Nilo Ribeiro, secretário de Indústria e Comércio de Paranaguá morre vítima da Covid-19


Por Redação Publicado 27/05/2021 às 00h31 Atualizado 16/02/2024 às 03h27

Por Brayan Valêncio

Foi confirmado no início desta madrugada (27) a morte do vereador licenciado e atual secretário de Indústria e Comércio de Paranaguá, Nilo Ribeiro Monteiro, aos 44 anos, em decorrência de complicações da Covid-19.

O secretário, que estava internado desde o dia 13 de maio no hospital Angelina Caron, na Região Metropolitana de Curitiba, morreu às 20h54 de ontem (26), após os pulmões não suportarem o agravamento da condição de saúde. Nilo deixa a esposa Daniella Nayana Dieguiz Pinheiro, que está grávida, dois filhos, de 25 e 07 anos, e uma neta de 01 ano.

Nascido no dia 17 de maio de 1977, em Morretes, era filho do casal Nilo e Cleoni e tinha cinco irmão: Simone, Márcio, Denise, Ingrid e Cássio. Formou-se em Administração e era proprietário da TOP RH Soluções em Recursos Humanos. Atualmente cursava faculdade de Gestão Pública. Foi intubado no dia do aniversário e morreu nove dias após completar 44 anos.

Durante a juventude, foi líder de grêmio estudantil, além de participar de grupo de Fandango. No início da década, Nilo presidiu o Grêmio Recreativo Desportivo Cultural São Vicente, cuja escola de samba foi seis vezes campeã consecutiva do carnaval de Paranaguá, de 2006, ano em que dividiu o titulo com a Mocidade do Jardim Santa Rosa, até 2011.

Foi eleito pela primeira vez em 2016, com 1.438 votos e reeleito em 2020, com 1.486 votos. Apesar da reeleição, no dia 01 de janeiro de 2021 tomou posse como secretário da Indústria e Comércio de Paranaguá, na 2º gestão do prefeito Marcelo Roque (PODEMOS). O político foi líder na câmara de vereadores do governo municipal até 2020 e era presidente do Progressistas em Paranaguá. Durante o período no poder legislativo, o então vereador apresentou 222 projetos de lei, dos quais 72 viraram leis municipais.

Nilo e a esposa Daniella Nayana Dieguiz Pinheiro, que está grávida do 3º filho do secretário.

Entenda o histórico de internação

Internado desde o dia 13 de maio, na cidade de Campina Grande do Sul, devido à infecção de Covid-19, o quadro do político se agravou ao longo do tempo. No dia 17, Nilo foi intubado e passou a precisar do medicamento Actemra, uma substância que não é distribuída pelo SUS ou plano de saúde. Devido a alta demanda e do estoque em falta, familiares e amigos organizaram uma vaquinha coletiva para custear o tratamento no dia 18.

Já no dia 20, houve uma melhora e então os médicos optaram pela extubação e deixaram o secretário com ventilação na máscara de oxigênio. Nesta data a saturação do político estava em 90%. O informativo do hospital dizia que “o estado de saúde ainda é grave, mas ele está acordado e pouco sedado”. Porém, no mesmo dia houve a necessidade de voltar à intubação.

Uma nota divulgada na tarde do dia 21 informou os motivos da opção por retornar à fase anterior de tratamento. “Por ter usado relaxantes musculares para o manter sedado e intubado por 3 dias, ocorreu uma inflamação que causa uma demora na volta à normalidade da musculatura. Por este motivo não houve possibilidade de mantê-lo na ventilação em oxigênio na máscara. Então, ele foi submetido a nova intubação, na noite de ontem, mantendo a estabilização da saturação. [O quadro clínico] apresenta bons resultados nos exames de sangue; função renal regular; fígado em boas condições e está corado”, explicou o comunicado.

Já no Boletim Médico desta segunda-feira (24), às 13h, ele continuava intubado, com quadro regular e sedado. Haveria a tentativa de retirar os aparelhos de intubação nas próximas 48 horas se houvesse boa evolução do quadro; pressão estável com medicamento; saturando regular; e função renal preservada. A nota de ontem (26) afirmava que ele seguia intubado, não se cumprindo a expectativa de retirada dos aparelhos.

Apesar de ser considerado um caso estável e não demonstrar melhoras aparentes, pessoas próximas ouvidas pelo JB Litoral torciam pela recuperação do político. No ínicio da madrugada, foi confirmado a morte de Nilo Ribeiro, após 14 dias de internação.

Prefeito lamenta

O primeiro político a vir a público lamentar a morte do secretário de Indústria e Comércio de Paranaguá, foi o prefeito do município Marcelo Roque. Em uma rede social, o chefe do executivo postou “Não estou acreditando que meu amigo Nilo se foi. Deus conforte todos da família. ‘Combateu um bom combate, terminou a corrida, guardou a fé'”, disse o prefeito ao postar uma foto de Nilo Ribeiro.

Até as 02h30 da manhã, cerca de uma hora após a postagem do prefeito, o post contava com 1.300 reações, 225 compartilhamentos e 527 comentários lamentando a morte do secretário.

