Resíduos poluentes foram encontrados em 16 praias do Litoral, é o que aponta pesquisa da UFPR


Por Gabriel Santos Publicado 31/03/2022 às 12h05 Atualizado 17/02/2024 às 05h08
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Pesquisa conclui que muitos dos materiais encontrados são difíceis para achar uma

Segundo pesquisadores do campus do Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), das 19 praias do Litoral, 16 apresentam fragmentos de microplásticos (MP), o resíduo é consequência das quebras das partículas do polímero – produto derivado do petróleo – que são usualmente achados no ambiente marinho.

Durante visitas de campo realizadas em dezembro de 2020, foram coletadas amostras nas regiões costeiras da Baía de Paranaguá, Antonina, Laranjeiras e na Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba. Das análises feitas em duas semanas, boa parte das substâncias obtidas para o estudo são os isopores e os fragmentos de materiais decompostos de outros objetos.

Entre as localidades que mais foram descobertas a presença do poluente – com menos 5mm, estão a Ilha das Peças, em Guaraqueçaba, e a Ponta do Ubá, comunidade localizada em Paranaguá. Os dois locais apresentaram uma grande quantidade de MP em suas águas.

De acordo com os cientistas, as pequenas partículas de plástico são uma ameaça para a comunidade caiçara que vive da pesca, a própria fauna e, também, os consumidores dos pescados.  “O tamanho das partículas dificulta a retirada do meio ambiente e também favorece sua interação com uma gama muito maior de organismos marinhos, o que tem um efeito cascata na fauna marinha, via processos de bioacumulação e biomagnificação. Por isso, a investigação de microplásticos cresceu exponencialmente na última década”, explica o mestre em Sistemas Oceânicos Costeiros da UFPR, Mateus Farias Mengatto.

Enquanto o Rio Itiberê, a Ponta da Pita e Ilha Rasa da Cotinga não registram nenhuma partícula do poluente, as áreas próximas ao terminal portuário Dom Pedro II, como a Ilha do Teixeira, Piaçaguera e Eufrasina mostraram a existência de substâncias utilizadas nas pinturas dos navios cargueiros.

Mapa de localização do Complexo Estuarino de Paranaguá; Pontos vermelhos – praias onde foram encontrados microplásticos; pontos verdes – praias onde não foram encontrados; Mapa: Mateus Farias Mengatto

A pesquisa intitulada de “Panorama Histórico e Perspectivas Futuras Frente a Ocorrência de Estressores Químicos Presentes no Complexo Estuarino de Paranaguá (EQCEP)” foi financiada com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no projeto “Baías do Brasil”.

A coautora do trabalho, a doutora em oceanografia do CEM, Renata Hanae Nagai, destaca a finalidade do artigo publicado na revista científica “Marine Pollution Bulletin”. Queremos fornecer informações sobre a qualidade ambiental da região para a sociedade e tomadores de decisão, visando a conservação e uso sustentável do ambiente costeiro”, afirma Nagai.

Com informações da UFPR