Liderança LGBTQIA+ diz que vereador quebrou decoro; Procuradoria da Mulher terá campanha contra a violência


Por Publicado 23/03/2022 às 16h38 Atualizado 17/02/2024 às 04h38

A fala do vereador Luizinho Maranhão (PSB) em que relaciona agressores de mulheres com a homossexualidade tem repercutido para além da Câmara de Vereadores.

Com a discussão a nível estadual sobre o pronunciamento, a liderança da Aliança LGBT de Paranaguá, Bhranda Santos, acredita que a fala é muito mais do que um equivoco, mas uma quebra de decoro, já que liga diretamente um crime a uma categoria comumente marginalizada, que são os homossexuais. “Foi uma ofensa dupla, porque ao mesmo tempo que ele expõe um comentário extremamente homofóbico, extremamente desrespeitoso, ele também não está tendo responsabilidade social com a sua função e lugar que ocupa“, diz.

A situação, que viralizou nas redes sociais, ocorreu na segunda-feira (21), quando o plenário da casa legislativa discutia um projeto de lei de autoria da vereadora Vandecy Dutra (PP). Em uma fala breve, Luizinho afirmou que “aquele que agride a mulher fisicamente é um gay enrustido“,

Bhranda, que é uma das principais lideranças da política progressista no Litoral, acredita que o vereador precisava ter mais clareza e certeza no que vai dizer. “A minha perspectiva e minha percepção em relação a isso, como mulher e que também sofre violência, é que foi extremamente desrespeitoso, desprezível, homofóbico, preconceituoso e, principalmente, de uma grande falta de decoro. Ao mesmo tempo que ele tenta dizer que estamos tendo que viabilizar leis no século XXI porque homens batem em mulheres, ele também reproduz o próprio preconceito. O problema é que ele não configura como um agressor e sim como um ‘gay enrustido’. É uma falta de conhecimento. Ele deveria estudar sobre o assunto antes de falar. No lugar de parlamentar, ele não pode abrir caminho para que as pessoas reproduzam esse discurso, que não tem nenhum embasamento ou fundamento concreto. O que ele fez foi preconceito, homofobia“, lamenta a ativista.

A vereadora Vandecy, procuradora da Mulher da Câmara de Paranaguá, diz que não é possível compactuar com esse tipo de fala. “Nosso mandato tem por característica, e principal bandeira, promover o protagonismo das mulheres, porém, não apenas pelo gênero feminino enquanto sujeito de direitos e deveres, deste modo, buscando afastar situações que reverberam o machismo cultural que está enraizado em nossa sociedade, para tanto, trabalhamos de forma intransigente no desenvolvimento de projetos, leis e medidas que assegurem acesso ao pleno direito. Não podemos mais compactuar com qualquer posicionamento que venha a ferir a dignidade, os direitos ou que trate de forma desrespeitosa qualquer pessoa, independentemente de raça, credo, religião, classe ou orientação sexual. Vai entrar em pauta para a próxima reunião da Procuradoria uma campanha educativa para acabar com toda e qualquer forma de violência“, diz.

O JB Litoral procurou o vereador Luizinho para ouvir um posicionamento sobre a fala e o político pediu desculpas a quem ofendeu, afirmando que sua fala não teve essa intenção. “Eu, assim como os demais vereadores, sou defensor claro das mulher, porém, em meu comentário, quando menciono que muitos agressores tem problemas psicológicos ou com o uso de álcool, menciono homens com problemas de sexualidade, mas acabei me expressando mal. Peço desculpas a comunidade LGBT e deixo claro que o que motivou a fala foi para defender as mulheres“, explica.