Novo chefe da PRF no Paraná pretende resgatar a imagem da instituição, “desvinculada de partidos e governos”


Por Luiza Rampelotti Publicado 05/04/2023 às 14h37 Atualizado 18/02/2024 às 08h35


A Superintendência da Polícia Rodoviária Federal no Paraná (PRF) conta com um novo chefe. Desde o dia 13 de março, Fernando César Oliveira assumiu o posto e, na segunda-feira (3), aconteceu a cerimônia de posse do novo superintendente, no auditório da sede da PRF no Paraná, em Curitiba.

Fernando, que é policial rodoviário federal há 10 anos, também é graduado em jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), e especialista em Comunicação Política. Antes de ingressar na PRF, foi repórter da Agência Brasil, jornalista concursado na UFPR e assessor de imprensa em entidades sindicais, no Congresso Nacional e na Câmara Municipal de Curitiba, entre outros órgãos.

Durante metade de sua carreira na PRF, ele trabalhou diretamente na escala operacional, em postos policiais da região de Curitiba e, inclusive, do Litoral. Além disso, foi chefe do Núcleo de Comunicação Social da PRF no Paraná, de 2017 a 2020, quando foi exonerado do cargo após críticas ao governo Bolsonaro durante uma entrevista no “Bom dia Brasil”, da TV Globo. No programa, ele demonstrou preocupação com o afrouxamento da quarentena, o aumento das mortes nas rodovias e o possível colapso do sistema hospitalar durante a pandemia de Covid-19.

Com a exoneração do cargo de chefia, voltou a trabalhar nas estradas e, nos últimos três anos, atuou no trecho da BR-116, entre Curitiba e a divisa com o estado de São Paulo.

Ao JB Litoral, o superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Paraná falou sobre a expectativa para sua gestão; as condições da BR-277 no Litoral e sobre a busca pelo resgate da imagem apartidária da instituição. Confira a entrevista:

JB Litoral: Qual sua relação com o Litoral do Paraná?


Fernando Oliveira: Nasci em Curitiba e sempre frequentei as praias paranaenses. Também já trabalhei na Unidade Operacional de Paranaguá, na BR-277. Trata-se de um posto de fiscalização de grande importância para a PRF e para o Estado, em uma região estratégica para o país.

JB Litoral: De que forma as condições atuais da BR-277 impactam na segurança viária da população?


Fernando Oliveira: O fim abrupto dos contratos de pedágio afetou negativamente a segurança em todas as regiões do Paraná. Não há como negar que a falta de uma concessionária contratada ampliou, também, as consequências dos deslizamentos no trecho da Serra do Mar.

JB Litoral: Qual será o olhar da PRF para a questão levantada acima?


Fernando Oliveira: Vamos dar continuidade ao trabalho conjunto que já vinha sendo realizado com outros órgãos, como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR). Independentemente de questões políticas e de eventuais equívocos do passado, precisamos trabalhar para retomar a normalidade do fluxo de veículos por esse trecho da BR-277, o quanto antes possível.

JB Litoral: Quais medidas estão sendo tomadas pela instituição buscando garantir o trânsito seguro e fluido nas rodovias que ligam ao Litoral do Paraná?


Fernando Oliveira: A necessidade de manter o fluxo em meia pista não permite mágica. O que a PRF vem fazendo nos últimos meses é ampliar o efetivo de policiais lotados no trecho da BR-277 entre Curitiba e Paranaguá. Além disso, nos próximos quatro feriados —Páscoa, Dia do Trabalhador, Tiradentes e Corpus Christi —, vamos manter as restrições para veículos de carga articulados, que são as carretas, bitrens e cegonhas. O principal objetivo dessa medida é reduzir a incidência de filas quilométricas e aumentar a segurança da rodovia.

JB Litoral: Qual será o principal foco da sua gestão à frente da PRF?


Fernando Oliveira: Vamos equilibrar a ênfase em combate ao crime com destaque em segurança no trânsito. Uma área de atuação não deve excluir a outra. A ideia é retomar, por exemplo, nossas ações de fiscalização de excesso de velocidade. A principal vocação da Polícia Rodoviária Federal é preservar vidas. Vamos apostar nisso: segurança viária. Sem deixar de exercer o papel fundamental de combate à criminalidade, especialmente nas regiões de fronteira aqui do Paraná, onde temos uma forte atuação contra o tráfico de drogas, de armas e o contrabando. Também vamos combater crimes típicos das rodovias, como furtos e roubos de carga, embriaguez ao volante, rachas de trânsito entre outros.

JB Litoral: Qual sua expectativa com o novo governo federal no que se refere à PRF?


Fernando Oliveira: Espero que a Polícia Rodoviária Federal consiga resgatar sua imagem de polícia cidadã, desvinculada de partidos e governos. Uma polícia eficiente e preocupada com os direitos humanos, o que inclui os direitos de seus servidores. Somos um órgão de Estado, que deve executar as políticas públicas definidas pelo governo eleito, mas sempre de acordo com o que prevê a legislação. É inegável que a PRF teve sua imagem afetada negativamente nos últimos anos. Temos muito trabalho pela frente. Estou otimista. Acredito que a PRF reúne totais condições para recuperar a credibilidade e o respeito da sociedade brasileira. Temos uma história a ser preservada. Eventuais erros devem ser reconhecidos e servir de lição para o futuro. Independentemente de qualquer posição ideológica individual, todo brasileiro ou brasileira precisa confiar no trabalho de suas polícias. À frente da PRF, vamos trabalhar para reconstruir essa relação de confiança.