ANTONINA E MORRETES: Sem aumento, motoristas e cobradores podem entrar em greve hoje


Por Redação JB Litoral Publicado 27/05/2016 às 14h54 Atualizado 14/02/2024 às 13h28

Josiel, Sidão e Faleiros: se não houver proposta de aumento categoria para na sexta-feira nas duas cidades. Foto JB

Com o menor salário no transporte do urbano do Paraná, cobradores e motoristas de Antonina decidem nesta sexta-feira (27) se cruzam os braços, juntamente com os colegas da cidade de Morretes, depois que o empresário, Waldir Gmach dos Prazeres, informou a direção do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários e Anexos de Paranaguá (SINDICAP) que não tem nenhuma proposta de aumento para negociação da data base de junho.

O anúncio ocorreu na reunião realizada dia 18 deste mês, na sede sindical do Sindicap, em Paranaguá, através do próprio empresário feito ao presidente da categoria, Josiel Veiga, ao diretor financeiro, Sidney Fortunato de Souza e ao secretário de Negociações Coletivas e Jurídico da Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Paraná (Fetropar), José Aparecido Faleiros.

Segundo Prazeres, a única fonte de renda da empresa são os contratos de prestação de serviços celebrados com as prefeituras de Morretes e Antonina e que, desde 2014, não tem recebido pontualmente e, muito menos, os valores corretos. Ele afirma que os municípios têm pagado valores inferiores aos contratados e que mal cobrem os custos da atividade empresarial. Diz ainda que quando recebe ele efetua pagamento das despesas e, ultimamente, os pagamentos parciais não tem sido suficientes.

Entretanto, um levantamento feito pelo JB junto ao portal de transparência de Antonina mostrou que de 2014 até abril deste ano, o empresário já recebeu pela Viação Pilar, exatos R$ 3.110.444,72 dos quais R$ 3.001.878,56 nos anos de 2014 e 2015.

Por sua vez em Morretes, o empresário recebeu pela mesma Viação Pilar, de 2014 até abril deste ano, exatos R$ 3.452.151,83 dos quais R$ 3.346.778,77 nos anos de 2014 e 2015.

As duas cidades, juntas, renderam ao empresário de 2014 até abril deste ano um total de R$ 6.562.596,55 apenas na prestação de serviços para as prefeituras, sem contar o faturamento da cobrança diária na tarifa do transporte coletivo dos usuários em Morretes e Antonina.    
 

Situação insuportável

De acordo com o diretor financeiro Sidney de Souza, a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) anual, acontece no mês de junho com as duas empresas, tanto do transporte urbano como o escolar e que esta a reivindicação da categoria não é “um bicho de sete cabeças”, mas o que a direção sindical cobra do empresário é algo dentro da normalidade e, mesmo assim, ele tem recusado e nem uma contraproposta apresentaram.

“Nós, como sindicato que defende a categoria, não podemos ficar parado. Vamos fazer uma assembleia para ver o que os trabalhadores resolvem. Não podemos ficar a mercê das prefeituras de Morretes e Antonina. Nos anos anteriores com o prefeito de Antonina, tivemos reunião com o Presidente da Câmara de Antonina, não resolveram nada. Tivemos que passar aquele ano engolindo um salário que o empresário disse que não podia dar melhor, mas agora está insuportável. O menor salário do Paraná do urbano é em Antonina e do escolar também, e isso porque não estamos aplicando à convenção do escolar, se aplicar eles dizem que quebra a empresa. Precisamos de uma solução, porque os alunos não podem ficar sem ser transportados e os passageiros também. Não queremos isso para os usuários”, disse o diretor.

“Sem solução, vamos parar as duas cidades”

O presidente Josiel destaca o trabalho do coordenador da Fotrapar nas negociações, José Aparecido Faleiros que sempre está junto com o sindicato. Ele reclama que esta foi a terceira rodada de negociação com o patrão e agora ele chegou dizendo que não tem nenhuma proposta para os trabalhadores. “Como o sindicato vai chegar numa assembleia e passar ao trabalhador que o patrão deles não tem proposta para dar? É uma situação complicada, pois como sindicalista somos a favor do trabalhador. Vamos fazer uma assembleia na sexta-feira e o trabalhador falar o que quer, mas tudo indica que vai ter greve na cidade de Morretes e Antonina. O empresário nos passa que a prefeitura não está pagando, e ele, por sua vez, fica pagando de pingadinho o trabalhador, que não merece isso.

“Vamos para cima do empresário e ver o que ele vai fazer, senão vamos ter que parar as duas cidades infelizmente”, alerta o presidente.

10% de reposição da inflação

O negociador da categoria pela Fotrapar, José Faleiros, admite que a situação nacional não vá bem e consequentemente de qualquer município sofre seus reflexos. Ele disse que os empresários alegam desequilíbrio financeiro motivado pelo não pagamento por parte dos prefeitos das duas cidades dos quatro contratos, dois contratos de urbano de Morretes e Antonina e dois contratos relacionado à transportes de estudantes. Faleiros diz que a categoria reivindica uma reposição de 10% de reajuste salarial, adequações em alguns pisos de trabalhadores e também uma reposição, no mesmo percentual no ticket alimentação dos trabalhadores. Ele mostrou-se  surpreso da empresa vir para essa última reunião dizendo não ter condição de fazer nenhuma reposição salarial. “Resta ao sindicato propor aos trabalhadores a paralização dos trabalhos e, para isso, tomou todas as medidas cabíveis.

“Se é verdade ou não esse desiquilíbrio financeiro, isso não cabe ao sindicato e a categoria, cabe ao empresário discutir isso junto com os prefeitos das duas cidades”. Queremos nossa recomposição salarial, inflação de 9.83%. Esse prejuízo significa que os trabalhadores, a partir de 1ª junho em diante estão ganhando 10% a menos e queremos essa recomposição e o poder de compra dos salários dos empregados. É isso que nós queremos, e se precisar fazer a greve para mostrar o quanto é importante essa categoria para os munícipes de Antonina e de Morretes, infelizmente nós vamos ter que fazer. Não nos resta alternativa”, garantiu Faleiros.