Família reconhece golpistas que vendiam “terrenos falsos” e pede ajuda para recuperar carro


Por Redação Publicado 22/07/2021 às 16h40 Atualizado 16/02/2024 às 08h05

Uma família de Toledo, no oeste do Paraná, estava com quase tudo pronto para mudar ‘de mala e cuia’ para Pontal do Paraná e realizar o sonho de viver no litoral até o final da vida. A dona de casa, Leandra Franco, olhava os anúncios dos terrenos na região em redes sociais e já sonhava com a mudança. Um dia, em abril, viu a oferta de um anunciante particular, no Facebook, de um lote no Balneário Primavera e entrou em contato com ele.

O suposto vendedor concordou em receber o veículo da família, um Fiat Doblò, 2002, placas DGW 6125, de cor cinza, como maior parte do valor do negócio, que fecharia em R$ 19 mil. Com isso, foi marcada data para vir de Toledo e fecharem negócio em Pontal. Chegando no município, encontraram o suposto vendedor acompanhado de uma mulher, em uma papelaria, onde fizeram um contrato particular de compromisso de compra e venda, que foi reconhecida firma em cartório.

Até esse momento, o sonho parecia estar perto de virar realidade. O casal entregou o carro e mais R$ 2 mil em dinheiro, ficando em aberto o valor final de R$ 1 mil para entregar assim que a documentação ficasse pronta. Leandra voltou para Toledo com o marido e fizeram o parcelamento do material de construção para construir a nova casinha onde iriam morar. 

Dois homens e uma mulher foram presos e documentos falsos apreendidos, em ação no último dia 10. Vítimas de Toledo os reconheceram

Mas a filha adolescente do casal alertou a mãe, pois havia visto em redes sociais uma reportagem, no último dia 10, sobre a prisão em flagrante de pessoas que estavam vendendo terrenos, que não lhes pertenciam, no litoral. Com problemas de saúde, Leandra hesitou em ver as fotos dos golpistas, mas quando olhou, diz ter sentido o chão se abrir debaixo dos pés, ao reconhecer, entre eles, os mesmos que haviam tratado com ela e o marido pessoalmente.

Segundo a advogada Kátia Gomes, o casal não desconfiou da transação imobiliária com os estelionatários, que tiraram cópias do contrato e documentos em uma papelaria perto do cartório.

“Em conversa com a funcionária, ela nos relatou que só ali era, pelo menos, o décimo contrato que ela via os supostos vendedores tirando cópias. Esse casal de Toledo tem uma condição de vida bem simples, ela tem problemas de saúde, ele é pedreiro, já havia feito obras aqui no litoral e pensou que poderiam viver tranquilos em Pontal”, disse a advogada.

Dificuldades e coração partido

Com dificuldades financeiras, o casal fez uma vaquinha para custear as passagens e estadia na cidade, mas precisava vir com urgência para tentar reaver o que havia investido no que era para ser o projeto de vida: a casa própria. Depois de praticamente cruzarem o Paraná de ponta a ponta, fizeram o trajeto de 700 km, na última terça-feira (13), e já em Pontal, dessa vez, entristecidos e tensos, diferente da sensação de felicidade e esperança de três meses atrás, procuraram a Delegacia de Polícia.  Com o auxílio da advogada, somente após dois dias de tentativas, eles conseguiram registrar o Boletim de Ocorrência e repassar os dados de um dos homens que participou do golpe e que não está preso, segundo informações que o casal recebeu na delegacia. Enquanto eram atendidos pelo delegado, chegou mais uma vítima dos golpistas.

Para os moradores de todo o litoral, Leandra faz um apelo. “Nos ajudem a recuperar nosso carro, é o único bem que temos, já fomos em vários bairros aqui atrás de pistas, até em Guaratuba chegamos a ir, conseguimos falar com familiares de alguns desses golpistas, mas soubemos deles que não foram presos ainda e devem ter escondido o nosso carro”, disse a dona de casa.

A advogada Kátia Gomes ingressou com uma ação de notícia crime, no Ministério Público do Paraná (MPPR), e também uma ação de busca e apreensão. O caso segue sendo investigado pela Delegacia de Pontal do Paraná.

Por Flávia Barros