Desaparecido há quase 11 mil dias, Leandro Bossi segue lembrado pela família: “acreditamos que ele está vivo”


Por Redação Publicado 01/07/2021 às 18h04 Atualizado 16/02/2024 às 06h39

Por Marinna Protasiewytch

A repercussão da série de podcasts “Projeto Humanos” e da produção cinematográfica “Casa Evandro”, trouxe à tona um nome que quase passa despercebido. Leandro Bossi, um menino de apenas 7 anos, filho de pais humildes, moradores de Guaratuba, e que 50 dias antes do desaparecimento do menino Evandro, sumiu do litoral paranaense e nunca mais apareceu.

Em entrevista ao JB Litoral, o irmão de Leandro, Lucas Bossi, contou como foram esses 29 anos de buscas por respostas sobre o caso. “É muito emocionante como a gente relembra. Passar todos esses anos e conviver com a falta de alguém da sua família. Quando você não tem uma resposta, simplesmente fica uma lacuna, sempre está faltando alguma coisa”, disse Lucas.

O irmão mais novo do desaparecido ainda conta que, durante todos os anos, eles promoveram comemorações, em alusão ao que não pode ser levado ao menino de apenas 7 anos, antes de sumir em Guaratuba. “O Leandro nunca teve uma festa de aniversário, mas depois que isso [o desaparecimento] aconteceu, como uma forma de lembrar da memória dele, por muitos anos meu pai e meus irmãos, nós fizemos festinha para comemorar o aniversário dele, isso machuca demais. Porque o mês de fevereiro está ali, em uma semana o aniversário dele, e na outra o sumiço dele”, lembrou emocionado.

Cobrança por justiça

Maior defensor da busca por justiça, João Bossi, pai de Leandro, mas também de Lucas, Ademir, Neli, Gabriela e padrasto de Cristiane, nunca deixou de cobrar os órgãos de segurança do Paraná por respostas. Fosse com faixas, com protestos, levantando o assunto e deixando-o sempre em pauta, o ex-pescador nunca desistiu de encerrar a história e desvendar o que aconteceu.

“Meu pai sempre ficou com essa faixa, protestando pedindo que as autoridades buscassem pelo meu irmão, pedindo respostas. Inclusive meu pai, eu posso relatar, nunca teve nenhum tipo de apoio psicológico, nem ele, nem a dona Paulina. Isso é uma coisa que não ocorreu”, pontuou Lucas.

Com a faixa pedindo respostas, João cobrava do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (SICRIDE) a continuidade das buscas por seu filho. Até hoje, apenas o caso de Leandro está em aberto na cidade de Guaratuba, como sendo a única criança com menos de 12 anos desaparecida e nunca encontrada.

“Tudo o que foi apresentado ao meu pai foi de alguma forma ligado ao Caso Evandro. A investigação do Leandro, ela acabou se solidificando junto, e sempre vivemos, dizendo de uma maneira vulgar, ‘à sombra’ do Caso Evandro. A gente acredita no que o meu pai sempre acreditou, que Leandro está vivo”, garantiu Lucas.

#Ondeestáleandro

A fim de manter o assunto em voga, a família Bossi promoveu várias ações para continuar chamando a atenção das autoridades. Uma delas foi um ‘tuitaço’, promovido por Lucas, que ocorreu em uma rede social e movimentou muitas pessoas. “O intuito do movimento é chamar a atenção, causando uma crise de imagem aos órgãos responsáveis em suas redes sociais, até que nos tragam as respostas certas. O tempo mostrou que prender sete pessoas inocentes, por uma crença em conto de bruxaria e magia negra não trouxeram de volta o meu irmão, Leandro Bossi, bem como nenhuma outra criança desaparecida no Paraná”, declarou Lucas Bossi.

Morte de João Bossi

Apesar de nunca ter desistido de procurar pelo filho, João Bossi acabou falecendo aos 67 anos, no dia 30 de abril de 2021, dias antes da série cinematográfica ir ao ar com o episódio narrando o desaparecimento de Leandro. “Ele nunca deixou a esperança morrer, pois durante 29 anos de sua vida procurou incansavelmente seu filho. Durante esses 29 anos lutou contra tudo e contra todos, procurando respostas sobre o desaparecimento”, disse Cristiane Steffen Bossi, enteada de João Bossi, no dia de sua morte.