Patrimônio histórico e cultural do Paraná, Estrada da Graciosa celebra 150 anos


Por Assessoria de Imprensa Publicado 26/08/2023 às 16h24 Atualizado 18/02/2024 às 21h29
Trecho da Serra do Mar é tombado pelo Estado e é reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco. Foto: José Fernando Ogura/Aen

A Estrada da Graciosa (PR-410) completa em 2023 um século e meio de construção. Seus aspectos culturais e naturais lhe conferem valor imaterial, tanto pela importância na cultura local dos municípios de Antonina e Morretes, quanto pela contribuição econômica para a história do Paraná.

Inaugurada oficialmente em 1873, a Graciosa tem uma história que precede a chegada dos primeiros colonizadores ao Paraná.

No século XVII, colonizadores e jesuítas se estabeleceram no Paraná e o então chamado Caminho da Graciosa tornou-se uma via essencial para o transporte de insumos e mercadorias entre Curitiba e as cidades litorâneas.

A estrada era uma popular rota de tropeiros e foi considerada o caminho mais seguro para o transporte de cargas pesadas. Ainda assim, era um caminho estreito e grosseiro, calçado em um dos relevos mais hostis do Brasil.

Somente em 1854, após a emancipação da Província do Paraná, o imperador Dom Pedro II autorizou a construção de uma estrada estadual ligando Curitiba a Antonina. O Caminho da Graciosa serviu de guia para a nova obra que tornaria a via carroçável, concluída em 1873.

O engenheiro civil Paulo Sidnei Ferraz, membro do Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, aponta as inúmeras dificuldades durante a construção, a começar pelo próprio projeto.

Dez engenheiros trabalharam durante 19 anos para que essa obra fosse concluída”, afirma. Dentre os motivos que prolongaram a construção, destacam-se a densa floresta, os ataques de animais, doenças dos operários e brigas políticas.

Rota do café

A Graciosa, como rota logística, presenciou a passagem de produtos de importação e exportação, principalmente o café, que foi elemento econômico essencial para o Estado. Além disso, foi via de passagem de políticos, viajantes e imigrantes, que chegavam ao Paraná pelos portos de Antonina e Paranaguá.

Ferraz conta que, em visita ao Paraná, em 1880, a comitiva do Imperador Dom Pedro II subiu e desceu a Graciosa de carruagem.

Até meados do século XX, a Estrada foi a única rodovia pavimentada a ligar Curitiba ao Litoral. Com a abertura da BR-277, ela passou a servir principalmente como via turística. As curvas sinuosas e a proximidade com a natureza a tornaram um popular destino turístico. Hoje, já pavimentada, reúne espaços históricos relevantes, como pontes, igrejas, recantos e monumentos.

Para Paulo Ferraz, a Estrada é uma relíquia para a história do Estado. “Sua relevância serve de instrumento de preservação para os visitantes. Acredito que a preservação e normatização do uso da Estrada da Graciosa podem potencializar o turismo contemplativo e fortalecer a economia das cidades do litoral”, afirma.

Patrimônio cultural

Embora a Estrada da Graciosa não seja em si tombada, o trecho paranaense da Serra do Mar pelo qual a via atravessa teve seu tombamento efetivado pelo Governo do Estado em agosto de 1986. O tombamento ocorreu conforme a Lei Estadual 1.211/1953, que dispõe sobre o patrimônio histórico, artístico e natural do Paraná.

O Caminho da Graciosa, mais do que um patrimônio cultural dos paranaenses, é um espaço de memória e contemplação”, afirma o historiador da Coordenação do Patrimônio Cultural (CPC) da Secretaria de Estado da Cultura (SEEC), Aimoré Índio do Brasil Arantes.

A área também foi reconhecida como patrimônio mundial da UNESCO e constitui um dos mais belos exemplos de patrimônio cultural, natural e turístico do Brasil.

*Com informações da Agência Estadual de Notícias.