, entre o Litoral até as cidades de Guaíra e Foz do Iguaçu.

O percurso histórico, criado pelos índios guaranis, integra a Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (Rede Trilhas) do governo federal, e a Rota Transcontinental Caminhos do Peabiru foi declarada Patrimônio de Natureza Cultural e Imaterial Paranaense. Para o trecho localizado no Paraná, o Governo do Estado ficará responsável por toda a sinalização, pelos portais e também pela tecnologia a ser oferecida aos turistas, como aplicativos de celular.

As rotas sinalizadas pelo projeto vão estimular a economia criativa, atrair turistas nacionais e internacionais, incrementar as redes de restaurantes, pousadas, hotéis, artesanato e o comércio local; estimular a saúde pelo contato com a natureza, jogos, caminhadas, cavalgadas, dentre outros eventos, inclusive, divulgação dos pratos típicos.

Paranaguá como ponto de partida


A secretária de Cultura e Turismo de Paranaguá, Maria Plahtyn, destaca que com a formalização, configuração, sinalização e roteirização dos Caminhos do Peabiru, a ideia é que o turismo de aventura seja fomentado na região. “Haverá todo um material de interpretação disponível, então, o pessoal que pratica tracking, por exemplo, além dos demais turistas, poderá usufruir desse caminho por parcelas ou inteiro. Ele vai conectar o Paraná ao trecho internacional que passa por Paraguai, Argentina e outros países da América do Sul”, explica.

Sobre o portal na Ilha da Cotinga, ela conta que ele será o ponto de partida no Estado, ou o ponto de chegada, dependendo do local por onde o turista desejar iniciar a trilha. “Ali será o trecho náutico do Caminho, as pessoas poderão atravessar de barco, caiaque, como acharem melhor. A ideia agora é que, com a possibilidade de reforma da Ermida de Nossa Senhora das Mercês, na Cotinga, primeira igreja construída no Paraná, com a Praça do Marco do Descobrimento que foi revitalizada, a gente fomente o turismo de aventura em Paranaguá”, conclui Maria Plahtyn.