Turma de Magistério de colégio em Pontal se forma em curso para desconstrução do racismo


Por Luiza Rampelotti Publicado 06/12/2022 às 19h12 Atualizado 17/02/2024 às 23h18

O Colégio Estadual Paulo Freire, em Pontal do Paraná, formou, na terça-feira (6), a primeira turma de alunos do Ensino Médio/Magistério no curso de Formação de Docentes em Educação das Relações Étnicos-Raciais (ERER). As aulas foram administradas pelo projeto Afrolip, que prevê a desconstrução do racismo a partir da Educação Infantil.

Afrolip significa afrodescendentes do Litoral do Paraná; o projeto promove a formação de professores e educadores que lidam, diariamente, com as crianças, a começar pelos Centros Municipais de Educação Infantil. O objetivo é que esses profissionais especializados auxiliem na construção da identidade da criança negra, indígena e quilombola, trabalhando toda a diversidade de etnias desde a infância e, assim, contribuindo para o fim do racismo.

A Formação de Docentes em Educação das Relações Étnicos-Raciais começou em agosto, por meio de uma parceria da Prefeitura de Pontal do Paraná com o Núcleo Regional de Educação, e teve uma carga horária de 40 horas. Vinte e duas estudantes participaram do curso e aprenderam a trabalhar com a temática afro-brasileira. Assim que elas estiverem formadas no Magistério, receberão uma extensão do curso, com quatro anos de duração, totalizando 320 horas.

A professora e doutora Edicélia Maria do Santos de Souza, idealizadora do Projeto Afrolip, fala sobre a importância da formação antirracista. “Hoje é uma data muito importante para o nosso projeto, pois formamos mais 22 multiplicadoras das nossas causas, que são professoras que estão se formando e levarão a educação étnico-racial para a sala de aula. São assuntos que serão incluídos em seus Planos de Trabalho Docente, em cumprimento às Leis 10.639 e 11.645”, diz.

Vinte e duas alunas se formaram no curso de ERER. Foto: Prefeitura de Pontal do Paraná

Visão diferenciada para a luta antirracista

No Colégio Estadual Paulo Freire, o curso de Magistério sempre recebe formações diferenciadas e complementares à temática da educação; é o que conta a diretora Tatiane Navroski. “São cursos que vêm agregar na formação dos alunos que fazem a formação de docentes. Os debates promovidos pelo Projeto Afrolip são muito importantes e este é um tema que hoje é trabalhado em todas as escolas do nosso município. Nos enche de orgulho vermos que nossos futuros educadores estão nesse caminho, buscando esse tipo de formação”, comenta.

Uma das participantes do curso de ERER foi a aluna Molinary da Veiga Miranda, de 17 anos; ela está no 3º ano do Magistério. Segundo ela, todo o conteúdo aprendido na formação será essencial para sua futura caminhada profissional dentro da educação.

Estou me tornando professora e vou utilizar o que eu aprendi dentro da minha profissão. Nós precisamos ter uma visão diferenciada, saber interpretar quando estão ocorrendo casos de racismo ou outros problemas em sala de aula. O nosso curso de formação de docentes não aborda tão profundamente estes assuntos. Muitas crianças não conseguem nem terminar seus estudos por ter o psicológico abalado pelo racismo e, consequentemente, o bullying. Essa realidade precisa ser mudada e estamos aqui para isso”, conclui.

*Com informações da Prefeitura de Pontal do Paraná