Sem reposição salarial desde 2016, funcionários da saúde fazem greve; no HRL, atendimento continua sendo feito


Por Luiza Rampelotti Publicado 14/04/2022 às 10h40 Atualizado 17/02/2024 às 06h20

Na quarta-feira (13), os servidores públicos da área de saúde do Estado deram início a uma greve por tempo indeterminado com o objetivo de garantir a reposição salarial que não é paga, segundo eles, desde 2016. No Hospital Regional do Litoral (HRL), em Paranaguá, são cerca de 500 funcionários que aderiram à manifestação, mas que continuam realizando os serviços na unidade hospitalar, conforme informa o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública do Paraná (SindSaúde PR).

Eles denunciam que a defasagem salarial já chega a 34% e que o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) não cumpriu com a sua promessa anterior para o pagamento de apenas 5%, que teria sido firmada após a greve de 2019. “Nós queremos que ele faça cumprir a palavra que ele dá, o acordo que ele assina, porque na nossa última greve, em 2019, ele disse que nos daria o aumento de 5%, que não é nada, mas para quem já está há tanto tempo sem receber, seria um agrado. Essa promessa fez com que nós parássemos a greve. Cumprimos nossa parte, mas, infelizmente, ele não cumpriu a dele”, relembra Luciane Borges, diretora do SindSaúde PR.

Ela explica que todos os servidores concursados do Estado aderiram à greve e, principalmente, aqueles que foram aprovados no concurso de 2009 e assumiram em agosto de 2010. Luciane comenta que, anualmente, eles recebiam a reposição salarial, porém, desde 2016 não tiveram mais o direito respeitado.

Sem reposição desde 2016

Maria Nazaré comentou a situação vivida pelos servidores. Foto: Diogo Monteiro/JB Litoral

Desde 2016 não tivemos mais e estamos chegando a 34% de defasagem. Pedimos que o governador tenha um olhar para a nossa categoria, que passou pela pandemia batendo de frente, cumprindo o nosso papel, sem ninguém arredar o pé. Perdemos parentes, pois acabamos levando o vírus para casa. Vários colegas de trabalho faleceram, tivemos retaliações de direitos aos nossos feriados, que foram retirados de nós”, diz.

A reivindicação da categoria é a reposição salarial, além da realização de um concurso público, já que o Estado tem “quase meio a meio de funcionários terceirizados, que ganham menos da metade” do salário dos concursados. “Essa desigualdade gera conflitos e não é bom para a classe. Por isso, além da nossa data base, queremos o fim da terceirização”, comenta Luciane.

A técnica de enfermagem do HRL, Maria Nazaré, comenta que ao longo dos anos foram realizadas várias reuniões com o então secretário estadual de Saúde, Beto Preto, mas que as negociações não avançaram e não foram cumpridas. “Se não tem dinheiro, a gente entende, mas por que as outras categorias estão ganhando aumento, estão sendo beneficiadas? Elas também merecem, mas por que para eles sim e para a saúde não? Nós é que estamos na linha de frente, principalmente durante esses anos de pandemia, e não estamos ganhando nada. Qual é a diferença entre os trabalhadores?”, questiona.

Atendimento continua

A diretora do SindSaúde explica que, apesar da greve, os funcionários do HRL não pararam de trabalhar. “Estamos tendo todo cuidado para sempre ter o número de pessoas suficiente para atender a população”, conclui.

O JB Litoral entrou em contato com a secretaria estadual da Saúde (SESA) questionando a respeito da previsão do pagamento da reposição salarial, bem como se há expectativa para a realização de um concurso público, entre outros. O órgão se limitou a informar que está monitorando a situação da greve e não registra, até o momento, impacto nos atendimentos disponibilizados nas unidades próprias do Estado.

A Sesa, assim como todas as estruturas do Governo do Estado do Paraná, sempre estiveram e estarão à disposição para manter o diálogo com as representações sindicais de suas categorias de servidores, indicando os responsáveis técnicos com conhecimento para alinhar cada demanda pontualmente“, afirma.

Atendimentos continuam sendo realizados no Hospital Regional do Litoral. Foto: Diogo Monteiro/JB Litoral