Empreiteiro da OAS cita Gleisi e mais 13 investigados


Por Redação JB Litoral Publicado 27/01/2016 às 03h00 Atualizado 14/02/2024 às 11h59

Mensagens rastreadas pela Polícia Federal a partir de aparelhos celulares do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro revelam que o empresário manteve contato ou fez citações a 14 investigados no STF (Supremo Tribunal Federal) por suspeita de participação no esquema de corrupção da Petrobras. Léo Pinheiro já foi condenado a mais de 16 anos de prisão na Operação Lava Jato, pelo juiz federal Sergio Moro, de Curitiba. A lista dos citados inclui a senadora paranaense e ex-chefe da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann (PT).

As mensagens mostram negociações para encontros, lobby sobre temas em debate no Congresso, pedidos de doação ao empresário – alguns mascarados por nomes de ruas ou favores-, além de informações sobre presentes distribuídos para os políticos. A Procuradoria-Geral da República ainda analisa as conversas para saber se há indícios de crimes para decidir se vai pedir novas investigações ao STF ou se usará o material para reforçar os trabalhos que já estão em curso no tribunal.

Dos 14 citados, só há trocas diretas de mensagens entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Ciro Nogueira (PP-PI) – no caso desses dois últimos, para marcar encontros. Além de Gleisi, entres os políticos alvos do Supremo que aparecem no relatório estão também os senadores Edison Lobão (PMDB-MA), Fernando Bezerra (PSB-PE), Romero Jucá (PMDB-RR), Fernando Collor de Mello (PTB-AL), Delcídio do Amaral (PT-MS), Humberto Costa (PT-PE), além do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Todos esses 14 investigados Jato negam envolvimento com corrupção e, no caso dos políticos, dizem que recursos recebidos foram doações oficiais. Gleisi tem afirmado que não há irregularidades em suas contas de campanha.

Na semana passada, veio à tona a informação de que o empreiteiro da OAS gostava de presentear autoridades do governo federal, entre elas a senadora paranaense, que ocupou a chefia da Casa Civil entre 2011 e 2014. Segundo essa versão, Léo Pinheiro era lembrado por assessores das datas comemorativas e aniversários de ministros e altos assessores do Planalto. De acordo com o jornal O Globo, em 5 de setembro de 2012, Marcos Ramalho, secretário do executivo, lhe mandou uma mensagem, lembrando que no dia seguinte seria aniversário de Gleisi. “Dr. Zardi sugeriu que envie um Lenço da Hermés. tudo bem para o sr?”, pergunta Ramalho, fazendo referência ao então diretor de Relações Institucionais da OAS, Roberto Zardi Ferreira.

No ano seguinte, em 18 de setembro de 2013, Ramalho escreveu: “Dr. Leo, a ministra Gleisi Hoffman enviou para o Senhor e D. Mariangela (mulher de Pinheiro) um cartão de agradecimento pelo (sic) lembrança do aniversario (sic) dela. Vou scanear (sic) e enviar para o Senhor”.

Em 2014, em 6 de setembro, novo presente para a então ministra. Mensagem de um número de celular sem identificação diz: “Sen. Gleisi Hoffmann foi entregue no final da tarde de ontem pelo Barreto em sua res. em Brasília”.

Refinaria

Os deputados que respondem a inquérito no Supremo e são citados são Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), José Mentor (PT-SP), além de Cunha. O advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do TCU (Tribunal de Contas da União) Aroldo Cedraz, também consta no levantamento.