Candidatos questionam divergências em concurso para GCM de Guaratuba; organização e Prefeitura se manifestam


Por Flávia Barros Publicado 10/07/2023 às 19h44 Atualizado 18/02/2024 às 16h22
Concurso teve 3.506 inscritos, muitos deles de fora da cidade. Foto: Prefeitura de Guaratuba

A expectativa era grande para os mais de 3,5 mil inscritos no concurso da Guarda Civil Municipal (GCM) de Guaratuba, cuja prova objetiva ocorreu nesse domingo (9). Mas logo que os candidatos começaram a deixar os locais de prova o assunto começou a repercutir nas redes sociais. De acordo com os candidatos que procuraram o JB Litoral, as irregularidades iniciaram com a quantidade de questões divergentes do que constava em edital, o qual previa 30 questões e no caderno vieram 35. Como se não bastasse a quantidade superior, a numeração estava errada: o caderno de provas continha da questão 1 a 15, depois pulava direto para a questão 21 e seguia até a 40, totalizando 35.

Mas no cartão resposta ir de 1 a 40 já começou a confundir muitos candidatos. Depois teve a questão dos fiscais, uns falavam em uma sala para não respondermos da 36 a 40, que seriam anuladas, outras salas o pessoal já disse que os fiscais orientaram outra coisa”, relata Samara Rodrigues, que mora em Itajaí (SC) e veio até Guaratuba para prestar o concurso.

Outras irregularidades

Ainda segundo Samara, o número de questões e o fato de estarem em sequência que confundia os candidatos, professores e concurseiros apontam outras irregularidades.

Estudamos muita coisa que estava no edital, por exemplo Conhecimentos Gerais que continha história da cidade, sabíamos tudo, não caiu uma questão sequer. Direito Penal, nenhuma; Administrativo, nenhuma. Entretanto, teve questões que não estavam no edital. Só em Constituição Federal, foram três questões fora do edital. Pedia do Art 1 ao 4 em três questões diferentes e no edital constava que só seria abordado do Art 5 em diante”, detalha a candidata.

Samara estudou por três meses, em casa, e comprou um pacote de 12 horas de revisão na véspera da prova.

Além da sequência errada das questões, de cair assunto fora do edital, o que não pode, é decepcionante por todas as horas que empenhamos na preparação prestar uma prova mal elaborada, com questões que claramente precisam ser anuladas e com nível básico e não médio, foi um desrespeito com quem se preparou”, finalizou a catarinense.

Quando nós perguntamos ao fiscal, ele não sabia e chamou a coordenadora. Ela respondeu para fazermos do 1 ao 15, depois da 21 a 35 e deixar em branco da 36 a 40. Acredito e espero que a prova seja anulada, por questões de razão e direito”, comenta outro candidato que entrou em contato com o JB Litoral, o parnanguara Renan Fernandes.

O que diz a organização

Em nota divulgada no site da Coordenadoria Geral de Concursos e Processos Seletivos (COGEPS), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), organizadora do concurso, a instituição reconhece que “houve uma discrepância no número de questões da prova objetiva em relação ao previsto no Edital de Abertura nº 001/2023, o qual seriam 30 questões. Tal discrepância ocorreu devido a um erro interno durante a conferência do caderno de provas, resultando em um total de 20 questões específicas, em vez das 15 previstas no edital. Em decorrência disso, a coordenação do concurso decidiu imediatamente desconsiderar as questões de número 36 a 40 para todos os candidatos”, afirma.

Dessa forma, a instituição defende que todos os candidatos responderam às mesmas questões e igual número, com os mesmos pesos.

Ressaltamos que esse incidente causou momentaneamente desconforto e insegurança aos candidatos, porém, reafirmamos que eles não serão prejudicados de forma alguma. Além disso, informamos que a leitura dos cartões de respostas será programada para não considerar as questões que foram desconsideradas”, finaliza o comunicado.

No gabarito preliminar, divulgado nesta segunda-feira (10), consta das questões 1 a 15 e de 21 a 35.

Possível anulação

Com a repercussão, o prefeito de Guaratuba, Roberto Justus (União) postou um vídeo, na tarde desta segunda, com a informação de que a prova deve ser anulada. Ainda segundo o prefeito, o procurador-geral do município, Ricardo Godoy, também analisa o assunto.

As acusações que temos são muito graves, devem levar à anulação da prova e também devemos responsabilizar a empresa responsável pela execução do concurso”, diz Justus.

Peço também a compreensão de todos porque a gente sabe de todo o transtorno que uma anulação causa, mas é necessário que o processo ocorra com total transparência e lisura”, completa.

Confira o vídeo, na íntegra: