“Queremos que outras famílias não passem por isso”, diz pai de bebê morto que ficou 10 dias na barriga


Por Publicado 24/01/2022 às 17h01 Atualizado 17/02/2024 às 00h28

O JB litoral vem acompanhando o caso de Bruna de Oliveira, de 21 anos e Dionatan Odeni Alves, 27 de anos. A gestante estava grávida de 7 meses e descobriu que perdeu o bebê no meio da semana passada. O problema foi que o Hospital e Maternidade de Morretes e o Hospital Regional do Litoral afirmavam não poder fazer a retirada do feto. A situação só foi solucionada no último sábado (22).

Bruna e Dionatan, que moram no bairro Raia Velha, enterraram seu filho às 14h desta segunda-feira (24), no cemitério municipal de Morretes. Bruna está bem após o procedimento de retirada que só ocorreu após denúncia realizada pela reportagem.

Em entrevista concedida em live ao repórter Diogo Monteiro, o casal ressaltou o sentimento de impotência por não poder lutar pela vida do filho, além do descaso em não receber auxílio para retirar o bebê morto, já que foram vários dias até que o procedimento, de fato, ocorresse.

Dionatan cobrou justiça para a situação que enfrentou e afirmou desejar que nenhum outro pai e mãe passe pelo sofrimento que eles passaram, principalmente por ser a 2ª vez que eles perdem um bebê. O marido também lamentou a pouca assistência que as pessoas que mais necessitam recebem. “Só porque a gente ganha R$ 50 por dia, não quer dizer que não mereça atendimento e respeito“, reclama o marido.

Durante a transmissão, Bruna se emocionou e não conseguiu relatar a sequência de dificuldades que enfrentou. Usuários das redes sociais desejaram força para os familiares e fizeram cobranças públicas as autoridades municipais e estaduais.

Eu perdi o meu filho, e com essa demora para atender, poderia ter perdido a minha mulher também“, diz Dionatan em tom de emoção. O casal afirma agora querer recomeçar a vida, mas reforçam que é necessário que haja mais preocupação e amor com aqueles que dependem do sistema de saúde pública, excepcionalmente as pessoas mais carentes.

Foto: Diogo Monteiro/ JB Litoral
Entenda o caso

O motivo do óbito, segundo médicos que atenderam o casal, foi o diagnóstico de diabetes que a jovem obteve. Sem saber de sua condição de saúde, Bruna perdeu o 2º filho em pouco tempo. O problema, de acordo com relatos do casal, é que o Hospital e Maternidade de Morretes não dispõe de anestesista especializado nesse tipo de procedimento, por isso, eles foram encaminhados ao Hospital Regional do Litoral (HRL), em Paranaguá.

Mas, na unidade referência não havia leitos disponíveis para realizar o procedimento, então ela foi liberada. Na quinta-feira (20), a jovem foi informada pela unidade de Saúde do município em que reside que seria encaminhada de ambulância até o HRL às 7h da manhã do dia seguinte, mas o veículo não chegou. A resposta veio horas depois, dizendo que continuavam sem leitos.

Em resposta aos questionamentos da reportagem, a SESA informou que está apurando todo o caso com a chefia do Hospital Regional. O HRL disse estar com a unidade com muitos casos de Covid-19 e, por isso, não há leitos disponíveis na maternidade, já que hoje há mulheres que ganharam bebês e estão esperando também a liberação de vagas em outros setores do hospital.

O secretário municipal de Saúde, Aaronson Ramathan, comentou estar acompanhando de perto os desdobramentos do caso. “Estamos apurando no município onde aconteceu o erro. Estou entrevistando vários servidores para saber exatamente o que houve”, ressalta o chefe da saúde de Morretes, ele ainda afirma que as equipes de saúde devem ter falhado na comunicação do caso.

A prefeitura de Morretes, de acordo com o secretário Aaronson, deve divulgar amanhã (25) uma nota sobre a situação.

Confira abaixo a live do reporter Diogo Monteiro com o casal Bruna e Dionatan:

▶️ ▶️ JB AO VIVO 🔴 JB Litoral conversa com mulher que perdeu o bebê e não conseguia realizar procedimento de retirada, em Morretes. Acompanhe:#JBAoVivo #Morretes

Publicado por JB Litoral em Segunda-feira, 24 de janeiro de 2022