Bolsonaro vence nas 7 cidades do Litoral, consolidando o conservadorismo na região


Por Luiza Rampelotti Publicado 11/11/2022 às 10h12 Atualizado 17/02/2024 às 21h10
bolsonaro

Apesar de ter vencido a eleição, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu menos votos no Paraná. Enquanto ele fez 2.506.605 votos (37,60%) no Estado, o atual presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) recebeu 4.159.343 votos (62,40%).

A tendência se repetiu em todas as sete cidades do Litoral, onde Bolsonaro saiu vencedor no segundo turno. Em Paranaguá, por exemplo, ele recebeu quase o dobro de votos, foram 54.905 (66,15%) contra 28.097 (33,85%) de Lula. No primeiro turno, Bolsonaro havia recebido 48.442 votos (58,64%); enquanto Lula registrou 26.605, o equivalente a 32,20%. 

Em Antonina, o atual presidente também foi o mais votado: foram 7.596 votos (65,38%) contra 4.022 (34,62%). No primeiro turno, Bolsonaro tinha conseguido 6.795 votos (59,18%), e Lula 3.817 (33,39%).

Guaraqueçaba foi a cidade do Litoral que os votos ficaram mais divididos: foram 2.765 (54,90%) para Bolsonaro e 2.271 (45,10%) para Lula. No primeiro turno, a diferença foi ainda menor: o atual presidente tinha recebido 2.593 votos (49,52%) e Lula 2.299 (43,91%).

Já em Morretes, Lula teve 40,38% do total de votos – 4.293; enquanto Bolsonaro fez 6.339 votos, o que representa 59,62% dos válidos. No primeiro turno, Bolsonaro já havia sido melhor, foram 5.666 votos (53,78%) contra 4.040 (38,34%).


Votação nas praias


Nas cidades balneárias, o atual presidente da República também saiu vencedor. Foram 9.148 votos (58,59%) para Bolsonaro e 6.466 (41,41%) para Lula em Pontal do Paraná, no segundo turno. Já no primeiro, Bolsonaro recebeu 8.262 (52,86%) e Lula 6.105 (39,06%).

Em Matinhos, Bolsonaro teve 58,69% dos votos, foram 13.297 eleitores que depositaram sua confiança nele. Já Lula recebeu 9.358 votos, isto é, 41,31%. No primeiro turno, Bolsonaro havia feito 11.805 votos (52,66%) e Lula 8.736 (38,97%).

Por fim, Guaratuba foi a cidade litorânea onde Bolsonaro foi mais votado. Ele recebeu 68,30% dos votos válidos, isso representa 14.752 eleitores. Lula teve 6.846 votos, ou seja, 31,70%. No primeiro turno, o atual presidente já havia disparado na frente, com 13.350 votos (62,95%) contra 6.412 (30,24%).


Resultado em 2018


No segundo turno das eleições de 2018, quando Bolsonaro foi eleito presidente da República, em uma disputa contra Fernando Haddad (PT), o fenômeno já havia se repetido – ele recebeu mais votos em todas as cidades do Litoral. Contudo, naquele ano, sua preferência foi ainda maior.

Por exemplo, em Paranaguá, ele obteve 75,75% dos votos (59.529) contra apenas 24,25% (19.052) de Haddad. Já em Antonina, ele recebeu 71,13% da votação, ou seja, 7.761 votos, enquanto o candidato do PT teve somente 3.150 (28,87%).

Naquele ano, apenas em Guaraqueçaba ele obteve uma votação menor em comparação com a de 2022, mas, ainda assim, saiu vitorioso por lá também. Foram 2.380 votos (51,46%) contra 2.245 (48,54%) de Haddad.

Em Morretes, Bolsonaro recebeu 6.441 votos (66,74%), e Haddad 3.210 (33,26%). Em Pontal do Paraná, ele teve 68,04% dos votos válidos, foram 8.638 eleitores; enquanto Haddad teve a confiança de apenas 4.057 eleitores (31,96%).

Em Matinhos, Jair Bolsonaro obteve 13.045 votos (68,05%) naquele ano, e o candidato do PT 6.124 (31,95%). E, em Guaratuba, o então presidente eleito recebeu a confiança de 75,67% dos eleitores, foram 13.921 votos. Haddad teve somente 4.476 votos (24,33%).


Força da direita na região


Os resultados das duas votações mostram o quanto o bolsonarismo, na região litorânea, está consolidado. Para a cientista política Aline Sieczko, essa consolidação bolsonarista no Litoral se dá por diversos fatores.

Podemos apontar, entre os fatores, a relação com a história do Paraná, na qual consta fortes indícios de tradicionalidade, ligada aos valores familiares, além da religiosidade fortemente presente na região”, analisa.

Além disso, ela avalia que o crescimento da direita no Litoral também se deve à baixa expressividade dos partidos de esquerda nas cidades litorâneas, indicada, principalmente, pela ausência de um candidato de referência das legendas mais progressistas com destaque no campo político da região.

Também não podemos ignorar o fato de que o bolsonarismo se colocou presente no país inteiro e os estados do Sul do Brasil já são identificados com uma forte presença de ideários de uma direita conservadora”, finaliza.