Idosos passam a morrer menos no Paraná; números entre jovens aumentam


Por Redação Publicado 03/05/2021 às 05h00 Atualizado 16/02/2024 às 01h03

Por Brayan Valêncio e Dieneffer Santos

Dados dos cartórios paranaenses registram uma mudança na tendência de morte dos últimos meses, diminuindo em 72% o número de idosos com mais de 90 anos que morreram nos primeiros 15 dias de abril, em comparação com os outros meses da pandemia. Ou seja, se consideramos que se em meses anteriores morriam quatro idosos na faixa-etária acima dos 90, agora apenas um entra em óbito.

Por outro lado, desde fevereiro o cenário começou a mudar entre a população de 20 aos 59 anos.  Com registro de aumento de mais de 70% entre a população considerada não-prioritária, a situação deve se normalizar quando esse grupo começar a ser vacinado, já que a variante P.1, descoberta no Amazonas, se mostrou mais contagiosa e letal.

Os dados divulgados, pelo Instituto do Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Paraná (Irpen-PR), detalham que o aumento da morte dos mais jovens teve início em fevereiro, com elevação em março, que se manteve no mesmo patamar na primeira quinzena de abril, data semelhante ao da proliferação exponencial da variante brasileira do novo coronavírus.

Elizabete Regina Vedovatto, presidente do Irpen-PR, destaca a importância da transparência dos dados da pandemia.

“É pelo Portal da Transparência que temos as informações mais fidedignas da real situação que reflete a pandemia. Através das informações que os cartórios repassam diariamente, temos como mensurar a gravidade deste momento. Os dados refletem a necessidade de se ter conscientização para passarmos por isso”, explica.

As informações, retiradas do Portal da Transparência do Registro Civil, base de dados abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos, demonstram que, em março, o estado alcançou o maior índice de mortes já registrado: 52% das mortes naturais (mortes por doença) em um mesmo mês por Covid-19. Dados iniciais de mortes pelo vírus SARS-CoV-2 em abril, já superam o número de nascimentos em alguns municípios do Paraná. Os números completos para o mês de abril devem ser divulgados ao longo da semana.

A população acima dos 90 anos, grupo já imunizado com as duas doses, viu a taxa de mortalidade reduzir em ¾ do total, se comparado com meses anteriores (Foto: Geraldo Bubniak/AEN)

Vacinação salva vidas

Com a vacinação em massa dos grupos acima de 60 anos no Paraná, o reflexo da diminuição de morte dos mais idosos é a demonstração de que a volta à normalidade é uma questão de tempo. Buscando retornar hábitos, abrir o comércio e permitir maior contato social, as prefeituras do litoral já vacinaram cerca de 20% da sua população, número acima da média do estado, no geral.

Os dados, divulgados pelo ranking de vacinação do Paraná, mostram que o município com mais percentual de população vacinal do litoral é Pontal do Paraná, tendo 24,33% dos munícipes com, pelo menos, uma dose tomada. Foram 5.090 aplicações. Matinhos teve 5.821 doses aplicadas, mas apesar de aplicar mais doses que Pontal, o município alcançou o número de 19,78% de vacinados. A variação se deve ao fato de que há nove mil pessoas a mais em Matinhos que estão aptas a tomar a imunização.

A ordem de percentual vacinado no litoral passa por: Antonina, com 20,03% da população que tomou, ao menos, uma dose (3.783 doses), Guaraqueçaba com 19,39% de vacinados (1.526 doses), Guaratuba que já atingiu 18,35% de vacinas aplicadas (5.889 doses), Morretes já imunizou 14,85% das pessoas (2.334 doses) e Paranaguá com apenas 13,54% de imunizados, mesmo tendo aplicado mais imunizantes (19.023 doses). O déficit de Paranaguá também se deve ao fato de que a população possível de se vacinar, da cidade-mãe do estado, é muito maior que suas vizinhas.

Vulneráveis não pagam funeral

O Projeto de Lei 2463/20, da Câmara dos Deputados, defende “funeral digno” para pessoas sem condições de arcar com os valores da morte por Covid ou suspeita de um ente. O pagamento dos serviços funerários ficará sob a responsabilidade dos serviços de assistência social locais. A reportagem tentou contato com as funerárias de Paranaguá no último mês, mas não conseguiu retorno sobre se houve aumento no índice de vendas de caixões na cidade e realizações de velórios.

Apesar disso, os dados divulgados no dia 01 de maio, pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA), demonstram que a regional do litoral é a segunda no ranking de coeficiente de morte (por 100 mil habitantes), ficando atrás apenas de Foz do Iguaçu. Já foram confirmados mais de 17 mil casos de contaminação e 328 óbitos no município.

O prefeito Marcelo Roque (Podemos) instituiu o decreto nº 2010/2021 em janeiro, em que adota medidas complementares para a prestação do serviço funerário na cidade de Paranaguá, como medida preventiva contra o coronavírus. As regras detalham a forma de trabalho que as funerárias devem seguir e o que pode ou não na realização de protocolos de mortes pelo vírus.

Entre outras ações, a regulamentação orienta as funerárias que “os casos envolvendo óbitos suspeitos ou confirmados por coronavírus (Covid-19), devem ter, obrigatoriamente, o caixão fechado pela funerária e as tarraxas retiradas, não podendo mais ser aberto”. Outras medidas discutem o formato de translado de restos mortais e a proibição de procedimentos de conservação dos corpos.