O prefeito de Paranaguá, Marcelo Roque (PODEMOS), lamentou a morte do político que foi líder do governo na câmara e secretário municipal.

Família realizou vaquinha coletiva

Com o agravemento das condições do secretário e devido a necessidade de garantir um melhor tratamento, a amiga de Nilo Monteiro há mais de 30 anos, Janiffer Alves Tramujas, abriu, no dia 18, um canal de arrecadação de dinheiro, a vaquinha virtual com ID 2087246, para comprar o medicamento que o secretário passou a depender.

As doações foram feitas por PIX e também na conta bancária em nome de Bruno Alves Cunha de Oliveira, que é amigo do secretário há 20 anos, foi assessor legislativo na gestão passada e chefe da Seção de Compras (SECOMP) na empresa pública Portos do Paraná, em 2019.

Para Bruno, auxiliar na recuperação de Nilo foi um gesto de gratidão. “Eu o considero muito. O Nilo já fez muito por todos que pediram ajuda a ele, independente da necessidade. Estou só retribuindo o que ele fez de melhor na vida, que é se doar por todos e auxiliar o próximo“, comentou o amigo pessoal.

Com menos de 24hrs de arrecadação, a meta foi atingida e a publicação na plataforma Vakinha foi encerrada. Um texto de agradecimento foi distribuído entre os apoiadores, amigos e familiares, ressaltando o carinho e empenho dos mais próximos em atingir o objetivo em tão pouco tempo. “Agradecemos a todos os amigos que se disponibilizaram a ajudar nesse momento tão difícil. A você que ajudou financeiramente ou em orações, que Deus cubra sua vida de bênçãos. Vamos continuar orando para que ele continue a melhorar rápido, como ele já vêm fazendo.”, diz um pedaço da mensagem. Outro trecho cita que os remédios foram obtidos com sucesso. “Nós já conseguimos toda a medicação necessária no momento. Não temos palavras para expressar nossa gratidão a todos os que estenderam a mão”, dizia o informativo.

Meta atingida

O valor obtido durante as horas que o financiamento coletivo ficou disponível chegou ao total de R$ 9.560,00. Desses, R$ 656.34 ficaram com a plataforma, resultando em um valor líquido de R$ 8.903,66 para a compra do remédio Actemra (800mg/0,9ml), que teve o preço estipulado entre R$ 7 mil e R$10 mil, cada caixa de injeção.

O elevado custo do medicamento, divulgado em torno de R$ 2.000,00 pelo deputado estadual Galo (PODEMOS) no plenário da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), se deve à alta demanda no mercado nacional, em paralelo com o pouco estoque disponível.

O Sistema Único de Saúde (SUS) e os planos particulares não oferecem a medicação, dificultando ainda mais o acesso daqueles que necessitam realizar algum tipo de tratamento. Apesar do sucesso em obter o produto farmacológico, uma nota distribuída pela assessoria do secretário na quinta-feira (20) demonstra que foi trabalhoso atingir êxito na compra.

Na cotação de ontem (19), este medicamento era encontrado com valores entre R$ 7.500,00 e R$ 31.000,00. Em algumas regiões chega a custar R$ 80.000,00 a caixa. Hoje, 20 de maio, é praticamente impossível encontrá-lo no mercado por qualquer valor”, explicou a nota.

O financiamento coletivo atingiu a meta proposta em menos de 24 horas graças aos esforços de amigos e familiares do político.

A medicação

O Actemra é um medicamento injetável que deve ser administrado apenas por médicos ou enfermeiros. Sua função é combater as artrites reumatóides, doença autoimune em que o próprio paciente produz anticorpos que acabam atacando o organismo. Além de aliviar a dor, a injeção também diminui o inchaço, a pressão e a inflamação nas articulações.

A bula do Actemra diz que “este medicamento tem na sua composição Tocilizumabe, um anticorpo que bloqueia a ação de uma proteína responsável por causar a inflamação crônica na Artrite Reumatoide, impedindo assim o ataque do sistema imunológico aos tecidos saudáveis”, mas há possíveis efeitos colaterais. “Alguns dos efeitos colaterais podem incluir infecção respiratória, inflamação debaixo da pele com desconforto, vermelhidão e dor, pneumonia, herpes, dor na região da barriga, aftas, gastrite, coceira, urticária, dor de cabeça, tontura, aumento de colesterol, aumento de peso, tosse, falta de ar e conjuntivite”, explica o manual do remédio.

O deputado estadual Michele Caputo (PSDB) chegou a se posicionar na sessão da ALEP do dia 19, relatando que o SUS não paga pelo remédio que Nilo precisava e que os laboratórios cobram um preço que ele considerou abusivo. O deputado ainda prometeu sugerir que o governador Ratinho Junior (PSD) proponha ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que a peça seja incorporada aos medicamentos do SUS. Mas enquanto isso não ocorre, iria sugerir que a Secretaria de Estado da Saúde (SESA) compre o produto e garanta a distribuição, devido às dificuldades de acesso ao fármaco.