Vereador de Paranaguá cobra nova rodovia que ligue a capital ao porto


Por Redação Publicado 23/07/2024 às 09h41
caminhões - estrada
Para solucionar o problema, o vereador sugeriu negociar com a concessionária EPR Litoral Pioneiro a troca da 3ª faixa da BR-277 por uma nova estrada. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Os portos paranaenses têm ampliado seus números de importações e exportações e, em 2024, bateu mais um recorde histórico de janeiro a junho, ao atingir a marca de 33.780.236 de toneladas movimentadas. Mas, mesmo com resultados cada vez mais promissores, a Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) apresentou um estudo, no dia 8 de julho, em que demonstra preocupação com as estruturas que ligam o resto do estado ao porto de Paranaguá, principalmente quando se fala de rodovias e ferrovias.

O levantamento foi feito pelo ex-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) e consultor de logística internacional, Luiz Henrique Dividino, que concluiu que a falta de infraestrutura pode prejudicar as movimentações, o que aumentaria os custos, desde os embarques até os deslocamentos. A FIEP, que faz parte do G6, grupo dos principais setores econômicos do Paraná (composto pela FIEP, Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), Federação do Comércio do Estado do Paraná (Fecomércio-PR), Federação e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Fecoopar), Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap) e Associação Comercial do Paraná), calcula que, em 2030, o setor portuário paranaense já vai apresentar defasagem e prejuízos.

A instituição também afirma que, enquanto não houver melhorias na gestão portuária e nas estradas, o Paraná vai se tornar cada vez menos competitivo do que os portos de estados vizinhos, como São Paulo e Santa Catarina.

Em resposta às críticas da principal organização da indústria paranaense, o vereador de Paranaguá, Luizinho Maranhão (PL), que é portuário de carreira e presidente da Comissão de Obras e Serviços Públicos da Câmara Municipal, protocolou, no dia 12 de julho, um requerimento no qual solicita que o presidente da Casa de Leis, o vereador Fabio Santos (PSDB), oficie o governador Ratinho Junior (PSD), o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, o líder do governo na Assembleia Legislativa (ALEP), deputado Hussein Bakri (PSD), o presidente do Tribunal de Justiça do estado (TJ-PR), Luiz Fernando Tomasi Keppen, e o presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, para que defendam o porto de Paranaguá contra os ataques da Federação das Indústrias. No documento, ele relembra que, em 2015, o porto movimentou 30 milhões de toneladas, enquanto em 2023 foram 65 milhões de toneladas, ou seja 120% a mais em apenas 8 anos.

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Luizinho Maranhão lamentou que o porto parnanguara esteja “refém de apenas um acesso para uma estrada que vem apresentando riscos de derrocagem e não foi projetada para suportar tamanha movimentação”. Foto: Prefeitura de Paranaguá

Nova ligação ao porto de Paranaguá


No entanto, o vereador também cobrou as autoridades estaduais para que trabalhem na construção de uma nova rodovia que ligue a Região Metropolitana de Curitiba ao Litoral. Ele destacou que, atualmente, o porto de Santos, em São Paulo, que é o principal concorrente do porto de Paranaguá, tem dois acessos: pelas rodovias Imigrantes e Bandeirantes. Além disso, já há o estudo para a construção de um terceiro acesso. “Mas aqui no Paraná ainda não se discute a construção de uma nova saída rodoviária e a única opção, que é a BR-277, está em mal estado”, disse.

Luizinho Maranhão lamentou que o porto parnanguara esteja “refém de apenas um acesso para uma estrada que vem apresentando riscos de derrocagem e não foi projetada para suportar tamanha movimentação”. Para solucionar esse problema, ele sugeriu negociar com a concessionária EPR Litoral Pioneiro a troca da 3ª faixa da BR-277 por uma nova estrada. 

Na última terça-feira (16), na tribuna da Câmara, o vereador exigiu respeito ao porto de Paranaguá e convocou as associações comerciais e outras instituições a se unirem para debater a construção de uma nova estrada que seja alternativa à BR-277. Além disso, ele afirmou que, para assegurar avanços nos portos paranaenses, era preciso ter feito outras obras como “os viadutos prometidos na BR-277, e uma poligonal que realmente beneficiasse o porto”. Ele também disse que se na gestão administrativa anterior a da Portos do Paraná tivesse ocorrido os arrendamentos que estão sendo efetuados agora, “muitos dos atuais gargalos não existiriam”.


Vereador cita descaso do Governo Federal


Ainda em resposta às críticas levantadas pela FIEP, o vereador afirmou que os portos do Paraná têm sido preteridos por autoridades nacionais. Um dos exemplos apontados por Luizinho é o de que o ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, liberou, em 2023, R$ 400 milhões para atender a mobilidade urbana e o acesso para a cidade de Santos, visando resolver os transtornos causados pela movimentação de caminhões rumo ao porto paulista. No entanto, no Paraná, sem apoio do Governo Federal, foi preciso que o Governo do Estado atuasse para a construção do Moegão Ferroviário que, após sua conclusão, vai descarregar 900 vagões por dia no porto parnanguara, um aumento significativo de 63% na capacidade de descarga.


Comissão de Obras se reúne com diretor-presidente da EPR Litoral Pioneiro


A Comissão de Obras e Serviços Públicos da Câmara de Paranaguá também se reuniu com o diretor-presidente da concessionária EPR Litoral Pioneiro, Marcos Moreira, para discutir sobre os assuntos citados. Durante o encontro, ele afirmou que deve ouvir a sociedade a respeito da construção de uma nova rodovia que possa desafogar a BR-277. De acordo com ele, não é possível apresentar nenhuma resposta prontamente porque qualquer alternativa rodoviária precisa ser definida por estudos técnicos.

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De acordo com o diretor-presidente da concessionária EPR Litoral Pioneiro, Marcos Moreira, não é possível apresentar nenhuma resposta prontamente porque qualquer alternativa rodoviária precisa ser definida por estudos técnicos. Foto: Câmara de Paranaguá

A iniciativa é louvável. Vamos levar estudos para a ANTT sobre essa demanda, mas é preciso lembrar que a concessionária é um instrumento dos órgãos públicos e cabe às autoridades políticas dar andamento a essa possível implementação de uma nova rodovia”, concluiu Marcos Moreira.

O JB Litoral procurou a FIEP para se manifestar sobre o assunto, no entanto, até a conclusão desta reportagem, não houve retorno.

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