Tributo a Amilton Aquim: a despedida de um ícone da comunicação parnanguara e do jornalismo esportivo no Paraná


Por Luiza Rampelotti Publicado 17/11/2023 às 11h17 Atualizado 19/02/2024 às 05h02

Morreu, nesta sexta-feira (17), o parnanguara Amilton Aquin, aos 85 anos; ele estava internado em São José dos Pinhais. Ele, que passou por toda a imprensa paranaense como cronista esportivo e comunicador, era um profundo conhecedor de histórias de Paranaguá.

Amilton foi homenageado pelo JB Litoral no 10º Troféu Imprensa de Paranaguá, evento organizado pelo veículo de comunicação, quando foi escolhido para dar nome à edição. Figura ímpar e marcante na imprensa do Paraná, o profissional de rádio e jornal, entrou na carreira quando ainda jogava campeonato de botão aos 16 anos de idade e acumulou 67 anos de trabalho na área.

Em entrevista exclusiva ao JB Litoral, em 2016, ele revelou que foi em uma brincadeira de narrador e comentaristas de jogos de botão que surgiu a vontade de trabalhar com comunicação. “Foi precisamente no dia 25 de março de 1955, quando a Rádio Difusora era de propriedade dos irmãos José Emilio e Renê Rizental. Estava na Praça Fernando Amaro quando chegou Airton Poli, a quem devo minha entrada no rádio, e me perguntou: Amilton Aquim, você não quer entrar na Rádio Difusora de Paranaguá? Na época existia um programa chamado “A Hora do Esporte”, que era às 18h, feito por João Fernandes Capelão e Francisco Alves Guerra, o Chiquito. Houve uma briga e precisavam de uma pessoa para fazer o esporte. O Airton me levou na rádio e me apresentou ao Sr. José Rizental que me disse que se eu queria trabalhar precisava começar naquele mesmo dia. Fiquei apreensivo e, no final, saí às 11h da manhã da rádio acertado para começar às 18h. Deu uma tremedeira e aquele friozinho na barriga, mas deu tudo certo”, contou.

Trabalho voluntário

Aquim sempre trabalhou de maneira voluntária nas mais diversas rádios que passou: Difusora, Ilha do Mel FM, Litoral Sul FM, Rádio Morumbi, Guairacá, B2, Marumbi de Curitiba e Rádio Independência de Curitiba, a qual foi um dos fundadores. Ele, que era aposentado no Instituto Brasileiro do Café (IBC), revelou que nunca quis receber nada no rádio.

Um momento marcante em sua carreira, descrito por ele mesmo, foi ter sido o único repórter de rádio a cobrir os títulos de campeão brasileiro do Coritiba e Atlético. “É uma das maiores emoções da minha vida”, confessou, em 2016, ao JB Litoral.

Eu fui, presenciei e trabalhei comentando dois times paranaenses sendo campeões brasileiros. Além de assistir ao Coritiba ser campeão sobre o Bangu, no Maracanã, e comentar em 1985, em 2001 o Atlético Paranaense disputou o título do Campeonato Brasileiro com o São Caetano no Estádio Anacleto Campanelli e eu estava lá. Desta vez, não pela Difusora e sim pela Equipe Bola na Rede. Tive o privilégio de ver duas equipes paranaenses serem campeãs do brasileiro e eu trabalhando. Um privilégio que tenho e guardo com muita emoção”, relembrou.

Aquim e sua inseparável máquina de escrever

Outra curiosidade de Amilton Aquim é que, em plena era da internet, ele ainda usava sua inseparável velha máquina de escrever. “Não sei mexer com computador e, até hoje, eu uso a máquina de escrever. Tenho um poeta que me inspirei nele, Carlos Drumond de Andrade, ele usava a máquina dele e eu tenho a minha, que é a minha salvação. Recentemente mandei arrumar, fazer limpeza e trocar as fitas”, disse.

Além de ter passado pelas rádios, ele também trabalhou em diversos jornais impressos. No Diário do Comércio, foi cronista a partir de 1952; passou ainda pela Revista Itiberê e Jornal Imparcial. Em Curitiba, trabalhou para a Gazeta do Povo, Tribuna do Paraná, Diário da Tarde, Paraná Esportivo. Sempre voluntariamente. “A imprensa era a minha cachaça e colaborei com toda a imprensa do Paraná”, dizia.

Sobre ter sido o homenageado da 10ª edição do Troféu Imprensa, Aquim contou que chegou a chorar. “No momento que eu li o jornal e estava estampado que o Troféu Imprensa de Paranaguá 2016 levaria o nome de Amilton Aquim eu chorei na hora, foi muito emocionante. Viver esta emoção, a felicidade de receber esta homenagem, uma pessoa com 78 anos e 60 anos de imprensa, já no fim da carreira receber uma homenagem tão significativa é muito gratificante”, disse.

Amilton Aquim, o eterno “branco que brilhava”, deixa uma lacuna insuperável na comunicação paranaense e, especialmente, parnanguara. Ele também deixa sua companheira de uma vida inteira, Mariana Vallin e uma legião de admiradores e amigos.

O velório será realizado no plenário da Câmara Municipal de Paranaguá, a partir das 18h desta sexta-feira (17).