Entidades nacionais, partidos e coletivos se manifestam sobre denúncia de possível estupro em Paranaguá


Por Publicado 24/10/2021 às 02h29 Atualizado 16/02/2024 às 16h57

O caso da denúncia de estupro que ocorreu em Paranaguá há duas semanas segue sendo debatido por entidades civis e políticas, além de autoridades dos mais diversos setores do poder público. O JB Litoral publicou na última semana, com exclusividade, o relato de um dos jovens que já teve sua participação descartada, apesar de aparecer no vídeo que viralizou na internet no momento que a denunciante é retirada desacordada do Mahle Bar & Restaurante.

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De acordo com a Polícia Civil, a investigação segue em andamento e o próximo passo será a análise dos laudos dos exames realizados pela vítima, que ainda não tiveram os resultados divulgados. Mesmo sem novas etapas no processo de elucidação do caso, a história segue sendo vista como um problema a ser debatido na tentativa de garantir que não ocorra novamente na maior cidade do litoral paranaense.

Com isso, dezenas de coletivos e grupos sociais, como os partidos PT e PSOL, a Marcha Mundial de Mulheres, a União Paranaense de Estudantes e o Núcleo de Direitos Humanos Marielle Franco assinaram uma nota pública contra o fato relatado. Leia o documento na íntegra abaixo:

Imagem: Divulgação

NOTA DE REPÚDIO – CASO POSTO MAHLE
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER EM PARANAGUÁ

No sábado (09/10) uma jovem de 19 anos saiu carregada e desacordada por três homens do Bar e Restaurante Mahle, um bar conhecido e bem frequentado do município. Na ocasião conforme constatado pelas imagens amplamente divulgadas, a jovem está aparentemente inconsciente quando é retirada do local. Os relatos contam que ela amanheceu desnuda em um motel com um homem desconhecido, onde observou que suas vestes estavam rasgadas. Já em casa, a jovem constatou que seu absorvente íntimo estava tão profundamente penetrado que foi necessário se deslocar até o Hospital Regional do Litoral para realizar o procedimento de remoção. O caso está sendo investigado pela polícia civil, tornou-se público e foi amplamente divulgado nas redes sociais.

Este crime abala e revolta profundamente toda a população, em especial as mulheres, causando apreensão e insegurança, principalmente por ter iniciado o acometimento na presença de várias pessoas que viram a jovem sendo retirada carregada do estabelecimento desacordada, provavelmente sob efeito de alguma
substância, a filmaram, porém nenhuma atitude de solidariedade ocorreu pelos que assistiram tal situação! Isso apenas demonstra como nossa sociedade ainda banaliza e naturaliza comportamentos assediadores e violentos contra as mulheres.

Vivemos em uma sociedade historicamente machista e sexista, na qual as mulheres continuam sendo culpabilizadas por sofrerem crimes como esse, algo que ficou perceptível nos comentários sobre o caso nas redes sociais, que culpabilizam a vítima em questão. Nos últimos anos a violência contra mulher tem aumentado, precisamente na pandemia ocorreu um aumento de 40% em denúncias de violência conta a mulher no canal 180. É urgente que seja extinta a cultura do estupro, que banaliza este tipo de crime e, é imprescindível que as crianças, nosso futuro, sejam educadas desde os primeiros anos nas escolas sobre igualdade entre os gêneros, a combater comportamentos machistas e violentos contra a mulher, bem como a respeitar as mulheres.

O direto de ir e vir das mulheres deve ser respeitado e garantido, o direto de se divertir, de se vestir e se comportar como desejar. Somos seres livres, e como tais, temos o direito de sermos quem somos sem sofrer nenhuma violência, sem termos nossos corpos violados. Em pleno século XXI não podemos permitir que as mulheres sejam tratadas como seres inferiores, submissos ou objetos de prazer.

Exigimos respeito, exigimos que todas as providências sobre este fato sejam esclarecidas e os culpados sejam responsabilizados e punidos. Entendemos que é impossível isentar da responsabilidade o estabelecimento comercial no qual a jovem saiu carregada e desacordada, afinal ela ficou inconsciente no local e mesmo assim os responsáveis pelo estabelecimento negligenciaram a situação, não intervieram para chamar o SAMU, não indagaram para onde ela estava sendo levada e o que havia acontecido. As evidências indicam que houve crime contra a dignidade sexual.

Esperamos que sejam tomadas todas as providências para o rápido esclarecimento do crime e a punição dos culpados, pois não podemos permitir que esses crimes sejam banalizados pela sociedade e muito menos que haja a culpabilização da vítima. Acompanharemos atentamente o andamento da investigação até a conclusão, para que não se repita o que aconteceu no caso da Mariana Ferrer.

Nós mulheres temos o direito de ir e vir, de frequentar os lugares sem sofrer nenhum tipo de violência e sem medo. Nos solidarizamos com a jovem e os seus familiares e nos colocamos à disposição para apoiar no que estiver ao nosso alcance.

Basta de violência contra as mulheres!

União Brasileira de Mulheres PR;
Marcha Mundial de Mulheres;
Nucress Litoral;
Rede Feminista de Saúde-PR;
União da Juventude Socialista;
UNALGBT-PR;
UNEGRO-PR;
União Paranaense de Estudantes;
União Paranaense de Estudantes Secundaristas;
Coletivo Roda D’ Água;
Aliança LGBTI – Paranaguá-PR;
Centro Acadêmico de Ciências Sociais – Rosedir Mendes Costa/IFPR;
Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Paranaguá.
CEBRAPAZ – PR;
Associação de Moradores do Bairro Labra;
APP Sindicato Núcleo Paranaguá;
Federação d Mulheres do Paraná;
Associação de Moradores do Bairro Jardim Iguaçu;
Associação de Moradores da Ilha Dos Valadares;
Democracia Socialista do Litoral do Paraná;
Núcleo de Direitos Humanos Marielle Franco;
Partido Socialismo e Liberdade – PSOL;
Partido dos Trabalhadores – PT;
Partido Comunista do Brasil – PCdoB;
Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Paraná- CTB PR;
Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Litoral do Estado do Paraná – SINDEESP;
Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres de Matinhos;
Frente de Mulheres de Estivadores do Porto de Paranaguá; e
Rede de Mulheres Negras do Paraná
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