Conheça a toninha e outras espécies que mostram a biodiversidade da baía


Por Redação Publicado 29/07/2021 às 09h20 Atualizado 16/02/2024 às 08h36

Uma das metas da pesquisadora Camila Domit, do Centro de Estudos do Mar (CEM), é que a população do Litoral conheça e defenda as espécies que representam a riqueza da baía de Paranaguá. Assim, a data comemorativa do aniversário da cidade serve de motivo para falar sobre a biodiversidade da segunda maior baía do Brasil. E no topo da lista de desejos da bióloga da Universidade Federal do Paraná está a missão de apresentar e proteger a toninha.

É a menor espécie de golfinho, com até 1,8 metro. A estimativa é de que restem apenas 10 mil indivíduos na costa brasileira, de Santa Catarina a São Paulo. Ela também é encontrada na Argentina e no Uruguai, onde é chamada de franciscana. O principal perigo é – além da poluição e do aquecimento das águas do oceano – a pesca acidental. Por tudo isso, é a espécie de golfinho mais ameaçada de extinção no Brasil.

Ela é cinzenta, marrom ou amarelada, bicuda, com a cabeça e os olhos bem pequenos, com marcas características na nadadeira dorsal. As ilhas do Mel, das Peças e das Palmas são os principais pontos no litoral paranaense em que são avistadas. A maior parte tem cerca de 1 metro e prefere águas rasas, muito sujeitas a lixo plástico e a produtos químicos. Há estudos indicando que resquícios de protetor solar podem estar afetando os animais marinhos.

Para contar a população de toninhas, pesquisadores estão usando recursos como drones, helicópteros e aviões. A bióloga, que coordena o Laboratório de Ecologia e Conservação, busca também conversar com pescadores, para entender a prática e buscar formas de diminuir a ocorrência de pesca acidental.

Refúgio

Camila Domit conta que a toninha é confundida, por leigos, com o boto cinza, que aparece em todo o litoral, de Santa Catarina a Honduras, mas está bastante concentrado na baía de Paranaguá. A pesquisadora faz questão de destacar a importância da conservação ambiental para a fauna. Tanto a área de mar como o complexo estuarino (formação costeira característica da confluência de rio e oceano), são de alta dependência. Significa que muitas espécies encontram refúgio na região.

Há tanto os chamados residentes, como arraias, papagaios-de-cara-roxa, guarás e tartarugas-verdes, como os migratórios, que usam o ambiente por um período do ano, como a tainha, os pinguins-de-Magalhães e as baleias. A pesquisadora relata, ainda, que algumas espécies usufruem da baía por períodos específicos, como o Mero, peixe gigante que procura a região na fase juvenil. A baía é considerada um hotspot – termo usado para caracterizar a concentração de grande variedade de espécies. “E só é assim porque ainda existe uma área bem preservada, mas que depende da colaboração de todos nós”, declara.

Novidade

Uma espécie que nunca havia sido registrada em Paranaguá foi avistada pela primeira vez em março de 2021. Uma equipe de monitoramento ambiental da Portos do Paraná flagrou uma ave chamada de mergulhão-grande. A imagem foi feita pelo consultor Leonardo Deconto, nas proximidades da comunidade de Europinha. Na região, havia sido percebida pela última vez em 2016, em Guaraqueçaba.

Trata-se de uma ave migratória, que mede entre 67 e 77 centímetros de comprimento e pesa cerca de 1,6 quilo. Apresenta a cabeça e a cara pretas na fase reprodutiva, com um pequeno, porém distinto, topete occipital. Tem bico longo e afilado, pescoço comprido e castanho, dorso acinzentado e peito branco. Faz um ninho flutuante, com dois a quatro ovos. Para os pesquisadores que monitoram a região da baía de Paranaguá, a presença do mergulhão-grande é um indicador de qualidade ambiental.

Por Katia Brembatti