Com todos os acessos bloqueados, pacientes não conseguem voltar e são abrigados em Curitiba


Por Flávia Barros Publicado 29/11/2022 às 23h49 Atualizado 17/02/2024 às 22h50

Elas são parnanguaras de Porto Seguro, Vila Paranaguá, mas também são matinhenses, pontalenses e guaraqueçabanos. Pessoas de toda a região que fazem o chamado “êxodo da saúde” e madrugam para pegar a estrada e ir em consultas e tratamentos em hospitais de Curitiba e região metropolitana. Os tratamentos são possíveis graças aos convênios mantidos entre as secretarias estadual e municipais de Saúde. E no final da madrugada desta terça-feira (29) lá foram elas, na chuva, para cuidar da saúde. Mas um outro deslizamento ocorrido durante a manhã pegou os pacientes que subiram a Serra do Mar de surpresa. Os acessos ao litoral pela BR-376, em Guaratuba, e Estrada da Graciosa, em Morretes, já estavam completamente interrompidos desde a noite de segunda (28), devido a deslizamentos, mas um novo incidente aconteceu nas imediações do quilômetro 40 da BR-277, em Morretes, interditando completamente as pistas da rodovia no sentido Paranaguá, bem próximo do ponto onde já havia o tráfego mais lento em decorrência da queda de uma barreira, no mês passado.

SEM TER COMO VOLTAR

Devido à nova interrupção, os pacientes que já haviam subido a Serra ficaram sem ter como voltar e, no final da tarde, foram recebidos por equipes da Defesa Civil e secretaria da Saúde de Curitiba no Centro de Esporte e Lazer Avelino Vieira, equipamento mantido pela Prefeitura da capital.

Estamos acolhendo, vamos dar pousada, alimentação e o translado que for necessário. Aqui eles chegam, verifica-se o estado clínico, qual a situação do paciente, se veio para uma consulta eletiva ou se está passando por tratamentos, como quimioterapia, e aqueles que não tiverem parentes aqui, encaminhamos para os hotéis sociais”, disse o secretário de Defesa Social de Curitiba, Pericles de Matos, ao JB Litoral.

Muitos familiares têm entrado em contato preocupados, mas pedimos que mantenham a calma e reforçamos que todos os pacientes estarão seguros e acomodados até que possamos retornar a Paranaguá”, salientou o superintendente de Transporte e Logística da Prefeitura de Paranaguá, Gerson José Ribeiro.

“Nunca vi isso”

Morador do Porto Seguro, o aposentado Osmar Silva, 72 anos, era um dos 129 passageiros, entre pacientes e acompanhantes, que saíram de Paranaguá e estavam entre os 50 que precisaram ser encaminhados para hotéis na capital. Ele faz tratamento oncológico no Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul.

Vim fazer meu último exame, não fazia ideia de que não conseguiria voltar para casa. Agora vou tentar falar com a vizinha porque saímos de casa pensando em voltar no final do dia, vou pedir para ela dar uma olhadinha na casa até conseguirmos voltar. Fui caminhoneiro muitos anos, vi muita coisa nas estradas fora daqui, mas nunca vi algo assim, com tantos deslizamentos aqui no Paraná”, falou em conversa com o JB Litoral.

A parnanguara Benta de Campos, 70 anos, também está em tratamento no Angelina Caron. “Vim me consultar, essa barreira caiu e não conseguimos mais voltar. Agora vou para a Casa de Apoio e eles vão me fornecer a medicação que eu uso, porque eu não trouxe nada”, explicou a moradora de Vila Paranaguá à reportagem que acompanhou a chegada dos pacientes, em Curitiba.

REMARCAÇÕES

A Prefeitura de Paranaguá informou que nesta quarta-feira (30) não poderá levar os pacientes para consultas e tratamentos marcados para fora da cidade, mas que está fazendo o possível para remarcar as consultas para uma data mais próxima. Já Pontal do Paraná se manifestou no sentido de informar a suspensão temporária dos transportes de pacientes para Curitiba e região metropolitana.

SUPORTE

A PRF confirmou que o bloqueio será mantido durante toda a noite e madrugada de quarta-feira (30) no km 60 da BR-277, em São José dos Pinhais, sentido Litoral, devido à queda de barreira no km 41. Apenas uma faixa segue liberada para quem vem em direção à Curitiba.