Mais de 350 animais marinhos apareceram mortos no Litoral nos últimos 30 dias


Por Redação Publicado 28/08/2023 às 13h24 Atualizado 18/02/2024 às 21h35

O período entre os meses de maio e novembro é marcado pela migração de diversas espécies de animais marinhos pela costa brasileira, especialmente aves e mamíferos. O aumento do fluxo de animais nas águas costeiras do sul brasileiro resulta no aumento da probabilidade de encalhes em nosso litoral.

A quantidade total de animais marinhos mortos registrados nas ações do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), executado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), via Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC), nos últimos 30 dias (20 de julho a 20 de agosto de 2023), no litoral do Paraná, chega a 352, dentre pinguins, outras espécies de aves, tartarugas e mamíferos.

O número é considerado semelhante ao de outros invernos e temporadas de migrações, de acordo com Pedro Cosme Junior, biólogo do LEC/UFPR que atua junto ao PMP-BS/UFPR. “Não é um número anormal para a gente, pois no período de migração, principalmente das aves, é comum termos mais registros. No verão, em média, temos uma quantidade bem menor”, diz o biólogo.

No entanto, estes números não são entendidos como normais em termos de conservação das espécies, visto que muitos desses animais pertencem a espécies ameaçadas de extinção, lembra Camila Domit, coordenadora do PMP-BS na UFPR.

Para ponderar sobre valores, no mesmo período do ano passado, o PMP-BS/UFPR registrou 411 animais marinhos encalhados mortos nas praias do Paraná.

Pinguins de Magalhães

Dezenas de pinguins da espécie Magalhães apareceram mortos no Litoral no mês de agosto. Foto: Divulgação.

Dentre as aves migratórias que passam pelo litoral brasileiro, destacam-se os Pinguins-de-Magalhães, mais comumente encontrados na costa sul e sudeste do Brasil.

Em muitos casos, os animais chegam às praias com a saúde debilitada ou mortos. Entre os dias 20 de julho e 20 de agosto, 189 carcaças de Pinguins-de-Magalhães foram recolhidas no litoral do Paraná, sendo 134 nos municípios de Pontal do Paraná e Matinhos, 18 em Guaratuba, 16 em Paranaguá e 21 em Guaraqueçaba.

O alto número de encalhes e óbitos acontece quando os animais deixam suas áreas reprodutivas no sul da Patagônia (Argentina e Chile) e migram para as águas brasileiras em busca de alimento. O trajeto de quase 4 mil km muitas vezes os deixa cansados e debilitados, tendo por consequência o encalhe. A maioria dos animais encontrados são juvenis, principalmente por serem inexperientes e terem menor reserva energética.

Tartarugas verdes

A equipe registrou 134 carcaças de tartarugas-verdes e 12 de tartarugas-cabeçuda no último mês. Foto: Divulgação

O encalhe de tartarugas-verde juvenis também é frequente nesta época. A equipe do PMP-BS/UFPR registrou 134 carcaças de tartarugas-verdes e 12 de tartarugas-cabeçuda no último mês. Os indivíduos foram encontrados nos municípios de Pontal de Paraná e Matinhos (74), em Guaratuba (17), em Paranaguá (29) e em Guaraqueçaba (14).

As principais causas que afetam a saúde das tartarugas são doenças e ingestão de lixo, mas a mortalidade também está associada a casos de colisão com embarcações e interação com atividades pesqueiras. Todas as espécies de tartarugas marinhas dependem de ações de conservação para sua sobrevivência e a ação coletiva é muito importante para garantir a qualidade de seus habitats.

Por que registramos animais marinhos mortos no litoral?

O registro de animais marinhos mortos permite a coleta de dados importantes para a conservação das espécies e dos lugares onde vivem, além de contribuir com a saúde pública, permitindo a avaliação de doenças emergentes e alterações na qualidade do ambiente. Animais vivos, mas com a saúde fragilizada, podem ser resgatados e encaminhados a tratamento veterinário no Centro de Reabilitação, Despetrolização e Análise de Saúde do LEC-UFPR.

Por isso, ao encontrar animais marinhos debilitados ou mortos na costa, acione a equipe do PMP-BS/Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) da UFPR pelo 0800 642 33 41 ou pelo WhatsApp (41) 9 92138746.

*Com informações do Laboratório de Ecologia e Conservação