1º Festival Afro Latino Tereza de Benguela acontecerá em Paranaguá

No dia 23 de julho, acontecerá o 1º Festival Afro Latino Tereza de Benguela, na Estação Ferroviária, em Paranaguá. O evento gratuito acontece a partir das 14h e será uma comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e Dia Nacional da Mulher Negra e de Tereza de Benguela, celebrado em 25 de julho.

Durante a ação, também haverá o “Espaço de Beleza Afro”, onde o público poderá fazer tranças nagô gratuitamente e, na área externa da Estação Ferroviária, ocorrerá uma feira com barracas de artesãs negras do Litoral, praça de alimentação e yoga. A organização do Festival é a Cia Rainha Maçã, através da idealização da produtora parnanguara Joice Cardoso.

“O Festival vem mostrar à população que a cultura afro é muito mais que violência e sofrimento, que eles são descendentes de reis e rainhas e trazem consigo essa ancestralidade rica de beleza e costumes. É um importante marco para que nossa população, que terá acesso a essas informações, reconheçam como a cultura negra é linda e deve ser valorizada e respeitada”, diz Joice Cardoso.

Ela ainda destaca que o evento será uma oportunidade de autoconhecimento para a população negra de Paranaguá. De acordo com ela, apenas 3% dos parnanguaras se autodeclaram negros, mas o número não reflete a realidade. “Os números são diferentes e isso acontece por falta de reconhecimento e representatividade”, comenta.

Com cunho social, a programação prevê arrecadação de alimentos não perecíveis que, posteriormente, serão doados para quilombos e aldeias indígenas pelo Litoral. Além disso, antecedendo a data, a equipe de organização, composta por negros, pardos e latinos, promoverá lives no perfil oficial no Instagram do evento. Clique aqui para acessar.

Mulheres negras são as mais atingidas pela violência

No Brasil, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra foi instituído pela Lei Federal 12.987/2014. Tereza de Benguela foi uma importante liderança quilombola na região da fronteira do Mato Grosso com a Bolívia, liderou a resistência contra o governo escravista e coordenou as atividades econômicas e políticas do Quilombo.

Joice explica que, dentro e fora do país, a população negra é umas das mais atingidas pela violência, principalmente as mulheres. No ano de 2020, no Brasil, a cada três mulheres mortas pelo feminicídio duas eram negras.

No “Atlas da Violência”, as mulheres negras correspondem a 66% das que são assassinadas, fora outros tipos de violência como a doméstica, obstétrica, entre outras. Os dados mostram que, ainda hoje, a mulher negra é uma das principais vítimas da opressão.