Viação Pilar suspende atividades em Antonina após crise financeira
A Viação Pilar, uma das mais importantes empresas do transporte coletivo do litoral paranaense, encerrou as atividades em Antonina neste domingo (11). A operadora está ativa no município desde 1971, mas vem enfrentando problemas financeiros e denúncias de irregularidades desde 2015. A conclusão por fechar as portas veio após decisão da gestão da cidade de manter os valores da tarifa.
“Importante esclarecer ainda que desde dezembro de 2016 estamos pleiteando o reajuste da tarifa perante a Prefeitura de Antonina, vez que o último reajuste ocorreu em junho de 2016. Tais solicitações foram efetuadas em 2017, 2018, 2019, 2020 e 2021, porém a Prefeitura se negou à aprovação do reajuste”, diz o comunicado da empresa, que também ressalta que outro ponto para a suspensão das atividades foram o aumento do litro do diesel de R$ 1,89 para R$ 4,50, de 2016 até agora e também a diminuição de 20 mil para menos de 10 mil passageiros por mês no transporte coletivo devido à pandemia de Covid-19.
A nota informando a suspensão das atividades também ressalta que a organização passa por “inviabilidade financeira” e essa condição reflete em “grandes dívidas tributárias, bancárias, prestadores de serviços, fornecedores e outros” informa o documento que também deixa uma mensagem em tom de desabafo. “Gostaríamos muito de ter podido ampliar e renovar nossa frota para que pudéssemos prestar um melhor serviço, porém as dificuldades financeiras decorrentes da inércia da Prefeitura de Antonina e somada à pandemia, não nos deixou outro caminho senão este”, diz.
Contratação da empresa foi considerada irregular
Mesmo só tomando medidas mais drásticas agora, a Viação Pilar passou por sérios problemas nos últimos anos, como a denúncia em 2015 de que a empresa não tinha concessão do poder público para operar desde os anos 2000 – situação inalterada até agora -, e a contratação sem licitação da companhia para operar no transporte escolar do município em 2017, tendo vencido o pregão de disputa nove dias depois por um valor de R$ 500 a mais que a concorrente.
Após vencer a disputa para operar no transporte escolar de 2017, a companhia declarou que não teria condições de prestar à prefeitura os serviços licitados. O Procurador Geral do Município, Dr. Denis Rafael Ramos deu então um parecer pela inabilitação do pregão e considerou grave a conduta da empresa porque a Viação Pilar não poderia “prestar declaração inverídica e colocar em xeque o futuro da contratação e prestação de um serviço tão relevante para a população”. Mas, mesmo com a decisão do procurador, a instituição continuou exercendo suas atividades no município. À época, o JB Litoral, constatou que a prefeitura já havia empenhado R$ 216 mil para a viação, tendo pago quase R$ 100 desse montante.
Já em 2021, os motoristas da empresa denunciaram atrasos de até dois meses no salário, um deles chegou a afirmar que só teria recebido R$ 500 durante todo o mês de dezembro de 2020 e janeiro atual.”Estão atrasados os [salários] de dezembro e janeiro. Me deram somente R$ 500. Aí você recebe essa quantia, mas já está com a luz vencida e cartão para pagar. Ou você come ou você paga. Está difícil para o nosso lado. A vontade é parar, mas se a gente fizer isso, a empresa pode mandar embora por justa causa”, relatou a reportagem um dos motoristas no final de janeiro. Em resposta às denúncias, o gerente da instituição, Juarez Alves, chegou a confirmar a situação mas preferiu não dar detalhes dos motivos dos atrasos.
A prefeitura de Antonina foi procurada para comentar as citações mas nós não conseguimos contato até o fechamento dessa reportagem.
Por Brayan Valêncio
