“Vou dar vários tiros”, casos de violência doméstica contra a mulher crescem no litoral


Por Diogo Monteiro Publicado 22/07/2021 às 21h59 Atualizado 16/02/2024 às 08h08
Violência Doméstica

Os casos de violência contra a mulher cresceram durante a pandemia, mas acabam virando subnotificações por conta do isolamento da população. Além das agressões verbais e de cunho sexual, o número de denúncias relacionadas a agressões físicas e ameaça de morte se tornaram manchete, ligando um sinal alerta para a prevenção de novos feminicídios no litoral.

Nesta quinta-feira (22), dia estadual de combate a violência doméstica no Paraná, as autoridades chamam atenção para os comportamentos que facilitam esta prática. A data foi instituída por lei estadual sancionada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) em 2019, e que tem como objetivo incentivar e unificar ações de prevenção à violência contra a mulher.

“A sua hora vai chegar”

Um caso recente de violência contra a mulher aconteceu nesta semana. Segundo o boletim de ocorrência, uma equipe da Polícia Militar foi acionada na madrugada de segunda-feira (19). A vítima contou aos policiais que seu ex-marido invadiu a sua casa arrombando o portão.

No interior da residência o homem começou a agredir a vítima verbalmente e passou a ameaça-lá de morte. Assim que ele saiu do local, a mulher rapidamente acionou a equipe da PM e enquanto os policiais confeccionavam o boletim de ocorrência, ela recebeu uma mensagens de voz via WhatsApp. As mensagens eram do agressor, que começou novamente fazer as ameaças a ex-esposa. Em um dos áudios ele disse: “A sua hora vai chegar”, “vou dar vários tiros”.

Questionada se realmente o homem portava arma de fogo, ela confirmou que o ele costumava andar armado. De posse das informações, a polícia realizou patrulhamento pela região, mas não encontrou o suspeito. A vítima foi orientada a fazer o pedido de medida protetiva na Delegacia Cidadã de Paranaguá.

Outros casos e quais são as orientações

Em entrevista exclusiva ao JB Litoral, a promotora de Justiça, Carolina Dias Aidar de Oliveira, da comarca de Matinhos, contou que a pandemia tem mascarado, e muito, os casos de violência doméstica, por conta do confinamento das vítimas que ficam em casa com os agressores neste momento de prevenção à Covid-19. “Com a pandemia, houve um mascaramento dos números de violência doméstica, por conta do que acompanhamos na imprensa, acerca da subnotificação da violência contra a mulher. Muitas dessas mulheres ficaram em casa com os agressores, principalmente, nos primeiros dias onde o isolamento foi maior, o que dificultou que as vítimas procurassem algum amigo, familiar e até mesmo o apoio da polícia”, destacou a promotora.

Em Matinhos, uma mulher conseguiu pedir ajuda a caixa do supermercado, enquanto fazia compras com o agressor. São sinais que devem ser percebidos e por isso é preciso “meter a colher” sim no relacionamento, o que segundo, a promotora, pode evitar um feminicídio. “Atendemos aqui um caso onde a vítima estava realizando compras em um supermercado junto com o seu companheiro e através de um bilhete ela conseguiu passar a mensagem para a atendente e informou que sofria agressões físicas. Por isso é importante ficar atento aos sinais e é preciso se meter nessa relação para evitar o pior, a violência sempre tende a terminar em morte”, destacou a promotora.

Hoje, o Paraná tem canais de denúncias anônimas, como os telefones gratuitos 180 (nacional) e 181 (estadual), que permitem que outras pessoas também avisem a polícia sobre casos de violência contra a mulher.

Em Paranaguá as denúncias podem ser feitas através dos telefones 153 e a denúncia será feita para a equipe da Patrulha Maria da Penha. Além dos telefones da Secretária Municipal de Segurança pelo 3420-6009, Guarda Civil Municipal 3420-6166 ou através do telefone do Comando Operacional 3420-6124 .