Arte sacra; homem no crochê e trabalhos manuais – Mercado Criativo valoriza o artesão de Paranaguá


Por Luiza Rampelotti Publicado 12/07/2022 às 16h06 Atualizado 17/02/2024 às 12h28

O Mercado Criativo, um coletivo formado por 31 artesãos de Paranaguá, promoveu a 3ª edição de sua feira de artesanato na quinta-feira (7). A ação aconteceu no Centro Comunitário da Costeira e é realizada mensalmente no mesmo local.

A idealizadora, Margareth Gaspar Correia, explica que o conceito do Mercado Criativo é fomentar o empreendedorismo dentro do setor artesanal. “Ainda estamos idealizando, subindo degraus, no terceiro degrau, já que é a terceira edição. Mas o Mercado Criativo surgiu como uma ideia de mostrar o talento e o trabalho desses artesãos, mostrar a arte com muito amor, carinho e dedicação”, comenta.

Ela informa que o coletivo busca valorizar os artesãos locais e que está procurando por lugares mais amplos para que novos profissionais possam expor na feira do Mercado Criativo. “Queremos valorizar os artesãos que nunca tiveram uma valorização, para que as pessoas entendam que a arte faz parte do nosso dia a dia. Faz três meses que a feira acontece no Cento Comunitário da Costeira, mas buscando lugares maiores para dar vazão a mais artesãs”, diz.

Margareth é a idealizadora do Mercado Criativo. Foto: JB Litoral

Os artesãos que quiserem integrar o coletivo devem entrar em contato com Margareth, por meio da página do Mercado Criativo no Facebook. É necessário pagar uma taxa, a qual inclui camiseta, crachá, placas e o espaço personalizado para a exposição.

Arte sacra

Uma das artesãs que expõem no Mercado Criativo é Idinéia Debiasi. Ela conta que aprendeu a fazer artes manuais ainda criança, aos 10 anos, com sua mãe, mas, durante muito tempo, deixou o talento de lado.

Eu parei de fazer porque não gostava, mas agora, há dois anos, me reencontrei na arte sacra”, diz.

Fazendo amigurumis religiosos em crochê há dois anos, Idinéia conta que se encontrou na atual profissão. Católica, ela consegue unir o trabalho à fé. “Eu gosto muito, acho muito bonito e me identifico. Na verdade, me encontrei na arte sacra, comecei a fazer e é algo que não enjoo, cada peça que faço me apaixono. Eu amo fazer”, comenta.

A artesã faz santinhos de crochê, terços, anjos e outras imagens religiosas, e conta que a procura é muito boa, especialmente pela internet. Por meio de seu perfil no Instagram, @idineiadebiasi, ela vende suas artes para todo o Brasil.

Idinéia se reencontrou na arte sacra. Católica, ela consegue unir a fé ao trabalho. Foto: JB Litoral

Os melhores meses são outubro, por conta do Dia de Nossa Senhora Aparecida, e novembro, pelo Dia de Nossa Senhora do Rocio, mas os outros meses também têm uma boa procura, geralmente para presentear”, conta.

Idinéia revela que os principais produtos encomendados são as imagens de Nossa Senhora Aparecida, depois de Nossa Senhora do Rocio e os terços. Ela explica que os amigurumes de crochê de arte sacra podem ser utilizados de várias formas, por exemplo, para Chá Revelação, com imagens de anjos para revelar o sexo do bebê; como lembrancinhas para batizados e primeira comunhão; presente de Dia das Mães etc.

Faço qualquer santinho da devoção da pessoa por encomenda, além de tercinhos e outras artes sacras. Durante a pandemia foi o período em que mais tive procura, acredito que pelo apego por Deus, pela fé, as pessoas procuraram mais”, finaliza.

Homem no crochê

Outro artesão que expõe no Mercado Criativo é Luciano Gonçalves, de 26 anos. Além de confeccionar amigurumis de crochê, ele é proprietário de uma loja de aviamentos e artigos em geral para artesanato.

Comecei a fazer amigurumis há dois anos, um pouco antes de abrir minha loja, no Parque Agari. Resolvi aprender um pouquinho de crochê antes de abrir a loja para entender como funciona e poder orientar os clientes, mas acabei gostando e me empolgando”, diz.

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Hoje, além de fazer a arte manual, ele também ensina outras pessoas o passo a passo através de seu canal no YouTube. Luciano também posta seus trabalhos nas redes sociais, fazendo vídeos para Instagram e TikTok, por onde ele tem uma boa venda. Seu perfil é @luccianogoncalves.

Com uma participação ainda muito baixa dos homens no seguimento do artesanato e artes manuais, Luciano diz que a sociedade ainda tem uma visão de que essa é uma área mais feminina e para pessoas de mais idade. No entanto, ele é firme ao pontuar que não tem vergonha de fazer esse trabalho.

Já enfrentei algumas situações de preconceito, especialmente de olhares desconfiados, e na internet os comentários são muito negativos. Mas não me importo porque sei da minha qualidade e do meu propósito, e é isso que importa para mim”, comenta.

Alguns dos trabalhos de Luciano. Foto: JB Litoral

No Mercado Criativo, em Paranaguá, ele conta que se sentiu muito acolhido pelas mulheres que fazem parte do coletivo. Segundo ele, são elas quem o incentivam e dão apoio para dar continuidade no trabalho.

Suas produções já são, até mesmo, internacionais. No mês passado, Luciano conta que enviou dois trabalhos para a Califórnia, nos Estados Unidos. Além disso, revela que já vendeu para quase todos os estados do país, menos para o Acre.

Sinto que o pessoal de fora valoriza mais o trabalho manual do que quem vive na cidade. Para o produto manual, dedicamos tempo, amor, energia, não é só a matéria prima, tem todo o empenho que a gente tem que ter. Por conta disso, o preço se torna um pouco mais alto, mas é um item único, exclusivo. Por isso, precisamos que o pessoal valorize mais o nosso trabalho, até para incentivar os artesãos”, conclui.