Vereador de Paranaguá atribui violência à falta de investimentos em segurança pública


Por Flávia Barros Publicado 04/09/2022 às 11h15 Atualizado 17/02/2024 às 16h32

A semana passada começou agitada no Palácio Carijó. Na sessão ordinária de 29 de agosto, o vereador Oseias Bisson (Pode) lamentou a morte do jovem Leonan Santos, 20 anos, assassinado a tiros, na esquina de sua casa, na rua Tapuia, bairro Beira Rio. O crime ocorreu em 25 de agosto.

Depois desse homicídio, teve uma manifestação em relação à violência que está presente em nossa cidade, em que reivindicaram mais segurança. Isso me preocupa porque a imagem da nossa cidade fica ruim lá fora. Temos que resgatar esses jovens que estão indo para o mundo das drogas e muitas vezes não conseguem sair. Temos que achar uma solução pois esses homicídios prejudicam muito a nossa imagem, atrapalhando até o turismo em nossa região. Não podemos ficar só no argumento de que são guerras de facções, enquanto as famílias choram”, disse Bisson durante pronunciamento.

REAÇÃO


O vereador Delegado Nilson Diniz (União) decidiu se manifestar sobre o assunto, uma vez que trata de sua área de atuação profissional. Em seu discurso, que durou sete minutos, ele defendeu que a cidade não é vista como deveria pelo Estado.

Além de ser delegado de polícia aqui na cidade há oito anos, eu sou policial civil há 21 anos, e guerra de organização criminosa não é desculpa para que a gente fique sentado aceitando a violência e achando normal a morte de 80 pessoas por ano em nossa cidade, a guerra entre facções não é desculpa, é causa. E por que a gente vive essa guerra de organizações criminosas? Porque nosso município é uma região de fronteira, mas não é tratado como zona de fronteira. Você vê o investimento em segurança pública em nosso município é muito inferior ao de outros municípios que não são zona de fronteira”, afirmou o parlamentar.

GUERRA DE FACÇÕES


O delegado ainda explicou a forma de atuação dos grupos criminosos originados em Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro, em Paranaguá. “O grande traficante do PGC, do PCC, do CV não está sendo morto, quem está morrendo é o jovem parnanguara. Porque chegam essas facções, entregam arma de fogo de qualidade e pagam um quilo de cocaína por homicídio de integrantes de grupos rivais. Esses jovens são mortos, mandam foto, vídeo comprovando o homicídio e recebem a droga para comercializar. É isso que está acontecendo aqui. Enquanto tratarem Paranaguá como qualquer cidade do interior a gente vai ver violência, homicídio”, relatou.


“Não é campanha”


Nilson Diniz, que também é candidato a deputado federal, negou que estivesse fazendo uma fala de cunho político. “Eu faço de tudo para lutar pela segurança pública do nosso município, abdico do meu tempo com a família, com minha filha de quatro anos para lutar por isso e quando eu vejo um ignorante em rede social falando que a culpa do homicídio é do delegado que é candidato, ele só pode estar de sacanagem com a minha cara e com a cara de todos nós. Como se a responsabilidade da segurança pública estivesse na mão de um delegado. Vocês acham que eu conto com um exército? Eu tenho 30 policiais civis na delegacia, sendo 16 deles que estão em escala de plantão, eu sou o único delegado dessa cidade e uma outra delegada cuida de todas as ocorrências relacionadas ao Nucria. Eu tenho uma família que é exposta todos os dias por causa do meu trabalho, enquanto tem gente falando besteira em rede social”, disse.

Entretanto, vale destacar que a cidade também conta com a atuação do delegado chefe da 1ª Subdivisão Policial de Paranaguá (SDP), Rogério Martin de Castro.

Durante seu discurso, Diniz destacou que continuará trabalhando pela segurança pública independentemente de ameaças. “Eu não vou parar meu trabalho e continuo desafiando qualquer facção criminosa a dar tiro em mim, porque eu não tenho medo de vagabundo, se eu tivesse medo eu não era policial civil há 21 anos. Tô pronto pra guerra e que esse meu pronunciamento seja replicado até chegar em Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro, que quem tiver querendo praticar qualquer ato ilícito contra mim e à minha família, que esteja disposto também a levar tiro na cara”, finalizou o vereador.

O JB Litoral solicitou o posicionamento da Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp) em relação às informações levantadas pelo delegado da cidade, Nilson Diniz, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.