A falta de chuva, ao contrário de outros setores, auxilia na movimentação portuária


Por Redação Publicado 07/06/2021 às 04h01 Atualizado 16/02/2024 às 04h32

Por Karla Brook

Diferente do que acontece no campo, o período de estiagem, o qual o Paraná enfrenta, favorece grande parte dos trabalhos logísticos portuários, nos portos brasileiros. Assim sendo, Paranaguá e Antonina não fogem à regra. Isso porque, em dias com quaisquer indícios de chuva, a movimentação de carga de granéis sólidos, desde grãos, farelos, açúcar, fertilizantes em geral, carvão e celulose, por exemplo, que é embarcada ou descarregada, pelos portos paranaenses, fica impossibilitada.

Os produtos de origem vegetal e mineral não podem ter nenhum contato com a água. No entanto, eles são descarregados no porão dos navios a céu aberto, ou seja, todas as vezes que chove, as operações são paralisadas.

Historicamente, nós temos um registro de até dez dias no mês, em horas alternadas, cuja soma dá esse tempo, de porão fechado devido às chuvas. Nesse sentido, a chuva atrapalha nossa produtividade que, consequentemente, reduz. Com isso, toda a cadeia logística precisa ser gerenciada pelo motivo do porto não poder carregar os navios, por conta das condições climáticas”, explica o diretor operacional da empresa pública Portos Paraná, Luiz Teixeira da Silva Junior, que há 40 anos trabalha com essa realidade portuária.

O terminal de contêineres e os líquidos inflamáveis não sofrem prejuízos logísticos na movimentação. Faça chuva ou sol, eles podem ser movimentados, pois são protegidos pela caixa metálica, o que não deixa a água da chuva atingir os produtos.

UM DIA DE CHUVA NO PORTO: GRANDE PREJUÍZO

“Em um dia de chuva, ou de qualquer garoa mínima, a gente deixa de carregar em torno de 100 toneladas nos portos. E, com isso, toda a logística de transporte é prejudicada, começando pelas indústrias que estão esperando o produto que entra pelo porto, no caso de importação, os caminhoneiros, os profissionais da linha férrea e o consumidor final, mas principalmente o trabalhador portuário da ponta, o qual se não carrega, não ganha”, relatou Teixeira.

O morador de Paranaguá, o estivador João Fernando da Luz, de 63 anos, há quase quatro décadas trabalha como operador de máquinas de movimentação, no porto parnanguara, pelo Sindicato dos Estivadores de Paranaguá e Pontal do Paraná (Sindestiva). Para ele, que exerce a função há 39 anos, a tecnologia é a grande responsável para que a preocupação dos Trabalhadores Portuários Avulsos (TPAs) com dias chuvosos fossem diminuídos no decorrer dos anos.

“A influência das condições do clima, nos nossos trabalhos no porto, mudou muito com o passar dos anos, devido aos avanços tecnológicos. Hoje, grande parte da nossa carga é conteinerizada, mas ainda embarcamos sacarias que não podem molhar e, isso, ainda gera uma certa preocupação, quando o tempo fecha, pois precisamos parar os trabalhos, mas tudo volta à normalidade de uma forma mais rápida do que anos atrás”, relatou o TPA.