‘A representatividade da mulher negra’ é tema de seminário realizado na Câmara de Paranaguá, nesta sexta (25)


Por Luiza Rampelotti Publicado 23/11/2022 às 17h32 Atualizado 17/02/2024 às 22h22

Na sexta-feira (25), a Câmara de Paranaguá recebe o seminário ‘A Representatividade da Mulher Negra’, a partir das 14h30. O evento é uma celebração ao Dia da Consciência Negra (20).

Promovido pela Procuradoria Especial da Mulher (PEM) da Câmara, o seminário contará com a presença da deputada federal eleita Carol Dartora (PT), primeira vereadora negra de Curitiba e primeira deputada federal negra eleita pelo Paraná; Roseli Freitas, representante do Conselho Municipal de Promoção e Igualdade Racial de Paranaguá; e Matsuko Mori, presidente do Conselho Municipal de Direitos da Mulher de Paranaguá.

Além das palestras que abordarão a temática da representatividade da mulher negra em espaços de poder, o evento terá a apresentação musical da cantora Toia Joia.

Para a presidente da Procuradoria Especial da Mulher, vereadora Vandecy Dutra (PP), o seminário vai de encontro à importância de se construir uma sociedade mais igualitária. “Falar de maneira incessante sobre as desigualdades é uma das formas de trazer preconceitos à tona e, assim, pensar nas políticas públicas e nas ações individuais que compreendem o racismo como fenômeno estrutural de nossas sociedades e que precisa ser enfrentado”, diz.

Ela ressalta que, nesse sentido, a PEM se propõe a contribuir com as lutas antirracistas, por meio do evento em questão, “pensado e desenvolvido por mulheres negras e não negras, para fomentar o debate em um espaço que aporte discussões para contribuirmos com o processo de superação do racismo e das desigualdades de gênero”.

O Brasil é racista

O JB Litoral também conversou com Matsuko Mori, que explica que ‘o racismo permeia toda a estrutura da sociedade’. Em sua opinião, não existe democracia racial no Brasil.

O Brasil é extremamente racista e violento com os negros. Vemos isso diariamente nos noticiários, que informam que as pessoas negras são executadas por forças policiais, são humilhadas em lojas, acusadas de furtos, inclusive há falas racistas por parte de educadores, professores e professoras nas escolas e CMEIs, e também nos serviços de saúde”, lamenta.

Ela destaca que é nesse contexto que a importância de um seminário para tratar sobre a representatividade da mulher negra se sobressai. “A mulher negra é a que está na base da pirâmide social e que sofre mais devido às consequências de todo o racismo, a misoginia, o machismo e a discriminação social. Inclusive, em termos de violência física e de feminicídio, são as que mais sofrem em relação às mulheres não negras”, comenta.

Matsuko ainda avalia que, neste momento, onde há uma polarização na sociedade devido à política, com ataques a democracia, também existe o aumento do racismo contra negros e preconceito contra os nordestinos – praticados e incentivados pela extrema direita. “Isso é preocupante”, diz.

O Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, bem como o Conselho Municipal de Igualdade Racial e toda a sociedade, precisa estar atento em defesa dos direitos de toda a população, contra o racismo e contra a violência contra as mulheres. Lembrando que o dia 25 de novembro é o Dia Internacional de Eliminação da Violência contra as Mulheres”, conclui.