Sem reposição salarial desde 2016, funcionários da saúde fazem greve; no HRL, atendimento continua sendo feito
Na quarta-feira (13), os servidores públicos da área de saúde do Estado deram início a uma greve por tempo indeterminado com o objetivo de garantir a reposição salarial que não é paga, segundo eles, desde 2016. No Hospital Regional do Litoral (HRL), em Paranaguá, são cerca de 500 funcionários que aderiram à manifestação, mas que continuam realizando os serviços na unidade hospitalar, conforme informa o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública do Paraná (SindSaúde PR).
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Eles denunciam que a defasagem salarial já chega a 34% e que o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) não cumpriu com a sua promessa anterior para o pagamento de apenas 5%, que teria sido firmada após a greve de 2019. “Nós queremos que ele faça cumprir a palavra que ele dá, o acordo que ele assina, porque na nossa última greve, em 2019, ele disse que nos daria o aumento de 5%, que não é nada, mas para quem já está há tanto tempo sem receber, seria um agrado. Essa promessa fez com que nós parássemos a greve. Cumprimos nossa parte, mas, infelizmente, ele não cumpriu a dele”, relembra Luciane Borges, diretora do SindSaúde PR.
Ela explica que todos os servidores concursados do Estado aderiram à greve e, principalmente, aqueles que foram aprovados no concurso de 2009 e assumiram em agosto de 2010. Luciane comenta que, anualmente, eles recebiam a reposição salarial, porém, desde 2016 não tiveram mais o direito respeitado.
Sem reposição desde 2016
“Desde 2016 não tivemos mais e estamos chegando a 34% de defasagem. Pedimos que o governador tenha um olhar para a nossa categoria, que passou pela pandemia batendo de frente, cumprindo o nosso papel, sem ninguém arredar o pé. Perdemos parentes, pois acabamos levando o vírus para casa. Vários colegas de trabalho faleceram, tivemos retaliações de direitos aos nossos feriados, que foram retirados de nós”, diz.
A reivindicação da categoria é a reposição salarial, além da realização de um concurso público, já que o Estado tem “quase meio a meio de funcionários terceirizados, que ganham menos da metade” do salário dos concursados. “Essa desigualdade gera conflitos e não é bom para a classe. Por isso, além da nossa data base, queremos o fim da terceirização”, comenta Luciane.
A técnica de enfermagem do HRL, Maria Nazaré, comenta que ao longo dos anos foram realizadas várias reuniões com o então secretário estadual de Saúde, Beto Preto, mas que as negociações não avançaram e não foram cumpridas. “Se não tem dinheiro, a gente entende, mas por que as outras categorias estão ganhando aumento, estão sendo beneficiadas? Elas também merecem, mas por que para eles sim e para a saúde não? Nós é que estamos na linha de frente, principalmente durante esses anos de pandemia, e não estamos ganhando nada. Qual é a diferença entre os trabalhadores?”, questiona.
Atendimento continua
A diretora do SindSaúde explica que, apesar da greve, os funcionários do HRL não pararam de trabalhar. “Estamos tendo todo cuidado para sempre ter o número de pessoas suficiente para atender a população”, conclui.
O JB Litoral entrou em contato com a secretaria estadual da Saúde (SESA) questionando a respeito da previsão do pagamento da reposição salarial, bem como se há expectativa para a realização de um concurso público, entre outros. O órgão se limitou a informar que está monitorando a situação da greve e não registra, até o momento, impacto nos atendimentos disponibilizados nas unidades próprias do Estado.
“A Sesa, assim como todas as estruturas do Governo do Estado do Paraná, sempre estiveram e estarão à disposição para manter o diálogo com as representações sindicais de suas categorias de servidores, indicando os responsáveis técnicos com conhecimento para alinhar cada demanda pontualmente“, afirma.