Paranaguá figura na lista das 50 cidades mais violentas do Brasil; número é decorrente do narcotráfico, aponta Polícia Civil


Por Amanda Batista Publicado 21/07/2023 às 10h39 Atualizado 18/02/2024 às 17h48
Segundo a Polícia Civil, 80% das mortes foram de criminosos ligados ao tráfico de drogas. Foto: Fábio Dias/EPR.

Em 2022, o município de Paranaguá registrou um dos maiores índices de mortes violentas intencionais (MVI) do país, é o que apontam os dados da 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Segundo a Polícia Civil, o alto percentual de homicídios acontece por conta do tráfico organizado.

Conforme o anuário, que considera o índice de MVI em cidades com população acima de 100 mil habitantes, Paranaguá está na 34ª posição do ranking, com 62 homicídios registrados em 2022. Neste total, estão incluídas vítimas de homicídio doloso, latrocínio, feminicídio e lesão corporal seguida de morte.

A cidade também lidera o ranking no estado, seguida de Almirante Tamandaré (44ª posição) e Campo Largo (46ª). O número significativo de homicídios continuou no primeiro trimestre de 2023, quando Paranaguá registrou 29 homicídios, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública.

Paraná lidera na região Sul

Ainda segundo o anuário, o Paraná é o estado com maior número de mortes violentas intencionais da região Sul, com um total de 2.595 homicídios, um aumento de 7,4% em relação a 2021.

Apesar da alta, houve pequenas variações entre os percentuais registrados desde 2016, ano em que houve um aumento significativo de mortes violentas em todo o Brasil, por conta do racha entre as duas maiores organizações criminosas do país, o PCC e o Comando Vermelho, aponta o anuário.

Disputa entre facções em Paranaguá

Assim como no Brasil de 2016, 83% das mortes violentas ocorridas em Paranaguá entre 2022 e 2023 estão relacionadas ao tráfico de drogas, conta o delegado da Polícia Civil, Rogério Martin de Castro. Ele explica que, devido a lucratividade do narcotráfico, as facções disputam entre si o domínio da cidade.

Delegado Rogério de Castro concedeu entrevista exclusiva ao JB Litoral falando sobre a violência na cidade. Foto: Reprodução/JB Litoral

Paranaguá é uma cidade portuária, e a julgar pelo volume de drogas apreendidos pelos órgãos de segurança pública e pela Receita Federal, o lucro advindo do tráfico é enorme. Então, esse lucro despertou o interesse de facções criminosas que agora disputam pelo domínio da região”, destaca o delegado.

Segundo o delegado, das 29 mortes violentas ocorridas no primeiro trimestre, 23 se deram contra pessoas comprovadamente ligadas a facções criminosas. Deste total, 20 tinham antecedentes criminais e 12 já haviam sido presas em virtude da prática dos crimes de homicídio, tráfico de drogas ou porte de armas.

Os traficantes representam uma parcela esmagadora desse número, é tanto, que cerca de 30% dos inquéritos instaurados se encerram porque o suspeito foi morto meses depois por integrantes de alguma facção rival”, afirma Rogério.

Ações de combate ao tráfico

Ainda conforme o delegado, o Governo do Estado do Paraná, através da Secretaria de Segurança Pública e do Departamento da Polícia Civil, atento ao crescimento constante dos índices de homicídio, no primeiro dia útil de 2023 designou três novos delegados para atuar em Paranaguá, além de criar uma força tarefa que se iniciou em dezembro de 2022.

O resultado deste incremento não foi imediato porque a apuração desses crimes é complexa e extensa. Porém, a partir de março, quando os resultados das investigações começaram a aparecer, encontramos provas robustas”, ressalta Rogério.

Conforme o andamento das investigações, a Polícia Civil cumpriu 52 mandados de prisão, o que impactou as disputas entre as organizações criminosas.

Eles foram retirados do convívio em sociedade e agora estão pagando pelos crimes que já cometeram. Em conjunto com a Polícia Militar (PM) e a Guarda Civil Municipal (GCM), trabalhamos para trazer mais segurança aos cidadãos de bem que aqui moram, cessando essas práticas criminosas”, conclui o delegado.