Paranaguá já foi a terra do ouro…e hoje ganha dinheiro com outros minérios


Por Redação Publicado 29/07/2021 às 16h24 Atualizado 16/02/2024 às 08h42

A primeira vez que europeus viram ouro no Brasil foi em Paranaguá, segundo os relatos históricos. Os registros são um pouco divergentes sobre a data exata, mas alguns estudos, baseados em documentos, apontam que exploradores se encantaram com o metal brilhante nas mãos de indígenas. Algumas informações datam de 1580, mas há historiadores que acreditam que a extração começou por volta de 1640. O fato é que isso foi determinante para o desenvolvimento inicial de Paranaguá e também do Paraná.

No rastro do minério surgiu a terceira Casa de Fundição, em Paranaguá, uma construção de pedra que ficava entre o antigo colégio dos Jesuítas, hoje, o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) a cadeia da época, o atual Mercado do Café Brasílio Abud.

A Real Casa de Fundição foi erguida entre 1647 e 1675 – há divergências sobre o ano em que começou a funcionar – e servia para dar caráter oficial à mineração, separando a parte (um quinto) destinada ao império. A exploração de ouro em Paranaguá foi no formato aluvião, com bateias, em rios.

Aos poucos, os exploradores subiram a Serra do Mar, em busca de áreas com mais ouro – dando início à ocupação de Curitiba. Com a migração a partir da descoberta de veios mais vantajosos, a exploração aurífera foi sendo gradativamente abandonada em Paranaguá. Quando as grandes reservas foram achadas em Vila Rica, em Minas Gerais, localidade que acabou mudando de nome para Ouro Preto, passou a ser muito mais rentável extrair o minério em outros lugares.

O geólogo Marcos Vitor Fabro Dias comenta que a concentração em Paranaguá nunca foi muito grande. Assim, a partir do momento que surgiram opções mais abundantes, a atividade foi sendo deixada de lado. “É antieconômico”, define, ponderando a relação entre esforço e resultado. Mas, sim, a cidade ainda tem resquícios de ouro, mas em teores e quantidades desmotivadores.

Nova fonte

Atualmente, a mineração continua gerando riquezas para a cidade, mas nada que seja reluzente. O geólogo explica que são duas as principais fontes – uma básica, usada para a construção civil, e outra por meio de tributos. A exploração de brita e areia é muito importante para a movimentação econômica. Marcos Vitor Fabro Dias destaca que esses produtos são usados em larga escala para edificações e as cidades precisam trazê-los de outros lugares que, por ausência de extração local, acabam tendo alto custo de moradia e expansão comercial e industrial. Paranaguá tem produção para abastecer o mercado interno.

A atividade portuária rende, também, dividendos a partir da mineração. E o valor aumentou muito nos últimos dois anos. É que houve uma mudança, durante a gestão Temer, na forma de distribuição do repasse da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). O cálculo passou a destinar 15% para municípios afetados e não apenas para as cidades de onde os minérios foram tirados. Por causa do porto, a movimentação mineral é intensa, principalmente de fosfato, usado em fertilizantes.

Assim, Paranaguá passou a receber 1/5 (olha o quinto, de novo) de tudo o que é destinado ao Parará, pelo impacto secundário da mineração. No ano passado, o estado recebeu R$ 1,2 milhão e R$ 244 mil foram para a prefeitura parnanguara. Quatro séculos depois, a mineração continua contribuindo com a atividade econômica local.  

Por Katia Brembatti