“Litoral não é intocável”, diz Roberto Justus, em evento dos prefeitos da Regional


Por Publicado 28/09/2021 às 18h41 Atualizado 16/02/2024 às 14h40

Durante a reunião da Associação dos Municípios do Litoral do Paraná (AMLIPA), realizada na tarde de hoje (28), o prefeito de Guaratuba Roberto Justus (DEM) criticou a ideia de que o litoral tem que se manter como está. Para o gestor municipal, a região necessita de melhorias urgentes, mas que esbarram no discurso de que ali não se deve mexer, principalmente devido a questões de infraestrutura.

Justus citou uma “ótica” coletiva sobre como o litoral deve ser gerido. “Eu não entendo o porque que as pessoas veem o litoral como algo intocável, que não pode ser um lar de seres humanos. São pessoas que precisam de saúde, educação, que precisam se locomover, pagar suas contas e ter direitos mínimos à moradia e vestimenta“, argumentou o prefeito.

O chefe do executivo, que está em seu segundo mandato, também trouxe um exemplo concreto de como não consegue dar andamento em algumas questões que, ao seu ver, só trariam benefícios aos cidadãos. “Guaratuba tinha um projeto de 400 casas populares. Custo zero para o município. Ocorreu uma situação de não sair a licença ambiental. Fizemos um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Uma das cláusulas era que o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) iria dar o licenciamento, desde que o parceiro privado realizasse a doação de várias quadras para a prefeitura. O município recebeu essas quadras, e o IAP foi impedido de dar o alvará. No final, perdemos o imóvel, o município perdeu o investimento e o meio ambiente perdeu aquela área, porque está tudo invadido (…) Será que ninguém tem olhos para isso?”, questiona o prefeito, que também cita o descarte de esgoto e lixo nos rios, além de situações irregulares na água e energia elétrica da suposta invasão.

Justus continuou a sua série de críticas ao questionar as oportunidades que deixaram de acontecer por problemas que poderiam ser facilmente resolvidos. “Quantos mais empreendimentos o nosso litoral vai perder por conta dessa situação?“, diz o político ao citar o porto de Pontal e o novo porto de Paranaguá que não saíram do papel.

“Investir no litoral é muito perigoso”

Enquanto fazia sua análise sobre o interesse de empresários em levar novos empreendimentos a regional, o prefeito fez uma comparação com um termo popular, principalmente em períodos eleitorais: o Risco Brasil. Para Roberto Justus, se há o Risco Brasil, também ocorre o Risco Litoral, já que as dificuldades e incertezas são tantas, que acabam atrapalhando no investimento e negociações de melhorias para as cidades locais.

A discussão continuou enquanto era falado sobre o fato de ser necessário garantir um melhor índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a qualidade de vida para os moradores do litoral. Também foi citado a necessidade do apoio da imprensa em relatar as situações, informando a população e desmistificando algumas temáticas, além do apoio da classe empresarial que pode ser uma aliada na tentativa de trazer novidades as sete cidades. Roberto Justus chegou a citar que se sente “fragilizado” ao não perceber um apoio maciço dos grupos sociais em prol das melhorias no litoral.

Outro ponto tocado pelo gestor, foi na questão da falta de peixes na Baía de Guaratuba, devido a quantidade de redes irregulares que operam por lá. “Não há fiscalização. E aí quando a gente faz a denúncia, sabe qual é o retorno que a gente tem? ‘Por que que você não vai lá e fiscaliza?’. Quer que eu fiscalize, eu fiscalizo, mas me deixe licenciar também. Se a gente não pode licenciar, então quem licencie que fiscalize e faça a sua parte. Quem fiscaliza é quem cobra tanta proteção, e que faça isso de uma forma isonômica e não só de acordo com interesses econômicos, porque é isso que parece“, finaliza o prefeito.