Estado oferece apoio no processo de nova identidade de gênero


Por Redação JB Litoral Publicado 11/09/2017 às 21h47 Atualizado 14/02/2024 às 22h10

No início deste ano Raul Deparis procurou o Centro de Pesquisa e Atendimento para Travestis e Transexuais (CPATT). Com 25 anos, o professor de história, embora nascido do sexo feminino, já se identificava como pertencente ao gênero masculino. Era hora de viver sua nova identidade de gênero.

“Eu era um jovem do interior, de uma família de agricultores, não tinha muito acesso à informação. Mas sempre senti muito desconforto com meu corpo, principalmente durante a puberdade. Quando comecei a ter contato com outros transexuais percebi que talvez não fosse um problema pensar em também ser um transexual”, relembra Deparis.

A partir desse contato e da compreensão inicial sobre o que sentia ele foi pesquisar mais sobre mudança de sexo e buscou o auxílio do CPATT. O local, funciona no prédio da 2ª Regional de Saúde, em Curitiba, e oferece acompanhamento médico e psicológico para travestis e transexuais durante a transição.

O serviço foi inaugurado em dezembro de 2013 e, desde então, já atendeu 584 pacientes de todo o Estado – são 331 mulheres trans e 253 homens trans. Entre informações e consultas são cerca de 15 atendimentos diariamente. Atualmente, 250 pacientes ainda frequentam o local.

PROCESSO

A porta de entrada do serviço oferecido pelo Governo do Estado são as unidades de saúde. “Transexuais e travestis com mais de 18 anos que precisam de ajuda neste processo devem, primeiramente, buscar uma unidade de saúde em qualquer lugar do Paraná e pedir o encaminhamento ao serviço”, diz o diretor da 2ª Regional de Saúde, Guilherme Graziani.

No primeiro atendimento o paciente passa por uma consulta com um psicólogo que vai entender as expectativas do acompanhamento. “Os pacientes passam pelo atendimento psicológico e depois para a fase de coleta de dados. O próximo passo inclui uma consulta médica e diversos exames”, detalha a coordenadora do CPATT, Carla Amaral.

A coordenadora explica que muitos pacientes já utilizavam hormônios de maneira irregular antes de frequentar o serviço. “Os exames são essenciais para saber as condições de saúde do paciente e se estão aptos a iniciar o tratamento hormonal, pois é comum utilizarem os hormônios sem prescrição médica e isso pode causar danos à saúde”, diz.

A hormonioterapia foi uma das principais motivações de Deparis para buscar o CPATT. “Eu fiz questão de buscar o SUS para fazer o tratamento, tanto pelas condições financeiras quanto pela segurança. Sei que o tratamento hormonal sem o acompanhamento adequado poderia não cumprir o que é esperado e ainda acabar com a minha saúde”, conta.

O fluxo de atendimento é diferente para cada paciente. As consultas médicas e psicológicas podem ser semanais, quinzenais ou mensais, de acordo com o caso. De janeiro até o final de julho de 2017, houve mais de 400 consultas médicas e 780 atendimentos psicológicos. Foram dispensados mais de 43 mil compridos e 700 ampolas de hormonioterapia.

OUTROS SERVIÇOS

Após um período mínimo dois anos no CPATT, o paciente recebe a indicação para a cirurgia de readequação sexual, popularmente conhecida como cirurgia de mudança de sexo. Apenas cinco estados brasileiros contam com centros hospitalares credenciados para o procedimento: Goiás, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.

O Centro também tem parceria com a ONG Transgrupo Marcela Prado, o Grupo de Trabalho de Direitos Humanos da Defensoria Pública e o Núcleo de Prática Jurídica da Universidade Federal do Paraná para auxiliar os pacientes no procedimento de mudança do prenome e gênero. O serviço fornece o laudo psicológico necessário para dar entrada no processo de alteração do registro civil.

O Centro de Pesquisa e Atendimento para Travestis e Transexuais funciona na Rua Barão do Rio Branco, 465, no Centro de Curitiba. Os atendimentos ocorrem de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas. Em caso de dúvidas é possível buscar as regionais de saúde ou entrar em contato com o CPATT pelo telefone (41) 3304 7567 ou pelo e-mail [email protected] .

 

Fonte:AEN