Pioneira em Acolhimento Familiar, experiência de Paranaguá é destaque em simpósio internacional


Por Flávia Barros Publicado 29/03/2023 às 01h07 Atualizado 18/02/2024 às 07h56

Acolher crianças cuja estrutura familiar não está saudável para proporcionar um desenvolvimento adequado e, ao mesmo tempo, trabalhar para que esses lares sejam reestruturados e os laços restaurados entre pais e filhos, de forma digna para todos. Esse é o objetivo do Serviço Família Acolhedora, da secretaria municipal de Assistência Social de Paranaguá (Semas). Técnicas da equipe participaram, de 20 a 23 de março, do 4º Seminário Internacional de Acolhimento Familiar, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Campinas (SP).

DESTAQUE

Foram 105 trabalhos acadêmicos inscritos, de todas as regiões do país e também de outras nações, como França, Espanha, Portugal e Estados Unidos. O projeto de Paranaguá se destacou entre eles, com o caso de acolhimento de um grupo de irmãos, em Família Acolhedora. Criado em 2018, o programa já acolheu 34 crianças, das quais 25 foram reinseridas em suas famílias de origem e nove adotadas. Atualmente, 15 crianças estão acolhidas por famílias cadastradas. Participaram do simpósio a secretária de Assistência Social, Ana Paula Falanga, a coordenadora do programa, Jucelma Lima e a psicóloga Lori Nunes Pereira.

Em conversa com o JB Litoral, nesta terça-feira (28), a coordenadora explicou que acolhimento familiar é preferencial ao acolhimento institucional (em que as crianças ficam em instituições e não com famílias).

É comprovado, cientificamente, que uma criança acolhida em família acolhedora tem um desenvolvimento muito perto do normal, se comparado a uma institucionalizada. Porque ela vai ter um atendimento individual, aprender o que é conviver em família, o tratamento igual os demais componentes desse sistema familiar, e isso gera confiança, segurança e carinho. Então, essa criança é trabalhada em sua totalidade e se sente inserida, incluída, isso é muito positivo às crianças“, disse Jucelma Lima.

Para nós, foi motivo de muito orgulho poder falar que temos o serviço de acolhimento familiar, que é possível graças ao apoio da gestão, poder dizer que somos pioneiros e que nos destacamos nesse serviço. Mas, apenas 5% das crianças acolhidas estão em acolhimento familiar, então precisamos ampliar essa oferta“, complementou Jucelma.

COMO FUNCIONA

Para ser uma família acolhedora é preciso ter residência fixa no município de Paranaguá por, no mínimo, cinco anos; não ter interesse em adotar e não ter antecedentes criminais. No processo de seleção dessas famílias voluntárias, são apresentados os documentos pessoais (RG e CPF) e comprovante de residência. Depois disso, as famílias participam de treinamentos.

A família acolhedora não adota, ela acolhe temporariamente as crianças enquanto elas estiverem em situação de vulnerabilidade social e com uma medida de proteção. Todas as crianças acolhidas têm uma medida de proteção e são encaminhadas para nós pela Vara da Infância e o Ministério Público. Temos a nossa Lei Municipal que que regulamenta o serviço, onde está bem claro que as famílias acolhedoras não podem querer adotar e nem estar na fila de adoção“, detalhou a coordenadora do serviço.

Então, o papel da família acolhedora é proteger as crianças no período em que elas precisam ficar afastadas de suas famílias de origem. O tempo de de acolhimento pode variar entre 30 dias e dois anos. Cada família acolhedora recebe um subsídio para que as necessidades das crianças sejam supridas.

A REINSERÇÃO

Jucelma Lima destacou, ainda, que enquanto a criança acolhida é protegida e cuidada dentro de um contexto familiar, a equipe técnica também atua para fazer com que os vínculos, os laços afetivos entre as crianças e suas famílias de origem, sejam restaurados. “Só assim podemos devolver essas crianças para suas famílias. Adoção é o último caso, é a última instância quando, realmente, todos os recursos foram esgotados. Nós nos sentimos muito exitosos porque de 34 crianças, 25 nós conseguimos reintegrar“, concluiu.

Equipe do programa Família Acolhedora foi recebida e parabenizada pelo prefeito Marcelo Roque. Foto: Prefeitura de Paranaguá

O prefeito Marcelo Roque recebeu a equipe essa semana, já de volta a Paranaguá, após o simpósio.
Nossa cidade foi muito elogiada pelo programa Família Acolhedora, sendo pioneira no Litoral e desenvolvendo um serviço de muito sucesso, inclusive maior que muitas metrópoles. Mais uma vez nosso município é referência nos serviços prestados à população“, disse o prefeito.