Com filho tetraplégico e sem emprego, pai consegue ajuda da PRF para itens de alimentação; família pede doações


Por Luiza Rampelotti Publicado 09/11/2022 às 13h42 Atualizado 17/02/2024 às 21h03

Uma família passando fome, um pai desesperado, um filho tetraplégico. A triste situação levou Cleverson Felisbino a tomar medidas ‘desesperadas’. Ao avistar uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em patrulhamento na avenida Senador Attílio Fontana, em Paranaguá, ele pediu ajuda.

A agente Leticia Swaroski estava realizando uma fiscalização quando foi abordada pelo homem. “Ele estava totalmente constrangido e falou que estava passando fome, com um filho tetraplégico, a esposa e outros três adolescentes em casa. Disse que estava desempregado, ele estava realmente desesperado. Eu vi que ele era um pai de família que estava falando sério e me propus a conversar com ele mais tarde, quando eu estivesse mais tranquila e peguei o contato dele”, conta.

E foi o que aconteceu. No mesmo dia, à noite, Leticia ligou para Cleverson e pegou o endereço dele. No dia seguinte, um policial rodoviário federal foi até o local para conhecer a situação da família.

Quando o policial chegou na casa, eles choraram de esperança que teriam o que comer. Meu colega viu que a situação era caso de fome mesmo. Então, internamente, fizemos uma campanha e conseguimos arrecadar um valor. Com o dinheiro, fomos ao supermercado fazer uma compra e levamos para eles. Na hora que a gente levou, eles já começaram a tirar as coisas do pacote para comer”, relembra Leticia.


Itens de necessidade


No entanto, ela expõe que a situação é muito complicada e que apenas os agentes não conseguirão auxiliar a família, que precisa de muitas coisas, como alimentos, roupas, calçados, eletrodomésticos (como ventilador) e, especialmente, material de construção para realizar o acabamento da casa. Além disso, eles também precisam de apoio para melhorar o acesso à residência, uma vez que quando chove, é impossível sair com a cadeira de rodas.

A casa é só a sala e cozinha, um quarto sem porta, janela tem poucas, e só tem a porta de entrada, tudo no cimento e tijolo cru, não tem forro, então o calor é demais. Eles não tinham talheres, copos, o acesso é muito ruim. Na verdade, eles precisam de tudo, de material de construção para melhorar o acesso, e o pai mesmo faz, porque ele contou que já trabalhou como pedreiro. Também precisam de roupas, calçados, ventilador”, comenta a agente Leticia.


História da família


O JB Litoral falou com a esposa de Cleverson, Telma Gonçalves, que contou a história de vida do casal e dos filhos. Casados há 20 anos, eles têm dois filhos biológicos e adotaram cinco sobrinhos há 13 anos.

Em 2019, o filho mais velho, Everton, que agora tem 18 anos, foi atropelado por uma caminhonete e ficou tetraplégico. A partir daí, a vida da família começou a mudar.

Até a data do acidente, a gente tinha uma vida normal. Meu marido tinha um ótimo emprego, e eu também trabalhava, estávamos pagando a nossa casa e construindo, mas tivemos que abandonar os serviços porque o Everton ficou três meses em coma em Curitiba. De lá para cá, foi muito difícil para nós, tivemos que nos desfazer das coisas, vender, porque são muitos gastos”, conta Telma.

Para piorar a situação, até hoje a família não conseguiu receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC) – benefício de assistência social no Brasil, prestado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). “O INSS nega o BPC e meu esposo não pode trabalhar de carteira assinada porque eu sozinha não dou conta de atender meu filho. Devido ao acidente, ele ficou tetraplégico, então não senta sozinho, não come sozinho”, diz.

Com o BPC negado, a família sobrevive de ‘bicos’ realizados por Cleverson, desde serviços de limpeza de jardins à venda de reciclados. A família conta que precisa com urgência de melhorias na rua de casa, localizada no Jardim Iguaçu (rua Douglas Borges), pois quando chove, não é possível transportar Everton com a cadeira de roda. Por isso, principalmente em períodos de chuva, o jovem já chegou a perder consultas médicas.

A gente não tinha para onde recorrer”, diz mãe


Tirando as outras coisas que a gente vai levando, precisamos muito arrumar a rua, porque se tá chovendo não dá para tirar ele de casa. Também precisamos dar um acabamento no quarto dele pelo menos e fazer um banheiro separado. É tudo tijolo bruto e piso, então é muito complicado para a respiração dele”, diz.

Telma também comenta que a família precisa de ajuda de um advogado para conseguir o BPC de Everton, uma vez que o valor recebido – um salário mínimo – seria fundamental para comprar os remédios do jovem.

Sobre a ação da PRF, ela conta que ficou surpresa. “Nós nem imaginávamos, foi muito lindo. Quando meu esposo chegou e contou que pediu ajuda da PRF, eu achei que, se eles viessem, iriam trazer uma cesta básica, mas trouxeram tudo o que a gente estava precisando”, comenta.

Telma relembra que naquele dia, final de outubro, a família já não tinha mais para onde recorrer. Cleverson estava catando reciclável e ela avisou que já não tinha mais alimentos.

Cleverson saiu e disse que ia procurar um quintal para fazer algum serviço, mas não tinha mais onde procurar algo para fazer e viu o carro da PRF. Foi inesperado e muito lindo, mesmo sem eles nos conhecerem, porque muitos não acreditam, pois tem muita pessoa que se aproveita, eles vieram, conheceram nossa história, trouxeram as coisas. Sou muito grata, pois realmente estávamos até sem o feijão”, agradece a mulher.

Para a agente da PRF, Leticia Swaroski, foi muito importante ter ajudado a família. “Nós nos sensibilizamos e resolvemos ajudar no que a gente conseguisse, mas precisamos mobilizar mais pessoas. Qualquer ajuda é muito bem vinda para a família”, conclui.

Quem quiser ajudar, pode falar com Telma pelo telefone (41) 99893-2540.